Sobre O amor e a explosão energética da kundalini.
"O
encontro de duas personalidades é como o contato de duas substâncias
químicas; se houver alguma reação, ambas serão transformadas." (Carl
Jung)
O
amor romântico é algo que vem se reafirmando, evoluindo, fortalecendo e
se transformando ao longo dos tempos. Quando ele atinge duas pessoas
fazendo com que uma identifique e selecione a outra para ser amada,
fortalece a individualidade de ambos, que deixam de se preocupar com a
coletividade, formando um par, um casal, uma dupla mais fortalecida.
Neste caso, pode-se afirmar com toda convicção que um mais um é sempre
mais que dois. Por estes motivos o romantismo sempre foi admirado e ao
mesmo tempo perseguido pelas culturas mais antigas. Era real o medo de
se deixar envolver por outra pessoa, uma vez que todos tinham seus
destinos traçados pelas autoridades que também temiam o amor, pois os
amantes são pessoas destemidas pela força do amor. Subversivos da ordem
pública e social vigente, deviam ser perseguidos e
mortos exemplarmente.
Nos primórdios da
humanidade, o amor romântico não era valorizado, pelo contrário, era
visto como ameaça à vida tribal, pois o indivíduo não tinha importância
diante das necessidades da tribo. Os antigos gregos ressaltavam as
relações entre amantes do sexo masculino uma vez que as mulheres eram
consideradas seres inferiores. Houve até mesmo um poeta grego chamado
Pallatas que disse em versos que o casamento só trazia dois dias de
alegria ao homem: o dia em que leva a esposa para a cama e o dia em que a
enterra.
Durante o obscurantismo trazido pela Idade Média, havia
uma preocupação excessiva por parte da Igreja em relação ao sexo,
considerado como imoralidade, e o prazer, coisa do demônio. O casamento
era um sacramento que diminuía a vergonha do sexo. Mas foi durante esse
mesmo período que o amor romântico surgiu, como ato de revolta contra a
repressão da Igreja, com trovadores e poetas cantando o amor entre
homens e mulheres, não apenas entre marido e esposa.
Com o surgimento do capitalismo e o advento das
conquistas sociais em conjunto com a independência econômica, homem e
mulher passaram a ter uma relação de maior igualdade, podendo escolher
com quem partilhar suas vidas visando a felicidade e a satisfação
emocional. Cada pessoa é um universo em si mesma, possuidora de uma
consciência única e multifacetada. É como se fosse um diamante que aos
poucos vai sendo lapidado, trabalhando cada lado, cada faceta, de forma a
alcançar um nível ótimo de perfeição em todas as suas milhares de
faces.
A consciência em si não tem sexo, porém, ao se
manifestar nesta dimensão mais densa, física em que estamos, ela
obrigatoriamente se utiliza de um corpo denso que tanto pode ser
masculino ou feminino. Os critérios de escolha, quando há possibilidade,
vão de acordo com as necessidades cármicas e evolutivas de cada um. Não
é possível que uma consciência evolua de uma condição de barbárie até
atingir o estágio de consciência livre apresentando-se sempre, em sua
seqüência de períodos intrafísicos (encarnações), na forma masculina ou
na feminina. Por motivos óbvios, é necessário trabalhar todas as
características intrínsecas masculinas e femininas, alternando vivências
intrafísicas como homem e como mulher, pois existem determinadas
qualidades da consciência que podem ser melhor buriladas em um corpo
feminino e vice-versa.
Todas as formas energéticas existentes interatuam,
trocando ou retendo substâncias necessárias. Por isto, nesta dimensão em
que vivemos, há sempre uma troca de energias quando duas pessoas se
encontram, e isso ocorre com maior intensidade quando elas possuem sexos
opostos. O corpo humano possui mais de 8.000 chacras ou centros de
energia espalhados por toda a sua superfície, e que compõem o nosso
corpo energético ou holochacra, também conhecido como duplo etérico.
Dentre esses milhares de centros ou vórtices de energias, podemos
destacar sete principais: coronochacra, situado no topo da cabeça, como
uma coroa; frontochacra, situado na testa, bem entre os olhos;
laringochacra, na região da garganta, laringe, faringe; cardiochacra, na
região do coração; umbilicochacra, na região do plexo solar;
esplenicochacra, no abdômen, ligeiramente à esquerda, perto do rim; e
sexochacra, situado entre as pernas, na região do períneo,
voltado para baixo, entre o sacro e os órgãos sexuais.
Este último - também conhecido como chacra básico, raiz, radical, centro básico, muladhara - é o que mais nos interessa no momento. Tem o formato comparável a uma flor de quatro pétalas, constituindo a sede da kundalini,
energias sexuais, fogo serpentino; no homem é o androchacra e na
mulher, o ginochacra. O chacra básico se alimenta das energias
terrestres, telúricas ou geoenergias que absorvemos através dos chacras
plantares - situados na sola dos pés - quando caminhamos normalmente.
Funciona como uma chave ativadora através da qual todos os demais
chacras se tornam ativos e, por isso, tende a estabelecer um domínio
próprio sobre eles nas pessoas mais jovens.
Quando pessoas de sexos opostos se encontram em
situações quaisquer do dia-a-dia, na rua, em casa, no ambiente de
trabalho, a primeira troca energética ainda que inconsciente se dá a
nível sexochacral, podendo ocorrer uma repulsa mútua ou de apenas uma
das partes envolvidas; pode ocorrer também uma mútua atração física,
sexual, caso em que o homem e a mulher passam a vivenciar uma situação
de troca energética. É o tesão!
É nesta fase que ocorrem os assovios e galanteios,
aquele encontro de olhares. É o chamado olhar de desejo, intencional,
por alguns segundos apenas em direção a um parceiro em potencial. Neste
período, as pupilas se dilatam em sinal de interesse extremo, depois,
aquele que está fixando a vista, baixa os olhos e afasta o olhar. A
cantada, o contato inicial vulgar, a impressão de já conhecer a pessoa
de algum lugar, muito provavelmente a sensação de dèjá vu ou
pré-amor logo se segue; podem até ocorrer retrocognições mútuas, em que
este pré-casal se reconhece de existências anteriores. É o amor à
primeira vista.
O período de reconhecimento tem início quando os olhares
se encontram e qualquer um dos amantes em potencial aceita o jogo com
um sorriso ou alguma mudança corporal. E o quase casal começa a
conversar. Passa-se à fase do convívio social e das sondagens de ambas
as partes, onde podem ocorrer carícias preliminares, platonismos e
suspiros. A conversa da sedução começa com frases sem importância, é
caracterizada pela mudança da voz, que se torna mais alta, suave,
musical. Esta fase é crítica e falar é perigoso por uma razão
importante: a voz humana é como uma segunda assinatura. É através dela
que nós exteriorizamos nossos pensamentos/sentimentos, que, de forma
inevitável, vem impregnada das energias pessoais e isto revela as nossas
intensões.
Quando o quase casal consegue vencer a barreira da
distância física, dos limites sociais, passa para a fase seguinte: a do
contato físico intencional. Um toca o outro no ombro ou no antebraço, no
punho ou em qualquer outro lugar socialmente permitido. Geralmente a
mulher toca primeiro, pondo a mão no corpo do pretendente de forma
casualmente calculada. A pele humana é como um gramado onde cada folha é
uma terminação nervosa tão sensível que o mais leve toque pode evocar
no cérebro uma lembrança daquele momento, com todos os
pensamentos/sentimentos e as energias que rolaram naquele mircrosegundo.
O receptor recebe instantaneamente a mensagem, decodificando de
imediato a sinalização energética e corporal. Se ele recuar, o processo
está terminado, se retrair, ainda que dissimuladamente, a pessoa que
tomou a iniciativa também decodifica as energias por ele emitidas no
momento e pode jamais repetir o gesto.
Agora, se ele se inclinar na direção do outro,
exteriorizando energias através de um sorriso ou retribuindo o gesto de
forma deliberada com seu próprio toque, a barreira foi superada.
Trata-se de situação limítrofe, pois também pode ser que o
relacionamento inicial não ultrapasse as fronteiras sociais da amizade,
com tesão deslocado de ambas as partes, carência sexual, paixões
reprimidas, deixando o pré-casal dentro de um incompletismo afetivo,
sexual e energético.
Cada pessoa tem um cheiro diferente. Todos nós temos um
odor pessoal tão característico como nossa voz, nossas mãos, nossas
energias, e que pode ser utilizado para seduzir. Uma experiência
realizada, em 1986, por Winnifred Cugles, George Preti e sua equipe, no
Monell Chemical Senses Centre, na Filadélfia, nos Estados Unidos,
descobriu um estranho relacionamento entre as mulheres, os homens e o
cheiro. Ficou provado que algumas mulheres que começaram o teste com
ciclos menstruais irregulares foram se normalizando e que a essência do
homem parece estimular a normalidade do ciclo.
As mulheres têm uma percepção maior para os cheiros do
que os homens. Talvez durante a ovulação as mulheres fiquem mais
suscetíveis ao cheiro masculino, sendo por ele atraídas para manter a
regularidade do ciclo menstrual. Há ainda evidências de que os cheiros
corporais femininos podem, mesmo à distância, afetar os homens. Existem
relatos de que as mulheres que viviam em internatos e as mulheres que
trabalham ou moram muito próximas têm ciclos menstruais sincronizados.
São dados especulativos, mas em outros animais a sincronia do cio é
provocada pelo odor.
A verdade é uma só: quando conhecemos alguém que nos
atrai com suas energias, com certeza, gostamos de seu cheiro e isso nos
predispõe ao romance. Uma vez despertada a paixão, o cheiro da pessoa
amada se torna um poderoso afrodisíaco, um estímulo constante ao
relacionamento amoroso e sexual. Quando o amor é consumado através do
relacionamento sexual, íntimo, ocorre uma verdadeira explosão energética
com 100% das energias yin/yang. É a amizade colorida ativa, a
completude poro a poro, que vem com investimentos afetivos provenientes
do amor romântico puro, através de entregas em travesseiros, com
multiorgasmos conjuntos de conseqüências maduras.
É o casal romântico passando para uma nova dimensão de
intimidade mental, energética, emocional e física, que se traduz através
de um intenso acoplamento das auras de ambos os amantes. Este tipo
fisiológico de acoplamento áurico se fortalece a cada ato sexual
ocorrido, permanecendo por várias horas depois, mesmo que haja um
distanciamento físico subseqüente do casal; e isto se dá pelo fato de
ocorrer na dimensão energética, onde não há distância, pois se situa
além da dimensão física.
A sensação mais comum decorrente deste acoplamento
áurico é o fato de sentir a presença quase que física da pessoa amada ao
nosso lado, o que traz um enorme prazer, pois é gostoso poder sentir as
energias pessoais de quem se gosta mesmo estando à grande distância
física. Isto conduz a um estado de primavera energética,
em que os amantes passam por uma fase de felicidade profunda, de
satisfação contínua, configurando-se como uma ininterrupta lua-de-mel. O
casal apresenta-se sempre bem disposto, demonstrando seu alto grau de
prazer através do riso espontâneo e aparentemente sem motivo, com os
lábios completamente abertos, mostrando tanto os dentes superiores
quanto os inferiores, que traduz não somente a conexão orgânica dos
sexos, mas a fusão dos ponteiros das suas consciências, como os de um
relógio ao marcar o meio-dia ensolarado da primavera.
Márvio Belliard e Silva é pesquisador independente do fenômeno da experiência fora do corpo e da evolução da consciência.