sábado, 16 de março de 2013

Horta Terapia


A  HORTA TERAPIA OU TERAPIA HORTÍCOLA
Horta
A cura através da jardinagem
Em tempos de crise, a jardinagem ou ainda melhor, fazer uma horta/jardim, não é só encontrar forma de produzir alimentos acessíveis e sem químicos: é, também, uma forma de conseguir cura para os males da alma e do corpo.
Uma dona de casa mais atenta resumiu assim quando o assunto é o seu jardim:
“Quando trabalho no jardim sinto-me feliz, cheia de alegria. O prazer de ver crescer as plantas e as flores é infinito”, diz uma dona de casa.
Esta mesma sensação é partilhada por milhares de pessoas em todo o mundo, talvez sem saber que enquanto colocam na terra umas sementes, transplantam um gerânio ou podam uma roseira, estão pondo em prática uma das mais antigas artes curativas. Podemos chamar de horta terapia e há relativamente pouco tempo que faz parte das ciências da saúde.
Nas últimas duas décadas, uma série de investigações têm constatado que as plantas e as atividades relacionadas com elas, já benéficas para todos, têm efeitos especialmente importantes em pessoas com incapacidades físicas e mentais. Também se tem verificado que ajudam os pacientes com doenças graves a recuperar a sua independência, a sua habilidade manual e a sua qualidade de vida.
Além disso as pessoas com dificuldades de comunicação, aprendem a expressar os seus sentimentos e a estabelecer relacionamentos partilhando dicas do cultivo das plantas.
O Dr. Benjamin Rush (1746-1813) um dos pais da psiquiatria americana declarou : “escavar a terra com as mãos tem um efeito curativo nos doentes mentais”.
Muito antes, em 1699, Leonard Maeger, autor de O Jardineiro Inglês, disse que “não há melhor forma para preservar a saúde do que passar o tempo livre no jardim”.
Hoje, há centenas de hospitais em todo o mundo que utilizam as plantas como tratamento complementar. Os terapeutas hortícolas também trabalham em escolas, centros penitenciários, lares da terceira idade e centros de reabilitação, desenvolvendo programas para melhorar o estado físico e mental, adaptados a qualquer idade e condição.
Têm sido feito programas para crianças tetraplégicas, para pessoas com mais de 90 anos, para vítimas de acidentes vasculares cerebrais, doentes de Aids, pessoas estressadas e deprimidas, etc.
Em geral, os programas consistem em envolver o paciente em todos os aspectos e fases da jardinagem e horticultura.
Algumas vezes participam na venda do produto, como um meio de estimular e melhorar a vida do participante. A escolha do tipo de plantas depende da pessoa em questão.
Por exemplo para os cegos são especialmente interessantes as plantas odoríferas ou as ervas aromáticas. Há que ter sempre em conta os cuidados que requer cada espécie antes de a escolher. E quanto às ferramentas para a jardinagem, existem desenhos no mercado adaptados a todas as incapacidades. Dado que o terapêuta hortícola tem que se especializar em Horticultura e Agricultura, em Psicologia e em Ciências Sociais e do Comportamento, está capacitado para ajudar e analisar os problemas de cada doente, assisti-lo nas suas limitações e programar um tipo de atividade que se ajuste a ele.
Segundo a Associação Americana de Terapia Hortícola, fundada em 1973, as plantas servem bem a esse papel porque “crescem e mudam, respondem aos cuidados e não julgam; estimulam a participação e os sentidos e oferecem esperança”. São capazes de elevar a auto-estima, aliviar a depressão, melhorar as funções motoras, a concentração, a motivação, a resistência no trabalho e a destreza manual daqueles que as manipulam.
Uma das pioneiras neste tema foi a escritora Ellen White. Em 1864, comentando o relato da Criação presente no livro de Génesis, escreveu: “Sendo que o que Deus tinha feito era perfeitamente belo e parecia que não faltava nada na Terra que Deus tinha criado para fazer Adão e Eva felizes, manifestou-lhes o seu grande amor plantando um jardim especialmente para eles. Numa parte do seu tempo, deviam ocupar-se da alegre tarefa de cultivar o jardim. O seu trabalho não era cansativo, antes agradável e revigorante. Este formoso jardim deveria ser o seu lar e a sua morada especial”.
Posteriormente, em 1903, a mesma autora propôs que se incorporasse a jardinagem e a agricultura nos planos de estudo do ensino secundário. No livro Educação declarou: “Para diminuir a tensão provocada pelo estudo, as atividades realizadas ao ar livre, que proporcionam exercício a todo o corpo, são muito benéficas. Nenhum tipo de trabalho manual é de maior valor do que a agricultura.”
Nos Estados Unidos, a terapia hortícola é ensinada na universidade desde os anos cinquenta. Contudo, esta disciplina é praticamente desconhecida na América Latina, com exceção da Universidade Adventista del Plata (Entre Rios, Argentina) que, seguindo as sugestões de Ellen White, a incorporou no currículo do curso de Medicina no quarto ano, incorporando o programa na cadeira de Nutrição.
É de esperar que este exemplo se estenda a outras Universidades, e que os médicos possam prescrever, para além de todo o arsenal farmacológico, os tratamentos naturais e hortícolas nas suas intervenções terapêuticas.
E agora, querido leitor que se crê saudável, porque não faz também a sua pequena horta, no quintal da sua casa ou nos vasos da sua varanda? Verá que a sua saúde e bem estar serão beneficiados e poderão ter alguns alimentos extra e saudáveis que lhe poderão ser muito úteis.
Hebhert Oliveira – Natureza Celestial  e Vida Feliz
Jardim é terapia
O contato direto com a natureza é capaz de ajudar na recuperação de doenças, estimulando a vontade de a pessoa viver e lutar. Conheça a Garden Therapy, ou hortoterapia, uma eficaz coadjuvante dos tratamentos convencionais
por Cristina Almeida
Meu querido Theo… se eu ficar aqui, o médico naturalmente poderá avaliar o que há de errado e ficará, espero, mais tranquilo em permitir que eu pinte… Me sinto forçado a pedir mais tinta, e principalmente telas. Quando eu lhe mandar os quatro quadros que estou trabalhando agora, você verá que, desde que cheguei aqui, considerando que passo a maior parte do tempo no jardim, não é tão triste…”*.
Este é um fragmento da primeira carta escrita pelo famoso pintor Vincent Van Gogh a seu irmão Theo, em maio de 1889, quando se internou voluntariamente numa Casa de Saúde da cidade de Saint Remy, em Provença (França). Após descrever seu quarto, a comida, as poucas atividades dirigidas aos pacientes e a gravidade de suas doenças, ele informava ao irmão que se sentia bem. Sofrendo de Transtorno Bipolar, Van Gogh buscava solução para seus altos e baixos. No período em que esteve ali, o ambiente que o cercava permitiu que ele produzisse 150 obras, a maioria retratando flores selvagens, oliveiras, ciprestes, incluindo o conhecido quadro, Vaso com íris. Passados 120 anos, especialistas utilizam a Garden Therapy ou hortoterapia como instrumento de cura: o objetivo é maximizar as funções sociais, cognitivas, físicas e psicológicas, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Esta  técnica combina cultura de plantas e jardinagem ativa e passiva (contemplação ou “jardim-reflexo”), e é considerada eficaz como coadjuvante das terapias convencionais. Médica e consultora especializada em Healing Gardens (Jardins da cura) da Faculdade de Agronomia e Farmácia da Universidade de Estudos de Milão, autora do livro II giardino che cura (“O jardim que cura”, Ed. Giunti, sem tradução para o português), Cristina Borghi conta que a terapia nasceu antes que a psiquiatria se tornasse uma ciência.
Entre os séculos XVIII e XIX, observouse que pacientes psiquiátricos melhoravam quando se envolviam em atividades de jardinagem em sentido amplo (cortar lenha, preparar o fogo, carpir ou realizar atividades domésticas). O contrário, ou seja, se manter inativo, piorava a saúde física e mental dos doentes.
A técnica combina jardinagem e contemplação para maximizar as funções sociais, cognitivas, físicas e psicológicas dos pacientes
MECANISMOS EM AÇÃO
A partir daí, a hortoterapia passou a ser uma alternativa útil que faz do paciente um protagonista do próprio restabelecimento. É que a terapia funciona colocando em movimento três mecanismos distintos: a interação com as plantas, a ação e a reação.
O primeiro favorece a reciprocidade a partir do médico: “Muitas vezes o profissional tem dificuldade em aproximar-se porque o doente está inserido numa realidade de desafeto, delírios e alucinações”, explica Cristina. Além disso, “a capacidade de interagir é fundamental para pessoas que sofrem com depressão, ansiedade, autismo e demência. A terapia também atenua sintomas como a pouca resistência ao estresse, falta de autoestima e vitimismo”, completa. O segundo mecanismo, a ação, mantém o doente ocupado, distraindo- o, dando-lhe segurança, e é um ótimo substituto do trabalho. Favorece a concentração, sendo também um satisfatório processo criativo.
O terceiro e último mecanismo, a reação, constitui um elemento de ligação entre o paciente e o jardim, que se estabelece a partir da resposta emotiva que uma paisagem ou uma flor suscitam. “Esse mecanismo alcança o inconsciente porque somos psicologicamente dependentes das plantas, já que elas possuem uma estabilidade dinâmica que opera por meio da mudança”, revela. Segundo Cristina, observando a natureza, aprendemos a conhecer e a enfrentar a vida. Amadurecemos e crescemos adquirindo uma compreensão das coisas indispensáveis para superar os desafios do cotidiano.
“Um jardim representa o vínculo concreto com admirá- lo, aumenta o sentido de controle da doença e estimula a vontade de viver e lutar, mesmo que a qualidade de vida esteja objetivamente ruim.” A médica lembra que os cuidados com um jardim diminuem o estresse porque permitem uma pausa que coloca a mente em estado meditativo. “O encanto da beleza age diminuindo os sentimentos negativos, acalma, leva ao otimismo, à esperança e promove a confiança na cura: um jardim corresponde ao arquétipo do Paraíso: um lugar belo, bom e encantado onde vige a harmonia. O que precisamos é exatamente disso e nada mais.”
  • Cuidar de um jardim ajuda a diminuir o estresse porque permite uma pausa que coloca a mente em estado meditativo
AS MUITAS UTILIDADES
Com tantos atributos, a hortoterapia tem sido utilizada em institutos correcionais, nos casos de dependência química ou alimentar, fisioterapias, doenças mentais, no tratamento de idosos e doentes senis, bem como entre crianças com necessidades especiais ou não. Para os mais velhos, a jardinagem possui um efeito extraordinário, pois estimula a ação e exercita a coordenação mão-olhos, melhora a capacidade motora fina, ajudando na abstração do pensamento obsessivo da perda de forças e da saúde.
“O resultado é que eles se sentem não só úteis e produtivos, mas menos tristes e solitários.” Nas doenças crônicas, degenerativas ou invalidantes, quando a resposta aos remédios é insatisfatória, a terapia torna a vida mais agradável: “Mesmo que o doente não se cure, ele se sentirá melhor, mais relaxado”, completa Cristina. A terapia pode ter também ação preventiva porque atividades ao ar livre pressupõem uso dos músculos e cérebro, exposição aos benefícios do sol e ar puro. Assim, é uma boa alternativa contra as doenças típicas da cidade: obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, osteoporose e câncer.
Aliás, para obter resultados clinicamente relevantes para as doenças coronárias bastam 225 minutos de jardinagem por semana, conforme concluiu um estudo feito por Carl J. Caspersen, e publicado no American Journal of Epidemiology.
BEM-ESTAR FÍSICO E MENTAL
Indagada sobre como e em quanto tempo as pessoas reagem à terapia, Cristina responde que a maioria encontra conforto em contato com a natureza: “Mas mesmo esta pode surtir alguma resistência naqueles que não estão prontos para despertar o médico que existe em cada um de nós”.
Quanto à questão do tempo, a médica diz que é difícil saber, pois cada um é único e tudo depende da gravidade da doença, sua duração, além da forma como a pessoa reage afetivamente. “Funciona mais ou menos como numa terapia farmacológica: a diferença é que tomar remédios desresponsabiliza o doente.”
E pondera: “Muitas vezes, uma pessoa adoece porque se sente insatisfeita com a própria vida e deseja encontrar uma cura milagrosa, rápida e eficaz que não existe. Sem esforço e trabalho constantes não se chega a lugar algum. Todos nós precisamos nos ocupar da nossa recuperação, pois a equação ‘terapia = remédio’ não é válida. Seria muito simples tomar uma pílula e ficar bem. Porém tudo na vida é conquistado com sacrifício, até mesmo o bem-estar físico e mental”, conclui a especialista
VERDES HOSPITAIS
Comentando sobre a importância das áreas verdes nos hospitais, Cristina Borghi revela que estudos multidisciplinares, destacando o trabalho do arquiteto Roger Ulrich, da Universidade Texas A&M (EUA), confirmam os benefícios terapêuticos pós-operatórios para pacientes que puderam apreciar o verde da janela de seus quartos. Especializada em Ciências Ambientais e Healing Gardens, a professora da Universidade de Estudos de Milão, Sara Pasqui, confirma que “o ambiente influencia os comportamentos das pessoas e as formas de relacionar, a qualidade do próprio serviço, a criatividade e a eficiência do pessoal”.
No caso dos hospitais, acrescenta, a situação pode ser bastante difícil porque o tipo de trabalho ali desenvolvido, por si só, é bastante difícil e, por isso, “todas as equipes estão sujeitas ao exaurimento, perda de controle e altas taxas de demissões”. “Infelizmente, a situação é agravada pela falta de espaços verdes pensados para possibilitar breves momentos de pausa e distração, retomada do autocontrole e abstração do contato diário com a morte e o sofrimento alheios”, explica.
Conforme Sara, para os pacientes, “o efeito terapêutico do verde é facilmente mensurável por indicadores que descrevem suas condições físicas (pressão sanguínea, presença de infecções, nível das funções motoras etc.), bem como pela superação de alguns problemas psicológicos devidos à carga de estresse a que estão submetidos”. E esclarece: “Geralmente esses estados são causados pelo isolamento do mundo familiar e dos amigos, pela incompreensão dos jargões médicos e o temor diante dos procedimentos, além da impossibilidade de ter informações sobre sua própria condição”.

quarta-feira, 6 de março de 2013

A mente e o Sistema Imunológico.


A mente e o Sistema Imunológico.

Estados mentais negativos enfraquecem os linfócitos T e causam sofrimento. É o que acontece quando a pessoa está deprimida, zangada, abatida, negativa, desiludida, fracassada, acabrunhada, debilitada, diminuída, desanimada, triste.

Quando alguém sente raiva, por exemplo, esse estímulo chega ao cérebro e leva-o a produzir a hormônio errada, ou seja, a adrenalina. Esta enfraquece os linfócitos T. Os glóbulos brancos, sob o comando dos linfócitos T, são os encarregados da autodefesa do organismo. Se esse exército for dizimado, as doenças progridem e proliferam.

Pense comigo: se você está doente, o seu sistema imunológico está enfraquecido; caso contrário, o sistema imunológico impediria a doença. Isso significa que você precisa urgentemente de fortalecer os linfócitos T. Ora, se você se entrega ao desânimo, ao stress, ao abatimento, ao negativismo, além de não fortalecer o exército de defesa do organismo, está a debilitá-lo ainda mais.
Se uma pessoa, por exemplo, sofre de cancro ou de sida, é evidente que o seu sistema imunológico não funciona, pede socorro, está combalido.

Você fortalece-o pela alegria, pela fé, pela força de vontade, pela expectativa de cura, pelo Ânimo, pela autoconfiança, pela oração ou mentalização da saúde, pela imaginação positiva, pela Força Interior, pela palavra criadora, enfim pelos estados mentais positivos e saudáveis. Mas se, pelo contrário, você se fecha em si mesmo, desiludido da cura, decepcionado com a doença, descrente de qualquer método de cura, revoltado contra si, contra Deus e contra o mundo, renitente a qualquer esforço benéfico, trancado no seu quarto escuro, estará a retirar todas as condições para que a mente e o corpo lutem pela sua cura.

Eu tenho visto pessoas ultrapassarem o cancro e a sida até o dia em que caíram no desânimo total. Aí a derrocada foi rápida. O médico norte-americano John Diamond escreveu, em 1979, que «os pensamentos odiosos e destrutivos podem esvaziar a nossa energia vital (thimos) e os pensamentos criativos e cheios de amor podem aumentá-la».

Diz a revista Visão, em artigo sobre Medicina: «É imenso o número de pessoas que têm a saúde comprometida por choques emocionais causados pela não realização de um sonho ansiosamente aguardado, pelo desgosto com a morte de um parente ou pela aproximação de exames ou entrevistas. É menor, porém igualmente elevado, o número dos que não chegam a ter a saúde abalada, nem vêm a morrer em função dessas emoções mal administradas, mas que ficam temporariamente paralisados por problemas estomacais, intestinais, cardíacos, dermatológicos e por outras desordens orgânicas mal explicadas.» (29/06/88).

Aqui é bom informá-lo de que não é uma simples emoção negativa ou positiva, bem como não é apenas uma esporádica mentalização positiva ou imaginação pessimista, que vai acarretar, desde logo, uma catástrofe orgânica ou doença. Assim como uma pedra só não destrói nem constrói uma casa, não são momentos esparsos e casuais de pensamentos ou sentimentos negativos ou positivos que vão produzir uma realidade mental e orgânica. Não é, pois, uma emoção e sim um estado emocional que vai produzir uma realidade benéfica ou maléfica na mente e no corpo. Não é um pensamento apenas que vai modificar o seu ser, mas um estado mental. Não é uma meditação que vai mudar a sua vida, mas a realidade mental assimilada e vivenciada.

Não esqueça, porém, que de pedra em pedra se faz uma montanha, de tijolo em tijolo se faz uma casa, de grão em grão de areia se faz uma praia, de gota em gota se faz um oceano.
No meu livro «O Poder Infinito da Sua Mente», escrevi: «Como o corpo reage aos estímulos da mente, se você mantém pensamentos de tristeza, mágoa, inveja, ódio, raiva, depressão, angústia, carência, solidão, egoísmo, vingança, ciúmes doentios, malquerença, pessimismo, discórdias, ganâncias, avareza, orgulho, nervosismo, aflição, preocupação, desilusão, fracasso, desamor, descrença - esses pensamentos produzem desajustes e desarmonias no corpo e daí nascem as doenças.»

Você tem uma energia mais do que atômica dentro de si e pode usá-la para se destruir ou para construir uma vida saudável e rica.

Trecho do livro "Pode quem Pensa que Pode", de Lauro Trevisan
— com Edina Maria.

MUSICOTERAPIA

MUSICOTERAPIA
Células tumorais expostas à "Quinta Sinfonia", de Beethoven, perderam tamanho ou morreram

Mesmo quem não costuma escutar música clássica já ouviu, numerosas vezes, o primeiro movimento da "Quinta Sinfonia" de Ludwig van Beethoven. O "pam-pam-pam-pam" que abre uma das mais famosas composições da História, descobriu-se agora, seria capaz de matar células tumorais - em testes de laboratório. Uma pesquisa do Programa de Oncobiologia da UFRJ expôs uma cultura de células MCF-7, ligadas ao câncer de mama, à meia hora da obra. Um em cada cinco delas morreu, numa experiência que abre um nova frente contra a doença, por meio de timbres e frequências.

A estratégia, que parece estranha à primeira vista, busca encontrar formas mais eficientes e menos tóxicas de combater o câncer: em vez de radioterapia, um dia seria possível pensar no uso de frequências sonoras. O estudo inovou ao usar a musicoterapia fora do tratamento de distúrbios emocionais.


Esta terapia costuma ser adotada em doenças ligadas a problemas psicológicos, situações que envolvam um componente emocional. Mostramos que, além disso, a música produz um efeito direto sobre as células do nosso organismo - ressalta Márcia Capella, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, coordenadora do estudo.

Como as MCF-7 duplicam-se a cada 30 horas, Márcia esperou dois dias entre a sessão musical e o teste dos seus efeitos. Neste prazo, 20% da amostragem morreu. Entre as células sobreviventes, muitas perderam tamanho e granulosidade.

O resultado da pesquisa é enigmático até mesmo para Márcia. A composição "Atmosphères", do húngaro György Ligeti, provocou efeitos semelhantes àqueles registrados com Beethoven. Mas a "Sonata para 2 pianos em ré maior", de Wolfgang Amadeus Mozart, uma das mais populares em musicoterapia, não teve efeito.

Foi estranho, porque esta sonata provoca algo conhecido como o "efeito Mozart", um aumento temporário do raciocínio espaço-temporal - pondera a pesquisadora. Mas ficamos felizes com o resultado. Acreditávamos que as sinfonias provocariam apenas alterações metabólicas, não a morte de células cancerígenas.

"Atmosphères", diferentemente da "Quinta Sinfonia", é uma composição contemporânea, caracterizada pela ausência de uma linha melódica. Por que, então, duas músicas tão diferentes provocaram o mesmo efeito?

Aliada a uma equipe que inclui um professor da Escola de Música Villa-Lobos, Márcia, agora, procura esta resposta dividindo as músicas em partes. Pode ser que o efeito tenha vindo não do conjunto da obra, mas especificamente de um ritmo, um timbre ou intensidade.

Quando conseguir identificar o que matou as células, o passo seguinte será a construção de uma sequência sonora especial para o tratamento de tumores. O caminho até esta melodia passará por outros gêneros musicais. A partir do mês que vem, os pesquisadores testarão o efeito do samba e do funk sobre as células tumorais.

Ainda não sabemos que música e qual compositor vamos usar. A quantidade de combinações sonoras que podemos estudar é imensa - diz a pesquisadora.

Outra via de pesquisa é investigar se as sinfonias provocaram outro tipo de efeito no organismo. Por enquanto, apenas células renais e tumorais foram expostas à música. Só no segundo grupo foi registrada alguma alteração.

A pesquisa também possibilitou uma conclusão alheia às culturas de células. Como ficou provado que o efeito das músicas extrapola o componente emocional, é possível que haja uma diferença entre ouví-la com som ambiente ou fone de ouvido.

Os resultados parciais sugerem que, com o fone de ouvido, estamos nos beneficiando dos efeitos emocionais e desprezando as consequências diretas, como estas observadas com o experimento - revela Márcia.


Fonte: O Globo - Renato Grandelle http://oglobo.globo.com/
Células tumorais expostas à "Quinta Sinfonia", de Beethoven, perderam tamanho ou morreram

Mesmo quem não costuma escutar música clássica já ouviu, numerosas vezes, o primeiro movimento da "Quinta Sinfonia" de Ludwig van Beethoven. O "pam-pam-pam-pam" que abre uma das mais famosas composições da História, descobriu-se agora, seria capaz de matar células tumorais - em testes de laboratório. Uma pesquisa do Programa de Oncobiologia da UFRJ expôs uma cultura de células MCF-7, ligadas ao câncer de mama, à meia hora da obra. Um em cada cinco delas morreu, numa experiência que abre um nova frente contra a doença, por meio de timbres e frequências.

A estratégia, que parece estranha à primeira vista, busca encontrar formas mais eficientes e menos tóxicas de combater o câncer: em vez de radioterapia, um dia seria possível pensar no uso de frequências sonoras. O estudo inovou ao usar a musicoterapia fora do tratamento de distúrbios emocionais.


Esta terapia costuma ser adotada em doenças ligadas a problemas psicológicos, situações que envolvam um componente emocional. Mostramos que, além disso, a música produz um efeito direto sobre as células do nosso organismo - ressalta Márcia Capella, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, coordenadora do estudo.

Como as MCF-7 duplicam-se a cada 30 horas, Márcia esperou dois dias entre a sessão musical e o teste dos seus efeitos. Neste prazo, 20% da amostragem morreu. Entre as células sobreviventes, muitas perderam tamanho e granulosidade.

O resultado da pesquisa é enigmático até mesmo para Márcia. A composição "Atmosphères", do húngaro György Ligeti, provocou efeitos semelhantes àqueles registrados com Beethoven. Mas a "Sonata para 2 pianos em ré maior", de Wolfgang Amadeus Mozart, uma das mais populares em musicoterapia, não teve efeito.

Foi estranho, porque esta sonata provoca algo conhecido como o "efeito Mozart", um aumento temporário do raciocínio espaço-temporal - pondera a pesquisadora. Mas ficamos felizes com o resultado. Acreditávamos que as sinfonias provocariam apenas alterações metabólicas, não a morte de células cancerígenas.

"Atmosphères", diferentemente da "Quinta Sinfonia", é uma composição contemporânea, caracterizada pela ausência de uma linha melódica. Por que, então, duas músicas tão diferentes provocaram o mesmo efeito?

Aliada a uma equipe que inclui um professor da Escola de Música Villa-Lobos, Márcia, agora, procura esta resposta dividindo as músicas em partes. Pode ser que o efeito tenha vindo não do conjunto da obra, mas especificamente de um ritmo, um timbre ou intensidade.

Quando conseguir identificar o que matou as células, o passo seguinte será a construção de uma sequência sonora especial para o tratamento de tumores. O caminho até esta melodia passará por outros gêneros musicais. A partir do mês que vem, os pesquisadores testarão o efeito do samba e do funk sobre as células tumorais.

Ainda não sabemos que música e qual compositor vamos usar. A quantidade de combinações sonoras que podemos estudar é imensa - diz a pesquisadora.

Outra via de pesquisa é investigar se as sinfonias provocaram outro tipo de efeito no organismo. Por enquanto, apenas células renais e tumorais foram expostas à música. Só no segundo grupo foi registrada alguma alteração.

A pesquisa também possibilitou uma conclusão alheia às culturas de células. Como ficou provado que o efeito das músicas extrapola o componente emocional, é possível que haja uma diferença entre ouví-la com som ambiente ou fone de ouvido.

Os resultados parciais sugerem que, com o fone de ouvido, estamos nos beneficiando dos efeitos emocionais e desprezando as consequências diretas, como estas observadas com o experimento - revela Márcia.


Fonte: O Globo - Renato Grandelle http://oglobo.globo.com/