Quando se procura, acha. As soluções existem, falta vontade para encontrá-las. Fiz um curso na área de meio ambiente no Rio que incluia uma visita à estação de tratamento de esgoto em Niterói. Eu e minha filha que também fazia o curso comigo ficamos encantadas. As bactérias aeróbicas e anaeróbicas estavam fazendo um excelente trabalho, e pudemos constatar que o mercado de peixes das proximidades exalava mais cheiro do que aquela estação completamente inodora. E eu me pergunto: Quando é que os interesses pessoais cederão lugar à eficácia? Soluções há, mas há também quem se alimente dos problemas. A reportagem abaixo mostra um exemplo de solução simples e eficaz para determinados casos.
Umaia
Iglus plásticos substituem estações de tratamento de esgoto
Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/01/2011
Os iglus instalados para a bateria de testes. Para operar eles devem ficar totalmente submersos. [Imagem: Waste Compliance Systems Inc.]
Pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, desenvolveram um novo sistema de tratamento de esgotos simples e barato e que tem a mesma eficácia das grandes instalações de tratamento.
Os iglus foram projetados para aliviar a carga de poluentes de lagoas usadas para tratar resíduos.
Pequenas comunidades usam lagoas de águas residuais como método primário de tratamento porque elas são simples para operar e baratas. As águas residuais são mantidas na lagoa por períodos que vão de um mês a um ano, para que os sólidos decantem.
A luz solar, as bactérias, o vento e outros processos naturais fazem o resto, limpando a água. Em comunidades maiores pode-se usar a aeração para otimizar o processo.
Os problemas surgem quando a comunidade cresce e a lagoa não dá mais conta do recado. A migração para uma estação de tratamento completa pode custar muito caro.
Iglus para bactérias
O Dr. Kraig Johnson e seus colegas desenvolveram então os iglus de tratamento de água, que oferecem uma grande superfície para o crescimento de bactérias.
O iglu fornece aos micróbios o ar e o ambiente escuro para que eles consumam os poluentes das águas residuais de forma contínua, com um mínimo de concorrência das algas que vivem nas lagoas.
Cada iglu consiste de um conjunto de quatro cúpulas de plástico, progressivamente menores, umas dentro das outras, cheias de embalagens plásticas para fornecer uma grande superfície para o crescimento bacteriano.
Eles são instalados em linhas, no fundo da lagoa, devendo ficar totalmente submersos.
Anéis de tubos perfurados soltam bolhas de ar através das cavidades entre as cúpulas.
Cada iglu consiste de um conjunto de quatro cúpulas de plástico, progressivamente menores, umas dentro das outras. [Imagem: Waste Compliance Systems Inc.]
Estação de tratamento
Cada iglu ocupa cerca de 10 metros quadrados no fundo da lagoa, criando uma área superficial para o crescimento das bactérias de quase 1.000 metros quadrados. O consumo de energia é de 75 watts por iglu, o que abre a possibilidade de sua alimentação por energia solar ou eólica.
Segundo os pesquisadores, a combinação da grande área superficial, com a aeração, a mistura constante e um ambiente escuro que inibe o crescimento das algas, tudo isso torna os iglus capazes de consumir poluentes em taxas comparáveis com as estações de tratamento tradicionais, que exigem instalações caras, grandes bombas e muita energia para funcionar.
"Os resultados deste estudo mostram que é possível economizar centenas de milhares, senão milhões de dólares, das comunidades que usam sistemas de lagoas, adaptando suas instalações de tratamento de águas residuais já existentes [para operar com os iglus]," explica Fred Jaeger, diretor da Wastewater Compliance Systems, uma empresa nascente que licenciou a tecnologia e irá começar a comercializar os iglus.