A importância da Dor na evolução espiritual
A dor e o sofrimento são conseqüências naturais da evolução do espírito, como fatores necessários ao despertamento de sua consciência individual no selo da Consciência Cósmica de Deus, Sob a disciplina dolorosa e retificadora da Lei do Carma, e sem desprender-se do Todo Cósmico, o espírito fortifica sua memória no tempo e no espaço, e afirma e sua característica pensante. A resistência cria a dor, mas também fortalece o crescimento da consciência da centelha espiritual individualizada em Deus, fazendo-a distinguir-se entre os fenômenos de todos os planos de vida cósmica.
O espírito do homem, por ser de origem divina, pressente em sua intimidade que há de ser feliz; mas, incipiente e ainda incapaz de alcançar essa ventura completa nas suas primeiras tentativas, sofre desilusões e toma por sofrimento detestável as correções cármicas que o conduzem novamente ao caminho certo. No entanto, como o homem é feito à imagem do Criador, pois “o filho e o pai são um”, não cessa o desenvolvimento consciêncial da criatura, ante a força expansiva do Criador, que se manifesta de dentro para fora na consciência humana.
Mas durante esse processo de expansão e aperfeiçoamento de sua consciência, o espírito sofre as reações agressivas e naturais dos mundos onde se plasma nas formas animais, que são o alicerce necessário para o ativamente da chama angélica palpitante em sua intimidade. Submetido ao cárcere de carne, confunde-se e considera o processo incômodo, que lhe aperfeiçoa a têmpera, como sendo um castigo divino, ignorando que, sob a Lei sábia do Criador, está-se operando a metamorfose do animal para o anjo destinado à eterna Glória Celestial!O curto período de dor e sofrimento nos mundos planetários, durante o qual se dá a formação e desenvolvimento da consciência do filho de Deus, é depois compensado regiamente pela felicidade eterna no Paraíso! O formoso brilhante que se ostenta no colo da mulher faceira teve de passar por um processo de aperfeiçoamento sob o cinzel do ourives, para desvestir-se da forma bruta do cascalho carbonífero e se torna a jóia fascinante.
Embora todas as religiões se apregoem proprietárias da Verdade de Deus, o certo é que todas elas se alicerçam em interpretações de seus fundadores ou doutores da igreja a respeito do que seja a Verdade Divina, firmando-se assim em uma série de dogmas seculares que, se bem que se adaptassem à mentalidade acanhada dos povos antigos, desconhecedores ainda da Terceira Revelação, não se adaptam à mentalidade do homem moderno, que quer saber de onde veio, o que faz neste mundo, para onde vai, e que, além disso, tem à sua disposição um enorme cabedal de conhecimentos sobre o que seja a Verdade Divina.
Por isso esses religiosos sempre consideraram a dor como castigo pelo que chamam de “pecado original”, desconhecendo que com sua técnica purificadora afinam-se as arestas grosseiras da formação animal e desperta mais cedo o potencial de luz angélica, que se concentra sob o invólucro da matéria. Não lhes sendo possível explicar a dor de modo sensato e aceitável pela razão humana, e para não desmentirem a propalada Justiça e Sabedoria do Criador, os sacerdotes e mentores religiosos dogmáticos tomaram ao pé da letra o simbolismo bíblico do aparecimento de Adão e criaram a lenda do pecado original, atribuindo-o severamente à responsabilidade do primeiro casal humano. E desse modo eles acreditaram poder justificar o motivo da existência da dor e do seu cortejo de sofrimentos, como sendo o fardo da imprudência humana de há milhões de séculos! …
E assim, ante o pecado de Adão e Eva o primeiro casal bíblico – Deus ficou isento do equívoco de haver criado a dor, que seria inexplicável perante a sua Bondade Infinita; e o homem responsabilizou-se pelo estigma do sofrimento, como seqüência justa do pecado de seu pai Adão! Mas o advento do Espiritismo, cuja doutrina lógica e sensata é acessível a todos os cérebros de boa vontade, terminou popularizando a realidade espiritual oculta sob o misterioso “Véu de Ísis”, contribuindo assim para modificar pouco a pouco o conceito errôneo e milenário sobre a verdadeira origem da dor humana e expondo-a como um corretivo benfeitor, que resulta da resistência que o ser oferece durante o seu aprimoramento angélico.
Já vos encontrais bastante lúcidos para vos libertardes da ignominiosa idéia de que o sofrimento é um “castigo” de Deus! O Criador, infinitamente Sábio, Bom e Justo, não teria criado vales de lágrimas, penitenciárias do Espaço ou mesmo hospitais de provações planetárias, com o fito de desforrar-se dos seus filhos rebeldes, conforme ainda o crêem os católicos, protestantes, adventistas, salvacionistas e mesmo alguns espíritas ainda ignorantes da sublime realidade cósmica. A Terra, em verdade, não passa de abençoada escola de educação espiritual, onde os espíritos imaturos reajustam-se dos seus próprios equívocos ocorridos nas encarnações passadas, a fim de consolidarem suas consciências em eterno aperfeiçoamento.
Como o terrícola ainda não compreende as razões sensatas que poderiam esclarecê-lo sobre a função útil da dor na formação de sua consciência individual, procura negar o seu valor educativo e sua técnica de aperfeiçoamento espiritual. O sofrimento ainda é encarado pela humanidade terrena sob um aspecto excessivamente melodramático; os literatos gastam tonéis de tinta e toneladas de papel na produção de uma literatura compungida, em que os seus personagens vertem rios de lágrimas e clamam dramaticamente contra os destinos atrozes que são gerados pela dor, e em que esta é considerada apenas um acontecimento aviltante para o gênero humano.
E como a criatura terrena também é excessivamente apegada aos tesouros provisórios do mundo material, ante a perspectiva temerosa de abandoná-los pela ameaça implacável da morte, que lhe entreabre a porta de um destino duvidoso, ainda mais se avoluma para ela o sentido mórbido da der e do sofrimento. Para o vosso mundo, os hospitais, os manicômios e outros locais de padecimentos humanos significam as provas do castigo de Deus, em que o homem é considerado, a infeliz vítima despojada das coisas prazenteiras da vida! A figura do ser humano marcado pela dor ainda é considerada um motivo de compungidas penas e deserdamento divino! No entanto, a dor tem sido a moldura viva das mais grandiosas interpretações messiânicas e conquistas espirituais na Terra; assim o provaram aqueles que muito sofreram e deixaram um facho de luz na esteira de seus passos admiráveis. Beethoven, Chopin, Schumann, Francisco de Assis, Paulo de Tarso, Sócrates, Gandhi e o excelso Jesus fizeram da dor motivos de beleza e glória para a redenção do homem atribulado!
A dor é produto de desequilibro magnético na estrutura do organismo psicofísico do homem; assemelha- se a um curto-circuito que ocorre na rede magnética ou eletrônica sustentadora do perispírito, e que repercute em qualquer região orgânica mais vulnerável, com um impacto energético capaz de provocar o desequilibro atômico. Sem dúvida, a dor, o sofrimento ou a enfermidade tem sua origem na perturbação do psiquismo. Por mais que se focalize a dor em sua expressão mais periférica, fundamentalmente ela parte de um desequilíbrio psíquico “Inter-atômico”.
Não existindo doenças, porém doentes, resulta que a dor e a enfermidade variam tanto quanto seja o estado moral, intelectual e consciencial de cada criatura. Há doentes que desempenham um exagerado dramalhão, apenas submetidos à prova de um simples resfriado; outros, ameaçados pelo câncer, mantêm o seu otimismo costumeiro, a sua bondade e confiança no destino espiritual, servindo ainda como fonte de resignação para a suportação alheia à dor. Tudo depende do modo como interpretarmos o fenômeno da dor; para uns é castigo de Deus com o fito de punir os pecados dos homens; para outros é efeito das faltas cometidas em vidas anteriores; raros, porém, aceitam a dor como processo de evolução espiritual.Ela só se manifesta diante de qualquer resistência física, moral ou espiritual para com o sentido útil, benfeitor e harmônico da Vida. Pode ser considerada em sua função criadora quando examinada em qualquer reino da natureza: no reino mineral, ela poderia ser catalogada no processo benéfico de transformar o ferro em aço e no burilamento do cascalho bruto para o brilhante sem jaça; no reino vegetal, ela estaria presente no apodrecer, germinar e crescer da semente no seio triste da terra; na configuração humana, então a vemos corrigindo e ajustando a centelha espiritual para que obtenha a sua consciência nos caminhos da forma do mundo exterior.
A dor, portanto, é sensível e acusável na essência do espírito sob duas razões de grande importância: quando se está processando a gestação do ser humano para a futura e definitiva configuração angélica, ou então quando ele se dessintoniza e desvia-se da rota exata de sua ascensão espiritual. Sob qualquer um desses dois aspectos, sempre verificamos o sentido benéfico da dor: no primeiro caso ela concentra energias e coordena o crescimento angélico; no segundo caso faz a correção do equívoco, limpando as vestes da alma das toxinas residuais provindas do mundo instintivo.
São os pensamentos e os atos do espírito que determinam a maior ou menor soma de dores, pôr que há de passar; pois, do equilíbrio e da paz da consciência espiritual do ser, é que resulta a estabilidade magnética ou eletrônica do perispírito e do corpo físico; como Ideal da evolução, da Harmonia e do Equilíbrio perpétuo no Cosmo. Qualquer instabilidade que se manifeste no mais ínfimo fluir da vida, requer sempre o imediato reajustamento, para que não perturbe o todo harmônico. Eis então a dor, surgindo como o processo necessário a esse reajustamento.
Como dispomos do livre arbítrio, até o ponto em que nossos atos não causem perturbações ao próximo ou naquilo em que intervimos, poderemos extinguir a dor pouco a pouco, à medida que nos integrarmos na vida harmoniosa criada por Deus. Sendo o Amor o fundamento essencial de toda vida, presente na afinidade entre as substâncias, na coesão entre os astros e na união entre os seres, é suficiente a nossa adesão incondicional ao ritmo constante desse Amor, para que em breve a saúde completa do nosso espírito tenha eliminado o sofrimento!
O espírito de Deus cria os seus filhos, como novos núcleos de consciências individuais, que se aperfeiçoam através das formas planetárias e tornam-se miniaturas conscientes no Cosmo. Deus é o “pano de fundo” de toda consciência humana; e este divino mistério o homem só poderá compreender depois que se livrar definitivamente das formas escravizantes da matéria e alcançar os mundos do conhecimento puro. Sem dúvida, à medida que a alma evolui também se despersonaliza porque, extinguindo-se nela a ilusão da separatividade, mais cedo se integra à Consciência Cósmica do Criador. Daí o motivo por que as religiões consideram como virtudes todos os esforços e aproveitamento espiritual que a alma empreende pelo seu mais breve progresso, enquanto os pecados significam justamente tudo aquilo que retarda a ascensão espiritual. E a Lei do Carma então funciona em seu mecanismo evolutivo, acicatando aqueles que se retardam ao encontro da Luz, do que resulta uma ação dolorosa e desagradável, mas necessária para garantir o ritmo proveitoso da ventura sideral.
Acontece que, em suas encarnações, os espíritos produzem e incorporam em suas vestes perispirituais fluidos tóxicos que são frutos de suas desarmonias mentais e emotivas, os quais posteriormente precisam ser expurgados a fim de não impedirem a ascensão para os altos níveis das regiões paradisíacas. Assim como a ave enlameada não consegue alçar vôo para usufruir a delícia do Espaço sem limites, o perispírito também só consegue nivelar-se à freqüência vibratória angélica depois que se livra de suas impurezas astralinas.
O corpo carnal – que é plasmado pelas energias primárias do mundo terreno – durante a materialização de suas sensações prazenteiras fortemente animais, exige que a mente empregue o combustível energético adequado e capaz de agir na mesma freqüência vibratória inferior. Os resíduos desse combustível astralino derivado da escória animal e que são produtos energéticos das faixas vibratórias muito baixas, onde a mente precisa atuar, agregam-se e condensam-se depois no tecido delicado do perispírito, reduzindo-lhe o padrão magnético específico. Com o tempo, esses tóxicos ou resíduos perniciosos do submundo astral, ainda aderidos ao perispírito, tendem a petrificar-se e assim impedir as relações normais do espírito com o meio ambiente. Então devem ser desagregados com toda brevidade possível, para que a luz fulgurante da intimidade da alma possa fluir como divina profilaxia sideral, asseando a delicada vestimenta perispiritual.
Durante a decantação desses resíduos venenosos, que se efetua nos charcos do astral inferior, ou quando se transferem Para o corpo carnal, é que então se produz a dor e o sofrimento desagradáveis, mas sempre de salutar benefício para a alma. Eis a razão por que certas religiões ensinam que a alma só alcança o céu depois que passa pelo purgatório, devendo expurgar de si as crostas perniciosas, que o perispírito obscurecido pelo pecado adquire em seus desequilíbrios psíquicos. Só depois de muita decantação astralina no Além, ou de encarnações de expurgo na matéria, é que os espíritos se livram da carga tóxica milenária, e que existência por existência se transmite num fenômeno de verdadeira hereditariedade psíquica.
Através do que chamaremos o “átomo-semente”, o elemento imortal que preexiste e sobrevive a todas as mortes corporais, muito conhecido dos ocultistas e teosofistas. É o precioso e indestrutível resumo da memória etérica-sideral do espírito; ele guarda em sua intimidade a síntese micropsíquica da vida mental e astral da alma, registrada desde os primeiros bruxuleies de sua consciência individual.
Durante cada nova encarnação, o átomo-semente, ativa as energias intermediárias entre o espírito e o novo corpo físico, responsabilizando-se pela manifestação legível de sua consciência na esfera material e simultaneamente no mundo espiritual. Encarrega-se de plasmar na nova encarnação o verdadeiro temperamento psíquico imortal da alma, ajustando-lhe as virtudes, pecados e também a bagagem tóxica, pois conserva em estado latente todos os impulsos e tendências pregressas. Após a morte do corpo físico, desata-se na plenitude do Além, consolidando a configuração imortal do perispírito, e a segurança da estrutura consciente da individualidade espiritual, operando no mundo de formas e no selo da Consciência do Criador; é o registro definitivo dos fatos vividos pela alma nas caminhadas do mundo carnal. [FONTE]