domingo, 29 de janeiro de 2012


Livre tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt, 1884 . Filosofia grega . Escola Eleática

por Mauricio Antonio Veloso Duarte, quinta, 26 de Janeiro de 2012 às 18:29
A Escola Eleática

                Os primeiros metafísicos entre os gregos foram os da escola Eleática.  Eles foram os primeiros a duvidar da realidade da matéria e sentirem a dificuldade de distinguir entre conhecimento e ser, pensamento e existência.  Os jônicos evidentemente assumiram a realidade do fenomenal.  Os pitagóricos tomaram a realidade da mente ou do pensamento como a substância da matéria.  Os eleáticos eliminaram a dualidade, concernindo a identidade do pensamento e da existência.
                A transição de Pitágoras para a Escola Eleática foi fácil.  A realidade do fenomenal é, em algum senso, admitida, mas estamos sem um certo critério de conhecimento da sua existêcia.  A razão nos mostra o Um e isso deve ser absoluto e eterno.  Xenophanes, o fundador do eleaticismo não nega, a escassamente talvez duvidada, realidade da matéria.  Ele viu a contradição entre o veredicto da razão e os ensinamentos da experiência.  O Um resolveru toda a existência em uma unidade – uma essência eterna, impenetrável e imutável – enquanto os sentidos proclamaram a existência do agregado.  A realidade de ambos, ele admite, não seria nem entendido e nem explicado através do modo da reconciliação.  “Levantando seus olhos até a imensidade do céu” diz Aristóteles, “Xenophanes declarou que o Um é Deus.”  Mas ele perguntou se o Um é Deus, o que dizer dos deuses de Homer e Hesiod?  Se Deus é um ser infinito, qual a base para descrever a ele as ações tolas dos homens; o quão idiota é, supor que ele é como eles mesmos, que tem a sua voz, a sua forma e a sua figura.  Se uma ovelha ou um leão estão ligados a Deus, eles estão ligados a ele como eles mesmos.  Se ele tem mãos e dedos como os nossos, eles darão a ele uma imagem e uma forma como a dele próprio.  Mas isso é Deus apenas finitamente considerado, Deus descrito como foi criado pela mente.  Ele que é Deus deve ser um ser não criado por nós.  Ele não é nada finito.  Ele é o infinito; não o infinito como uma abstração, por isso, seria como o finito podendo ser apenas uma forma das nossas mentes.  Ele é o ser infinito, independente de todos os nossos pensamentos e de todas as nossas concepções de finito ou infinitude.  Diferente dos homens em forma exterior; diferente também, em mente e pensamento.  Ele é sem partes ou órgãos, mas ele é todo sinal, todo ouvidos e todo inteligência.  Ele é pré-eminentemente ser e o único ser verdadeiro.  O que quer que realmente exista, ele é ele mesmo e ele é tudo o que existe de imutável e eterno.  Nada pode vir do nada.  O que quer que seja deve vir dele.  O produzido é, então, idêntico com o que ele produz.  Se não, alguma coisa veio surgindo que não está na causa que surgiu.  Isso é absurdo e além do mais, diz Xenophanes, tudo o que é realmente o ser é Deus.  Ele é um e todas as coisas.  Parmenides não tira os olhos da imensidade do céu para ver o Um.  Ele não acredita nas representações dos sentidos.  Tudo o que é meramente aparência, ilusão, tornar-se, fica a parte, ser e não-ser, mudança de lugar e vicissitude de circunstância – tudo o que os homens geralmente põe como realidade, são meros nomes.  O que quer que seja, não pode ser nada produzido.  Ele não pode estar em partes e em partes produzido.  Se há um ser uma vez ou ainda há de ser, então não é.  Uma existência que venha a ser ou que se torna, que implica uma pré-existência de não-existência leva embora toda a idéia de ser, então, esse ser deve ter existido sempre ou nunca.  Os sentidos revelam o agregado, mas isso é só decepção.  Através do puro ser em nós, estaremos idênticos a esse ser.  Isso é o oposto do agregado e do mutável que, inclusive não existe e, além do mais, não pode ser objeto do pensamento.  Todas as coisas que realmente existem são um e essa existência é sem mudanças.  Ela pervarde todo o espaço.  Esse um não é o agregado coletado como revelado pelos sentidos, mas o substrato que é a fundação e a realidade de toda aparente existência.  Parmenides não chama isso de Deus.  Sua filosofia é uma ciência do ser e do saber.  Ele rejeita a existência do muitos: enquanto ele é compelido a considerar como existente de algum modo.  Existe na representação sensualística.  Todos os homens percebem como existente.  Parmenides deve, de qualquer modo, fazer um esforço para explicar como o mundo do fenomenal tem sua aparente existência.  Ser e não-ser colocam-se como estivessem um contra o outro a despeito do filósofo.  Ele nega que o último seja alguma coisa e ele tem que tratá-lo como se fosse alguma coisa.  Deve haver um primeiro Um na multitude dos seres.  Todas as coisas que participam subsistem em outras que participam nele.  Então, há um progresso entre ser do qual não pode ser participado.  Isso é a mais profunda unidade ou simplesmente o ser é um ou muitos; mas na ordem dos seres essa multitude é oculta e caracterizada pela natureza do Um.  Desde que ocorre uma mônada primeira em todo lugar da multitude, nós temos que pôr em suspenso todos os seres vindos da própria mônada.  Nas almas, a mônada das almas é estabelecida numa ordem mais antiga do que a multitude das almas e sobre isso, todas elas são como um centro, convergindo, almas divinas em primeiro lugar, seus atendentes depois e, após, seus co-atendentes como diz Sócrates  no Phaedrus.  Além disso, a mônada de todos os seres é primeira a todos os seres e Parmênides chama-a de o Um. 
                Zeno e Melissus anularam essa ligeira dualidade entre o Um e o agregado.  Eles o fizeram, mostrando que nenhum conhecimento poderia ser derivado dos sentidos; que a própria concepção de ser do agregado não poderia existir e, além disso,  a crença na sua existência foi contraditória e absurda.  Zeno manteve a não-existência do fenomenal.  Seu argumento foi que, dividindo a matéria, nós temos que pensar num estágio em que a divisibilidade seja possível, onde o sujeito da divisão torna-se um ponto matemático, que não tem existência real e todas as experiências encontradas sejam contraditórias, onde nenhuma realidade objetiva possa ser deduzida daquilo.  O único modo de certeza no conhecimento é estabelecer as conclusões da razão pura e explicar o fenomenal como uma mera ilusão dos sentidos.
                “Nós não podemos” diz Melissus “determinar a quantidade do que quer que seja sem tomar como garantida a sua existência.”  “Mas isso que é real, não pode ser finito, tem que ser infinito, não em espaço mas em tempo.”  Isso acontece todo o tempo e sempre será assim.  A multiplicidade das coisas mutáveis que os sentidos revelam, pode ser apenas uma decepção.  A aparência está em nós: a realidade está em nenhum lugar.  Se as coisas aparentes realmente existem, elas não podem mudar.  Um o quê ainda se mantém, o que na realidade do ser que quer que seja representado aos nossos sentidos ou o que quer que as condições subjetivas e circunstâncias da representação sejam.

Livre tradução: grego Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Grau Héstia da Ordem dos Gregários
Neossanyasin
Membro da Ordem do Triângulo Dourado
Membro da Universal Pantheist Society

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