domingo, 31 de outubro de 2010

A LIÇAO DO BAMBU - Autor desconhecido

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada.
Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, Mas, uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída.

Um escritor americano escreveu:

"Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês":

você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento e às vezes não vê resultados por semanas, meses ou anos.

Mas, se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5º ano chegará, e com ele, virão crescimento e mudanças que você jamais esperava...

O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos,de nossos sonhos... especialmente no nosso trabalho, (que é sempre um grande projeto em nossas vidas)

Devemos lembrar do bambu chinês, para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão.

Tenha sempre dois hábitos: Persistência e Paciência, pois você merece alcançar todos os sonhos!!!

É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão.

Autor desconhecido

E eu complemento... Se por acaso, um lindo bambuzal for arrancado por um terrível ciclone ou furacao, por mais que demore a renascer, ele o fará, ainda maior e mais bonito, pois suas raízes sao profundas e firmes demais para serem arrancadas por simples ciclones, furacoes, tempestades, trovoes, etc...
Uma boa tarde a todos!

sábado, 30 de outubro de 2010

Desabafo de Samah Jabr, uma médica palestina.

Aquelas poucas pessoas que chegam a refletir sobre os aspectos morais, políticos e estratégicos da nossa luta, vêem-se confrontadas com a falta de perspectivas e os desgastes que o conflito causa à razão e à consciência.

Como avaliar a Resistência Palestina com o respeito e a justiça que lhe são devidos no quadro da longa história do conflito palestino-israelense?

A ocupação da Palestina tem por fundamento uma ideologia do século XIX que nega a existência de um povo. Ela seguiu uma agenda colonial fazendo valer certos "direitos divinos a uma terra sem povo".

Em resposta a esta agressão teo-colonial, a Resistência Palestina adotou a estratégia da guerra de um povo a fim de impor o reconhecimento da Palestina como uma nação desapossada, ao invés da qualidade de "nação não existente".

Ainda hoje os palestinos continuam a viver sem dispor de um Estado, nem de forças armadas. Nossos ocupantes submetem-nos a toque de recolher, a expulsões, a demolições de casas, a tortura legalizada, e a toda uma panóplia altamente elaborada de violações dos direitos do homem.

Nada pode justificar a comparação entre o nível de responsabilidade oficial à qual os palestinos estão adstritos pelas ações de alguns indivíduos, com a responsabilidade de violência sistemática e intensa contra uma população inteira, praticada com toda a impunidade pelo Estado judeu.

A imprensa americanoa chama "terrorismo" à nossa busca de liberdade, e assim o palestino é tido como o protótipo internacional do terrorista. Esta política moldou a opinião pública ocidental tendo por conseqüência, uma tomada da posição internacional concretizada na tendência a descrever as violências cometidas contra civis palestinos com uma linguagem neutra. As vítimas palestinas ficam reduzidas a simples estatísticas anônimas, ao passo que as vítimas israelenses são pintadas com palavras e imagens fortes. Esta distorção sobre a Resistência Palestina abafou qualquer diálogo razoável.

Muitos dos nossos esforços para desafiar o cruel domínio do ocupante, são reduzidos a "ameaça do terrorismo", como se devêssemos desculpar-nos permanentemente, e nós próprios condenarmos a nossa legítima Resistência; e isso apesar da ausência de definição correta do termo "terrorismo", e do fato de que o direito à autodeterminação pela luta armada é previsto e autorizado pelo artigo 51 da Carta das Nações Unidas, referente à autodefesa.

Como é possível que a palavra "terrorismo" seja aplicada tão à vontade contra os indivíduos ou grupos que utilizam bombas artesanais, e não aos Estados que empregam armas nucleares (urânio empobrecido) e outras armas proibidas, assegurando a continuada dominação do opressor?

Israel, EUA e Grã-Bretanha encontrar-se-iam, obviamente, à cabeça da lista dos Estados exportadores de terrorismo, devido às suas agressões militares contra a população civil na Palestina, no Iraque, no Sudão e alhures.

Mas "terrorismo" é um termo político de que se serve o usurpador colonialista para desacreditar aqueles que resistem, do mesmo modo que os afrikanners e os nazistas qualificavam de "terroristas" os combatentes negros sul-africanos e os partisans da Resistência francesa.

As pessoas que vivem em condições desumanas durante toda a vida são, infelizmente, capazes de atos desumanos. O que resta aos milhares de desabrigados de Rafah, senão a Resistência? Não se trata do Islã, trata-se da natureza humana, comum a homens e mulheres, religiosos, seculares e agnósticos.

Outro fator decisivo na Resistência Palestina, é a história aflitiva das sucessivas negociações de paz, e a ausência de apoio internacional.

As negociações com Israel não trouxeram senão promessas de autonomia sobre o nosso empobrecimento, sempre reforçando a vontade do poderoso, e consolidando as desigualdades como bases de uma ocupação concebida para durar. A ausência de um mediador honesto nas negociações de paz, é a coisa mais flagrante.

As Nações Unidas foram incapazes de tomar medidas para defender os direitos dos palestinos. O mundo inteiro não foi capaz de propor qualquer remédio para as inúmeras feridas que afligem os palestinos. Em muitas ocasiões Washington utilizou o seu direito de veto no Conselho de Segurança para se opor ao consenso mundial que pedia a presença de observadores internacionais na Cisjordânia e em Gaza.

O direito internacional concede a qualquer população, combatendo uma ocupação ilegal, o direito de utilizar "todos os meios à sua disposição" para se libertar, e os povos ocupados "têm o direito de procurar e de receber apoio" (cito aqui várias resoluções da ONU).

A Resistência armada foi posta em prática pela revolução americana, pela Resistência afegã contra a União Soviética, pela Resistência francesa contra os nazistas, e pelos judeus resistentes nos campos de concentração, nomeadamente no afamado gueto de Varsóvia. Da mesma forma, a Resistência Palestina é o resultado de uma situação de ocupação ilegal, e de opressão de um povo em seu conjunto. O grau de violência pode variar, pode acontecer mesmo que a Resistência seja essencialmente não violenta.

Apesar de todas as injustiças de que são objeto, os palestinos continuam resolutamente a viver, a estudar, a orar, e a cultivar as suas terras num país ocupado. Em alguns casos, eles resistem ativamente e recorrem a atos violentos. Esta Resistência violenta pode ser, ou defensiva (e portanto, no meu íntimo, moralmente correto) como a defesa por exemplo, no campo de refugiados de Jenin pelos combatentes, face ao avanço das máquinas da morte israelenses; ou tomar a forma de atos ofensivos inaceitáveis, tal como o bombardeamento de civis israelenses a festejarem a páscoa judia.

Contudo, em ambos os casos, são indivíduos que escolhem a forma de Resistência, e a escolha que eles fazem não é obrigatoriamente aquela do conjunto do povo palestino. Entretanto, como já constatamos, quer a Resistência seja violenta, ou não violenta, ela é igualmente respondida por uma deliberada e brutal violência de Estado, por parte do democrático governo israelense e do seu exército. A morte da militante pacifista americana Rachel Corrie é a prova evidente.

"Onde está o Gandhi palestino?", perguntam-se alguns. Os nossos "Gandhis" estão ou na prisão, ou no exílio, ou enterrados. Nós não somos centenas de milhões. Um povo de 3,3 milhões e sem armas, fica vulnerável face aos 6 milhões de israelenses, todos virtualmente soldados ou reservistas. Não se trata de uma colonização econômica, os israelenses praticam a depuração étnica a fim de se apossar da terra dos palestinos para o único proveito dos judeus.

Já em 1938 Gandhi contestava e repudiava os argumentos do sionismo: "Minha simpatia não me faz esquecer a necessidade de justiça; o pedido por um lar nacional para os judeus não me convence; o argumento para este lar, é baseado na Bíblia, e na cobiça com que os judeus postulam o seu retorno à Palestina; por que não podem eles, como os demais povos da terra, estabelecer o seu lar no país onde nasceram e onde ganham a sua vida?".

Gandhi repudiou claramente a idéia de um Estado judeu sobre a "terra prometida", fazendo notar que "a Palestina na concepção bíblica não é um tratado geográfico".

A Resistência violenta é o resultado de uma ocupação militar desumana que inflige arbitrariamente castigos cotidianos; que nega a possibilidade da própria existência, dos meios de subsistência e que destrói sistematicamente toda a perspectiva de futuro do povo palestino.

Os palestinos não foram à terra de um outro povo para destruí-lo, ou despojá-lo dos seus bens.

O nosso desejo não é nos fazermos explodir para aterrorizar os outros. Nós queremos que as pessoas possam ter, por direito, uma vida decente sobre a nossa terra natal.

A segurança israelense é julgada mais importante do que os nossos direitos elementares de existência; as crianças israelenses são consideradas mais humanas do que as nossas; e a dor israelense mais inaceitável do que a nossa.

Quando nos rebelamos contra as condições desumanas que nos esmagam, nossos críticos comparam-nos a terroristas, inimigos da vida e da civilização.

As leis internacionais e os precedentes históricos de numerosas nações, reconhecem o direito de uma população, quando ela se encontra sob o jugo de uma opressão colonial, a tomar armas na sua luta de libertação. Por quê a situação seria diferente no caso dos palestinos? Se é uma regra do direito internacional, não é portanto de aplicação universal?

Os americanos estabeleceram na sua constituição direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade. É essencial que o direito à vida seja mencionado em primeiro lugar. Afinal de contas, sem o direito a permanecer com vida, a proteger-se dos ataques, a defender-se, os outros direitos perderiam o sentido e a razão de ser. A lógica decorrência deste direito, é o direito à autodefesa.

Nós, palestinos, continuamos a enfrentar uma ocupação brutal expondo nossos peitos desarmados, e nossas mãos nuas. Creio no diálogo entre palestinos e israelenses, mas as negociações não bastam por si próprias: elas devem ser acompanhadas pela Resistência contra a ocupação.

Entretanto, enquanto os israelenses nos acenam com o diálogo, continuam a construir assentamentos para aqueles "colonos", e a erguer uma muralha que nos encerrará e violará ainda mais os nossos direitos.

Por quê deveríamos abandonar o nosso direito de resistir? Para continuarmos a viver sob o absurdo domínio do usurpador assassino?

Viver sob a opressão e submeter-se à injustiça, é incompatível com a saúde psicológica. A Resistência não é só um direito e um dever, é também como um remédio para os oprimidos.

Independentemente de qualquer opção estratégica ou pragmática, na Resistência reside a expressão da nossa dignidade humana.

A Resistência violenta deve ser sempre defensiva e utilizada em última instância. Entretanto, é importante distinguir os alvos aceitáveis (militares) dos alvos inaceitáveis (civis) e estabelecer limites ao uso das nossas armas. O colonialista opressor, por sua vez, não deve ficar isento destes mesmos princípios.

A história da nossa Resistência deve ser olhada e avaliada do ponto de vista do direito internacional, da moralidade, da experiência e do aspecto político, tendo em conta acontecimentos cronológicos e contextuais, concedendo o seu justo lugar aos direitos do homem, às regras internacionais, e às normas de comportamento amplamente admitidas pela comunidade internacional.

Os palestinos devem procurar alternativas não violentas e eficazes como forma de Resistência. Elas poderão persuadir os progressistas de todo o mundo a juntarem-se ao nosso combate.

Afinal de contas, a força do palestino reside na sua moralidade, nas suas virtudes humanas; cabe a nós encontrar recursos morais e humanitários a fim de proteger esta força.

A Resistência da Universidade palestina

Através da Ordenação Militar 854 (uma das milhares de ordenações do exército judeu que modificam a legislação em vigor na Palestina ocupada) é Israel quem aprova as licenças de funcionamento de todas as instituições educacionais palestinas, o que implica no controle, pelas forças de ocupação, do pessoal acadêmico, dos programas e currículos, e dos manuais de ensino das escolas.

Outro golpe que afetou gravemente o funcionamento das universidades palestinas nos territórios ocupados, foi que muitos professores considerados "estrangeiros" (em realidade palestinos com passaportes de outros países) foram intimados a assinar uma declaração, segundo a qual, "o professor compromete-se a não dar qualquer apoio à OLP". Com a veemente recusa dos professores a assinarem esse ignominioso documento, a repressão foi violenta:

Imediatamente dezoito professores foram expulsos da Universidade An-Najah, enquanto outros três que estavam em outros países, foram proibidos de voltar à Palestina; dessa maneira, a Universidade de Bir-Zeit perdeu cinco professores, e a Universidade de Bethléem perdeu outros doze.

Sempre com a finalidade de eliminar a resistência cultural palestina, a prisão de estudantes e professores, pelos motivos mais fúteis, é comum em todas as universidades palestinas.

Os estudantes e professores presos são confinados na prisão de Fara'a, no Vale do Jordão; e conforme a "Lei de urgência", ainda do período do Mandato Britânico, o preso pode ficar incomunicável por até dezoito dias, sem nenhuma acusação e sem poder avisar a família, ou indicar um advogado. O "tratamento" é absolutamente degradante, e vai desde insultos a torturas.

* Samah Jabr é médica palestina. Filha de um professor universitário e de uma diretora de colégio, foi cronista do Palestine Report de 1.999 a 2.000, com a rubrica Fingerprints. Desde o princípio da Intifada contribui regularmente com o Washington Report on Middle East Affairs e com Palestine Times de Londres. Além disso recebeu o prêmio do Media Monitor's Network pela sua contribuição sobre a Intifada, e alguns dos seus artigos foram publicados no International Herald Tribune, Philadephia Inquirer, Australian Options, The New Internationalists e outras publicações. A autora deu várias conferências no estrangeiro, nomeadamente na Universidade Fordham e no St. Peter's College de Nova York, em Helsinque e em várias universidades, mesquitas e igrejas na África do Sul.

O PODER DA PALAVRA

Recebi o texto abaixo por e-mail e lembrei de pessoas que foram seriamente afetadas em suas vidas pessoais e profissionais devido a calúnia. Elas perderam a confiança e a consideraçao das pessoas e se viram afetadas financeira e emocionalmente. Devido ao fato de ser muito difícil desmentir uma calúnia depois que ela se espalha, antes de acreditar em uma fofoca ou informaçao maldosa, verifique a quem vai beneficiar...se nao for beneficiar a ninguém, nao a receba. É uma forma de neutralizar os efeitos da maldade e da má informaçao.

Vamos ao texto: O PODER DA PALAVRA

Certa vez, um homem tanto falou que seu vizinho era ladrão, que o vizinho acabou sendo preso. Algum tempo depois, descobriram que o rapaz era inocente, ele foi solto, e, após muita humilhação resolveu processar seu vizinho (o caluniador).

No tribunal, o caluniador disse ao juiz:
- Comentários não causam tanto mal...

E o juiz respondeu:
- Escreva os comentários que você fez sobre ele num papel, depois pique o papel e jogue os pedaços pelo caminho de casa e amanhã, volte para ouvir a sentença!

O homem obedeceu e voltou no dia seguinte, quando o juiz disse:
- Antes da sentença, terá que catar os pedaços de papel que espalhou ontem!
- Não posso fazer isso, meritíssimo! - respondeu o homem - o vento deve tê-los espalhados por tudo quanto é lugar e já não sei onde estão!
Ao que o juiz respondeu:
- Da mesma maneira, um simples comentário que pode destruir a honra de um homem, espalha-se a ponto de não podermos consertar o mal causado; se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada! Sejamos senhores de nossa língua, para não sermos escravos de nossas palavras.

Moral da História: No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é, e outras que vão te odiar pelo mesmo motivo Acostume-se! Quem ama não vê defeitos. Quem odeia não vê qualidades e quem é amigo vê as duas coisas. E continua amigo!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Os verdadeiros ricos e pobres por Martha Madeiros.

OS RICOS E OS POBRES
Martha Medeiros

Anos atrás escrevi sobre um apresentador de televisão que ganhava R$ 1 milhão por mês e que em entrevista vangloriava-se de nunca ter lido um livro na vida.

Classifiquei-o imediatamente como um exemplo de pessoa pobre.

Agora leio uma declaração do publicitário Washington Olivetto em que ele fala sobre isso de forma exemplar. Ele diz que há no mundo os ricos-ricos (que têm dinheiro e têm cultura), os pobres-ricos (que não têm dinheiro mas são agitadores intelectuais, possuem antenas que captam boas e novas idéias) e os ricos-pobres, que são a pior espécie: têm dinheiro mas não gastam um único tostão da sua fortuna em livrarias, shows ou galerias de arte, apenas torram em futilidades e propagam a ignorância e a grosseria.

Os ricos-ricos movimentam a economia gastando em cultura, educação e viagens, e com isso propagam o que conhecem e divulgam bons hábitos.
Os pobres-ricos não têm saldo invejável no banco, mas são criativos, efervescentes, abertos.
A riqueza destes dois grupos está na qualidade da informação que possuem, na sua curiosidade, na inteligência que cultivam e passam adiante.
São estes dois grupos que fazem com que uma nação se desenvolva.
Infelizmente, são os dois grupos menos representativos da sociedade brasileira.

O que temos aqui, em maior número, é um grupo que Olivetto nem mencionou, os pobres-pobres, que devido ao baixíssimo poder aquisitivo e quase inexistente acesso à cultura, infelizmente não ganham, não gastam, não aprendem e não ensinam: ficam à margem, feito zumbis.

Temos os ricos-pobres, que têm o bolso cheio e poderiam ajudar a fazer deste país um lugar que mereça ser chamado de civilizado, mas que nada: eles só propagam atraso, só propagam arrogância, só propagam sua pobreza de espírito. Exemplos?
Vou começar por uma cena que testemunhei semana passada. Estava dirigindo quando o sinal fechou. Parei atrás de um Audi preto do ano. Carrão.
Dentro, um sujeito de terno e gravata que, cheio de si, não teve dúvida: abriu o vidro automático, amassou uma embalagem de cigarro vazia e a jogou pela janela no meio da rua, como se o asfalto fosse uma lixeira pública.
O Audi é só um disfarce que ele pôde comprar, no fundo é um pobretão que só tem a oferecer sua miséria existencial.

Os ricos-pobres não têm verniz, não têm sensibilidade, não têm alcance para ir além do óbvio. Só têm dinheiro.

Os ricos-pobres pedem no restaurante o vinho mais caro e tratam o garçom com desdém, vestem-se de Prada e sentam com as pernas abertas, viajam para Paris e não sabem quem foi Degas ou Monet, possuem tevês de plasma em todos os aposentos da casa e só assistem programas de auditório, mandam o filho pra Disney e nunca foram a uma reunião da escola. E, claro, dirigem um Audi e jogam lixo pela janela.
Uma esmolinha para eles, pelo amor de Deus.

O Brasil tem saída se deixar de ser preconceituoso com os ricos-ricos (que ganham dinheiro honestamente e sabem que ele serve não só para proporcionar conforto, mas também para promover o conhecimento) e se valorizar os pobres-ricos, que são aqueles inúmeros indivíduos que fazem malabarismo para sobreviver mas, por outro lado, são interessados em teatro, música, cinema, literatura, moda, esportes, gastronomia, tecnologia e, principalmente, interessados nos outros seres humanos, fazendo da sua cidade um lugar desafiante e empolgante. É este o luxo de que precisamos, porque luxo é ter recursos para melhorar o mundo que nos coube.
E recurso não é só money: é atitude e informação

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

IMPRENSA: As várias nuances de uma única notícia.

Recebi o texto abaixo por e-mal de um amigo mas sem assinatura e lembrei-me da polemica do governo brasileiro com a imprensa que considera tendenciosa... e também da prepotencia de Chavez de nao renovaçao da concessao do mais assistido canal de TV da Venezuela, a RCTV, quando eu morava lá, e que diminuiu muito sua popularidade, mesmo com um gigantesco programa assistencialista nacional, tudo isso por que agiu contra a vontade dos próprios chavistas. E pensei comigo mesma: Será que cada programa tem nuances próprias que dao tons à informaçao sem contudo comprometer o conteúdo? E no caso das preferencias políticas, o que pode ser considerado tendencioso ou apenas maneiras de abordar um fato? Omitir dados que favorecem o "outro" candidato pode ser considerado crime? E carregar na exposiçao do que o denigre é ser tendencioso?

ABAIXO REPRODUZO O texto COMICO E VERDADEIRO INTITULADO: AS DIFERENTES MANEIRAS DE CONTAR A MESMA HISTÓRIA

Se a história da Chapeuzinho Vermelho fosse verdadeira, como ela seria veiculada pela imprensa brasileira?
*Jornal Nacional*
(William Bonner): 'Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem.'
(Fátima Bernardes): '.mas a atuação de um caçador evitou a tragédia.'
*Programa da Hebe**

".Que gracinha, gente! Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?"
*Cidade Alerta*
".Onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as autoridades? A menina ia pra casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva. Um lobo, um lobo safado. Põe na tela, primo! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não!"

*Superpop*
"Geeente! Eu tô aqui com a ex-mulher do lenhador e ela diz que ele é alcoólatra, agressivo e que não paga pensão aos filhos há mais de um ano. Abafa o caso!"

*Globo Repórter*
"Tara? Fetiche? Violência? O que leva alguém a comer, na mesma noite, uma idosa e uma adolescente? O Globo Repórter conversou com psicólogos, antropólogos e com amigos e parentes do Lobo, em busca da resposta. E uma revelação: casos semelhantes acontecem dentro dos próprios lares das vítimas, que silenciam por medo. Hoje, no Globo Repórter.."

*Discovery Channel*
"Vamos determinar se é possível uma pessoa ser engolida viva e sobreviver."

*Revista Veja*
"Lula sabia das intenções do Lobo."

*Revista Cláudia*
"Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho."

*Revista Nova*
"Dez maneiras de levar um lobo à loucura, na cama!"

*Revista Isto É*
Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente.

*Revista Playboy*
(Ensaio fotográfico com Chapeuzinho no mês seguinte): "Veja o que só o lobo viu."
*Revista Vip*
"As 100 mais sexies - Desvendamos a adolescente mais gostosa do Brasil!"

*Revista G Magazine*
(Ensaio com o lenhador) "O lenhador mostra o machado."

*Revista Caras*
Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS: "Até ser devorada, eu não dava valor pra muitas coisas na vida. Hoje, sou outra pessoa."

*Revista Superinteressante*
"Lobo Mau: mito ou verdade?"

*Revista Tititi*
"Lenhador e Chapeuzinho flagrados em clima romântico em jantar no Rio."

*Folha de São Paulo*
"Lobo que devorou menina era do MST"

*O Estado de São Paulo*
"Lobo que devorou menina seria filiado ao PT."

*O Globo*
"Petrobrás apóia ONG do lenhador ligado ao PT, que matou um lobo para salvar menor de idade carente."

*O Povo*
"Sangue e tragédia na casa da vovó."

*O Dia*
"Lenhador desempregado tem dia de herói."

*Extra*
"Promoção do mês: junte 20 selos, mais 19,90 e troque por uma capa vermelha igual a da Chapeuzinho!"

*Meia hora*
"Lenhador passou o rodo e mandou lobo pedófilo pro saco!"
*Capricho*
Teste: "Seu par ideal é lobo ou lenhador?"

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Entrevista de Serra no Palácio da Alvorada

Repassando apenas...
Umaia
Reproduzo mensagem enviada pelo amigo Ermanno Allegri, do sítio da Adital, "para alegrar a segunda-feira":

1- No dia 02 de janeiro de 2011, um senhor idoso se aproximou do Palácio da Alvorada e, depois de atravessar a Praça dos Três Poderes, falou para o Dragão da Independência que montava guarda: "Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com o Presidente Serra".

O soldado olhou para o homem e disse: "Senhor, o Sr. Serra não é presidente e não mora aqui".

O homem disse: "Está bem". E se foi.

2- No dia seguinte, o mesmo homem idoso se aproximou do Palácio da Alvorada e falou com o mesmo Dragão: "Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com o Presidente Serra". O soldado novamente disse: "Senhor, como lhe falei ontem, o Sr Serra não é presidente e nem mora aqui". O homem agradeceu e novamente se foi.

3- Dia 04 de janeiro ele voltou e se aproximou do Palácio Alvorada e falou com o mesmo guarda: "Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com o Presidente Serra". O soldado, compreensivelmente irritado, olhou para o homem e disse: "Senhor, este é o terceiro dia seguido que o Senhor vem aqui e pede para falar com o Sr. Serra. Eu já lhe disse que ele não é presidente, nem mora aqui. O Senhor não entendeu?"

O homem olhou para o soldado e disse: "Sim, eu compreendi perfeitamente, mas eu adoro ouvir isso!"

O soldado, em posição de sentido, prestou uma vigorosa continência e disse: "Até amanhã, Senhor!"

Cada voto no segundo turno vale dois. Dilma-13.

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MARIO VARGAS LLOSA ENTREVISTA GIDEON LEVY :Jornalismo e censura no Oriente Médio

Reproduzo aqui interessante entrevista com alguém lúcido e corajoso...
Por Mario Vargas Llosa em 10/6/2010
Reproduzido do Haaretz, 2/6/2010; tradução de Jô Amado

Conheci Gideon Levy há cinco anos em Hebron, onde ambos tínhamos ido pelo mesmo motivo – descobrir por que algumas famílias árabes estavam sendo perturbadas por colonos israelenses. Ele é um jornalista engajado e, em seus artigos, reportagens e colunas expõe suas opiniões – normalmente críticas às autoridades e ao governo – com clareza, honestidade, talento e coragem. Eu gostaria que Gideon me ajudasse a compreender a mais contraditória e fascinante paixão do mundo atual – a sociedade israelense.

***
Você acha que apesar de suas opiniões serem em geral contra o atual status quo, ainda assim você pode se expressar livremente, enquanto jornalista, em Israel?

Gideon Levy – Com certeza que sim. Não quero cometer exageros porque o fato de me poder manifestar livremente deveria ser uma questão de princípio. Não deveria ser uma coisa do outro mundo porque nós reivindicamos ser uma democracia. Mas deve se reconhecer que, no que me diz respeito, penso que a liberdade de expressão é total para quase todos os cidadãos judeus. Muitas vezes, costumo explicar, aqui como no exterior, que a minha voz também é importante para mostrar que existem vozes alternativas em Israel. E que, enfim, os israelenses não têm uma voz unívoca, única, e que após toda essa conversa de eu provocar danos a Israel, o que é muito comum no país – o grande inimigo do povo –, esquecem-se de uma coisa: que um dia de bombardeio pesado em Gaza causa muito mais prejuízos do que todos os Gideon Levys juntos. Mas, sim, sinto-me à vontade para escrever e para expressar qualquer coisa que aconteça.

Mídia desumaniza e demoniza os palestinos

Então, você diria que em Israel existe uma total liberdade de expressão e que a mídia reflete diariamente o que se passa, sem qualquer tipo de censura?

G.L. – Nenhum. A mídia é o melhor colaborador. A maioria dos veículos, em Israel, colabora com a ocupação. Não há censura em Israel. Praticamente nenhuma. Há algo que é muito pior que a censura: a autocensura, pois na autocensura nunca há resistência. Se houvesse censura por parte do governo, haveria resistência, mas o que existe é autocensura. Trata-se de uma tirania de opções. A tirania daqueles que querem agradar aos leitores, a tirania de vender jornais e a tirania de não querer importunar os leitores com coisas que eles não querem ler. Muitos jornalistas e muitos jornais em Israel esqueceram, ou nunca souberam, qual é o papel do jornalista. Não é apenas o de agradar aos leitores. Portanto, neste sentido, penso que se um dia um historiador pesquisar os arquivos e ler a mídia israelense, por exemplo, sobre a ocupação como um todo, ele não irá compreender. Ele não irá compreender o que aconteceu aqui porque verá que um cachorro – um cachorro israelense – que foi morto em Cast Lead ocupa matéria da primeira página do jornal mais popular de Israel, enquanto precisamente no mesmo dia a notícia sobre a morte de dezenas de palestinos ocupa duas linhas da página 16. E isso é sistemático: a mídia israelense desumaniza e demoniza os palestinos e ao fazê-lo se transforma no maior colaborador com a ocupação.

"Dezenas de anos de lavagem cerebral"

Acho que o que você está dizendo não só é válido para Israel como provavelmente para todas as modernas democracias ocidentais – a banalização e trivialização da mídia. Assim como vejo isso acontecer diariamente em Israel, de todas as possíveis maneiras, também o vejo nos Estados Unidos, na França, na Grã-Bretanha e na Espanha. Curiosamente, talvez os países do Terceiro Mundo sejam mais sérios, menos suscetíveis de entreter os leitores, ao invés de oferecer uma descrição objetiva. Mas acho que talvez seja mais crítico no caso de Israel, pois o que está em jogo é muito mais crucial para o futuro. Se a mídia, na Suécia...

G.L. – Uma questão mais genérica...

De um ponto de vista sócio-econômico, Israel significa uma conquista importante. Há 60 anos, não havia nada aqui e agora você tem uma cultura moderna, rica, próspera e que funciona. Apesar das guerras e de todos os problemas sociais, Israel cresceu e se aperfeiçoou de uma forma extraordinária. Integrou pessoas do mundo inteiro numa sociedade complexa e diversificada. Mas a mesma sociedade que produziu esse milagre é incapaz de resolver o problema palestino. Isso é o maior mistério.

G.L. – Tanto talento, tantas conquistas, tanta coragem, eu diria. E, no entanto, quando se trata da religião oficial de Israel – a segurança –, somos todos prisioneiros de uma consciência que na realidade nunca examinamos. Talvez devêssemos começar por aí... Não é mais o caso de construir um Estado, e sim de torná-lo mais justo... Agora, não se trata de existência, mas de justiça. E esse fosso não foi superado. Ainda pensamos estar construindo aqueles bastiões do início do sionismo.

Por que você acha que a sociedade israelense vem evoluindo – ou regredindo, se você preferir, para a direita, enquanto a esquerda vem sistematicamente encolhendo nos últimos 10, 15 anos?

G.L. – Em primeiro lugar, acho que é revelador da solidez que a esquerda tinha anteriormente – da forma como desmoronaria tão facilmente. Portanto, não acho que houvesse muito de esquerda mesmo dez anos atrás. A eleição era muito fácil quando havia o acordo de Oslo, quando existiam todas aquelas promessas românticas. E minha opinião, vejo duas razões para o desmoronamento da esquerda: (1) Ehud Barak conseguiu disseminar a mentira de que não existia um parceiro palestino; e (2) a explosão de ônibus e suicidas em 2002 e 2003.

Terrorismo.

G.L. – Terrorismo. Aniquilou com a esquerda. Em seu primeiro teste concreto, a esquerda falhou completamente.

Entre todos os problemas e desafios que Israel enfrenta atualmente, qual você diria que é o pior, ou o mais difícil de resolver?

G.L. – Mudar a mentalidade das pessoas, fazê-las compreender que os palestinos são seres humanos como nós. Até que isso aconteça, nada irá mudar e isso é o mais difícil porque nós enfrentamos 40, senão 60 ou 100 anos de lavagem cerebral, de desumanização, de demonização. Isso é a coisa mais difícil de fazer."

Então, uma última pergunta.

G.L. – Sim.

Descreva, por favor, o Israel que você gostaria de ver dentro de 20 anos.

G.L. – (Risos) Eu como primeiro-ministro e você como presidente do Peru, encontrando-nos na Suíça e discutindo literatura. Haveria algo melhor que isso?

Não.

G.L. – Então, vamos em frente.

Vamos nessa.

G.L. – Está combinado.