sexta-feira, 30 de março de 2012


PUC-RJ começa a desenvolver protótipo de casa sustentável

Uma casa totalmente sustentável é o protótipo que começou a ser construído no campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e deverá estar concluído em 15 dias. O modelo de residência ecológica será exibido a cerca de 500 cientistas do mundo inteiro, no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, entre os dias 10 e 15 de junho.
O encontro ocorrerá na PUC-RJ e é organizado pelo Conselho Internacional para a Ciência (Icsu) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a Federação Mundial de Organizações de Engenharia (WFEO), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e com a Academia Brasileira de Ciências, entre outras instituições.
Idealizado pela Planeja & Informa e pela Casa Viva Eventos Ambientais, o projeto Casa Viva é desenvolvido em parceria com o Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima) e as faculdades de Arquitetura e Engenharia da PUC-RJ.
A casa, modelo de sustentabilidade, é a principal atração da mostra Casa Viva – Transforma Sua Casa num Pedacinho do Planeta, que a PUC-RJ promove entre os dias 26 e 28 de abril. Após esse evento, a casa será doada à universidade, que a transformará em um laboratório vivo, ou seja, um espaço permanente para pesquisa e desenvolvimento.
O coordenador da Área de Educação Ambiental do Nima, Roosevelt Fidélis de Souza, informou à Agência Brasil que a Casa Viva “é uma casa em que todo o material que entra nela, desde a técnica de construção até o produto final, é sustentável”. A casa terá 70 metros quadrados de área construída e usará a tecnologia wood frame, baseada em estrutura de madeira proveniente de reflorestamento. “Todo o material que vai estar disponível na casa tem o selo verde”, destacou.
A casa terá luzes eficientes. Biodigestores instalados no banheiro transformarão o esgoto sanitário em energia. O gás resultante desse processo irá abastecer a pequena cozinha. A casa é formada de quatro módulos: sala, quarto, banheiro e cozinha. “O teto tem o telhado verde, com reaproveitamento da água da chuva.”
Durante um ano, os pesquisadores e alunos de diversos departamentos da PUC-RJ vão avaliar se o projeto é durável e pode ser reproduzido. “Vão fazer estudos e avaliações para realmente ver se a casa é sustentável ao longo do tempo”. Ao fim desse período, Roosevelt de Souza admitiu que o projeto poderá servir de base para outras construções em todo o país, obedecendo ao mesmo parâmetro.
Além de oferecer ao público a oportunidade de visitar uma casa sustentável, o evento que a PUC-RJ promoverá em abril incluirá debates sobre novas tecnologias que atendem aos padrões internacionais de sustentabilidade e de qualidade. (Fonte: Alana Gandra/ Agência Brasil)

Pesquisa do Inpa usa semente para purificar água de rio da Amazônia

As águas escuras do Rio Negro, no Amazonas, precisam ser clarificadas e purificadas antes de serem consumidas. Um dos produtos usados neste processo é o sulfato de alumínio, tóxico para a natureza. Para evitar a contaminação e melhorar a saúde de comunidades que dependem da água do rio, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) estudou o uso da semente de uma planta, a moringa, para tornar potável a água do Rio Negro e conseguiu resultados inesperados.

A moringa é uma planta originária da Índia. Para purificar a água, a semente é extraída e masserada, formando um pó, aplicado no líquido. No Brasil, a planta já é usada para tirar o barro e eliminar bactérias de rios da região Nordeste. Como a quantidade de pó de varia de acordo com as características dos rios e também com o período do ano, “a pesquisa do Inpa foi pioneira”, diz a farmacêutica Edilene Sargentini, que participou dos estudos.
“A grande diferença do Rio Negro é que a água é colorida devido à presença de substância húmica, decorrente da decomposição de animais e plantas da floresta, transportados para o rio por meio de lixiviação”, explica Edilene.
Além de conseguir limpar a água e eliminar 99% das bactérias, o estudo do Inpa desenvolveu uma nova metodologia de aplicação da semente de moringa que consegue purificar a água mais rapidamente. Ao aplicar o pó na água, não é preciso esperar cerca de 2 horas, como ocorre em processos já conhecidos. Nos laboratórios do Inpa, a purificação ocorreu em apenas alguns minutos.
Além disso, com o novo método, os pesquisadores conseguiram deixar a água potável por até três dias – contra um dia com o método convencional. “Após usar o pó da semente de moringa, você tem um tempo para usar a água. Depois disso, ela ‘apodrece’. Descobrimos uma nova metodologia para usar esta semente de modo em que a água não ‘apodrece’ tão rápido”, conta Edilene. Os pesquisadores pretendem patentear a nova metodologia.
Sachês – Agora, a pesquisa está entrando em uma nova fase, fora do Inpa. O objetivo da equipe é desenvolver sachês de moringa, que poderiam ser distribuídos para as comunidades à beira do Rio Negro com um passo a passo do uso. Para Edilene, o sachê facilitaria o uso da moringa, porque já viria com a dose certa. Bastaria colocá-lo na água, sem ser necessário ter a planta no quintal e preparar o pó.
Mas, antes mesmo da criação dos sachês, os resultados da pesquisa podem ser aplicados através do ensino da preparação do pó e aplicação na água. Uma das metas da equipe de pesquisa é criar uma cartilha que explique os procedimentos.
Apesar de não ser nativa do Brasil, a moringa se adaptou bem às condições amazônicas, afirma Edilene. “[No Inpa] nós plantamos 90 sementes de moringa e 87 germinaram. Com um ano a planta já está dando fruto. E, se a poda é feita corretamente, a moringa dá semente até três vezes por ano”. Depois, é só preparar o pó. Uma solução simples para melhorar o Rio Negro e a saúde de populações que vivem em torno dele, conclui Edilene.(Fonte: Globo Natureza)