sábado, 11 de dezembro de 2010

Imaginação conta como método de emagrecimento, dizem cientistas

Resta saber se a comida mental engorda ou nao, afinal já é cientificamente comprovado que as imagens anímicas produzem reaçoes químicas no corpo. Já pensou se a pessoa engordar só de comer em pensamento... Aí nao vale... É melhor comer de verdade, correto?
Umaia
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Imaginar-se comendo coisas gostosas pode parecer contraditório para quem deseja perder peso. Mas, segundo um estudo norte-americano publicado na “Science”, a imaginação tem o poder de reduzir a vontade de consumir comida.

Autor do estudo e professor assistente na Universidade Carnegie Mellon, na Pennsylvania (EUA), Carey Morewedge explica: “OS resultados podem ser usados para intervenções comportamentais que permitam as pessoas reduzirem a ânsia de consumir alimentos não saudáveis, escolhendo as opções boas.”

“Nossos estudos mostram que pessoas que se imaginam repetidamente comendo um bocado de produtos [como chocolate e queijo] consomem bem menos do que aqueles que se imaginam comendo algumas vezes [ao dia] ou fazendo outras tarefas.”

Entre os 300 voluntários envolvidos no estudo, houve uma redução significativa de 50% na quantidade de itens ingeridos pelo grupo.

Segundo Joachim Vosgerau, da mesma universidade, a pesquisa analisou um processo neurológico que determina o volume de coisas a serem consumidas por um indivíduo.

Ele diz que esse processo não é somente governado por sensores que captam a visão, o cheiro, o som ou o tato, mas também como essa experiência é mentalmente representada.

Morewedge espera que a mesma metodologia possa ser aplicada na dependência ao cigarro e a bebidas alcóolicas. (Fonte: Folha.com)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O passado e o futuro residem no presente. Por Thich Nhat Hanh

Se todos nós pudéssemos compreender e vivenciar essas verdades nao haveria mais sofrimento e a Terra passaria a ser um lugar tranquilo e seguro para se viver...
Umaia

Extraído do livro “Our appointment with life” de Thich Nhat Hanh
Traduzido por Leonardo Dobbin

Quando pensamos sobre o passado, sentimentos de lamentos ou vergonha podem surgir. Quando pensamos sobre o futuro, sentimentos de desejo ou medo podem vir a tona. Mas todos os sentimentos surgem no momento presente e todos eles afetam o momento presente. A maioria do tempo, seu efeito não contribui para nossa felicidade ou alegria. Temos que aprender como encarar estes sentimentos. A principal coisa que precisamos lembrar é que o passado e o futuro estão ambos no presente e se tomarmos conta do momento presente então também transformaremos o passado e o futuro.

Como podemos transformar o passado? No passado podemos ter dito ou feito algo destrutivo ou que possa ter ferido alguém e agora lamentamos. De acordo com a psicologia budista, lamento é uma “emoção indeterminada”. Isto significa que pode ser construtiva ou destrutiva. Quando sabemos que algo que dissemos ou fizemos causou dano, podemos fazer surgir uma mente de arrependimento, prometendo que no futuro não repetiremos o mesmo erro. Neste caso, nosso sentimento de lamento é saudável. Se, por outro lado, o sentimento de lamento continua a nos perturbar, tornando impossível que nos concentremos ou qualquer outra coisa, nos tirando toda paz e alegria de nossas vidas, então este sentimento de lamento tem um efeito não saudável.

Quando o lamento se torna não saudável, deveríamos inicialmente distinguir se a causa estava baseada em algo que fizemos ou dissemos ou em algo que deixamos de dizer ou fazer. Se no passado, dissemos ou fizemos algo destrutivo, podemos chamar isso de um “erro de ação”. Dissemos ou fizemos algo com falta de plena atenção, e isso causou dano.

Às vezes cometemos um “erro de omissão”. Causamos dano por não dizer ou fazer o que precisava ser feito ou dito, e isto nos trouxe lamento e tristeza. Nossa falta de plena atenção estava presente e seus resultados ainda estão presentes. Nossa dor, vergonha e lamento são uma parte importante desse resultado. Se observarmos o presente profundamente e tomarmos conta dele, podemos transformá-lo. Fazemos isso por meio da plena consciência, determinação, ações corretas e fala correta. Tudo isso acontece no momento presente. Quando transformamos o presente desta maneira, também transformamos o passado e ao mesmo tempo, construímos o futuro.

Se dissermos que tudo está perdido, tudo está destruído ou que o sofrimento já aconteceu, nos não estamos vendo que o passado se tornou o presente. É claro que o sofrimento já foi causado e as feridas desse sofrimento podem tocar exatamente na nossa alma, mas ao invés de lamentarmos ou sofrermos pelo que fizemos no passado, deveríamos tomar conta do presente e transformá-lo. Os traços de uma seca ruim só podem ser apagados por uma generosa chuva e ela só pode cair no momento presente.

No budismo o arrependimento é baseado no entendimento que a ação errada se origina na mente. Há um gatha do arrependimento:

Todas as ações errôneas surgem por causa da mente.

Se a mente é transformada, podem as ações errôneas continuarem?

Depois do arrependimento, meu coração está leve

Como a nuvem flutuando livre no céu.

Devido à nossa falta de plena consciência, como nossa mente estava obscurecida pelo desejo, raiva e ciúme, agirmos de forma errada. Isto é o que significa “Todas as ações errôneas surgem por causa da mente“. Mas se as ações errôneas surgem da nossa mente, podem também serem transformadas pela nossa mente. Se nossa mente é transformada, então os objetos percebidos pela nossa mente também serão transformados.

Tais transformações estão disponíveis se soubermos como retornar ao momento presente. Uma vez que tivermos transformado nossa mente, nosso coração ficará tão leve como uma nuvem flutuante e nos tornaremos fonte de paz e alegria para nós mesmos e para os outros. Ontem talvez por causa de alguma bobagem ou raiva dissemos algo que fez nossa mãe triste. Mas hoje nossa mente está transformada e nosso coração leve, e podemos ver nossa mão sorrindo para nós, mesmo se ela não está mais viva. Se pudermos sorrir dentro de nós mesmos, nossa mãe também poderá sorrir conosco.

Se pudermos transformar nosso passado, poderemos também transformar o futuro. Nossas ansiedades e temores do futuro fazem o presente escuro. Não há dúvidas que o futuro será escuro também, porque o futuro é feito do presente. Tomar conta do presente é a melhor forma de tomar conta do futuro. Às vezes, como ficamos tão preocupados com o que acontecerá no dia seguinte, nos reviramos a noite toda incapazes de dormir. Preocupamo-nos que se não dormirmos durante a noite ficaremos cansados no próximo dia e incapazes de atuar com o melhor de nossa habilidade.

Quanto mais nos preocupamos, mais difícil é para dormirmos. Nossas preocupações e medos do futuro destroem o presente. Mas se pararmos de pensar sobre o amanhã e apenas ficarmos na nossa cama e seguirmos nossa respiração, realmente desfrutando da oportunidade que temos de descansar, não apenas iremos saborear os momentos de paz e alegria sob os cobertores quentes, mas também iremos cair no sono facilmente e naturalmente. Este tipo de sono é uma grande ajuda para fazer do dia seguinte um grande sucesso.

Quando ouvimos que as florestas do planeta estão doentes e morrendo rapidamente, podemos nos sentir ansiosos. Estamos preocupados com o futuro porque estamos conscientes do que está acontecendo no presente momento. Nossa consciência pode nos motivar a fazer algo para parar a destruição de nosso ambiente. Obviamente, nossa preocupação pelo futuro é diferente dos temores e ansiedade que apenas nos drenam forças. Temos que saber como desfrutar a presença das árvores bonitas e saudáveis de forma a sermos capazes de fazer alguma coisa para protegê-las e preservá-las.

Quando jogamos uma casca de banana no lixo, se formos plenamente atentos, saberemos que a casca se tornará composto e renascerá como um tomate ou uma salada de alface em apenas poucos meses. Mas se jogarmos uma sacola de plástico no lixo, graças a nossa consciência, saberemos que a sacola não se tornará um tomate ou uma salada de alfaces muito rapidamente. Alguns tipos de lixo precisam de 400 ou 500 anos para se decompor. O lixo nuclear precisa de 250.000 anos antes de deixar de ser perigoso e retornar ao solo. Se vivermos no momento presente de forma desperta, tomando conta do momento presente com todo nosso coração, não faremos coisas que nos destruirão no futuro. Esta é a forma mais concreta de fazer o que é construtivo no futuro.

Na nossa vida diária, podemos também produzir venenos para nossas mentes e estes venenos destruirão não apenas a nós mas também àqueles que vivem conosco, no presente e no futuro também. Budismo fala sobre três venenos: desejo, aversão e ignorância. Adicionalmente há outros venenos cuja capacidade de ferir é grande: ciúme, preconceito, orgulho, suspeita e teimosia.

Na nossa relação diária conosco mesmos e nosso ambiente qualquer um destes venenos pode se manifestar, queimar e destruir nossa paz e alegria, assim como a paz e alegria daqueles ao nosso redor. Estes venenos podem persistir e poluir nossas mentes, causando amargas conseqüências no futuro.

Portanto viver no momento presente é também aceitar e encarar estes venenos assim que surgirem, manifestarem e retornarem ao inconsciente e praticar a meditação de observação para transformá-los. Esta é uma prática budista. Viver no momento presente é também ver as coisas saudáveis e maravilhosas de forma a nutri-las e protegê-las. Felicidade é o resultado direto de encarar as coisas e ficar em contato. Esta felicidade é o material do qual um lindo futuro é manufaturado.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Brasil reconhece Estado Palestino com as fronteiras de 1967

Decisão atende a pedido do presidente da Autoridade Palestina a Lula.
Brasil reiterou necessidade de negociações de paz no Oriente Médio.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, que o Brasil reconhece a existência do Estado Palestino, com as fronteiras de 4 de junho de 1967, anteriores à Guerra dos Seis Dias entre árabes e israelenses.
O reconhecimento, segundo o Itamaraty, foi feito em uma carta pessoal a Abbas, enviada nesta quarta (1º). Ele atende a um pedido feito por Abbas a Lula em 24 de novembro.

Segundo a chancelaria brasileira, Lula considerou a demanda "justa".
O comunicado informa que a decisão é coerente com a posição histórica do Brasil de contribuir para o processo de paz entre Israel e Palestina e é coerente com as posições da ONU sobre o tema.


Obras do assentamento israelenses de Har Homa, em subúrbio de Jerusalém Oriental, próximo a Belém, nesta quinta-feira (2).


Obras do assentamento israelense de Har Homa, em subúrbio de Jerusalém Oriental, próximo a Belém, nesta quinta-feira (2). (Foto: AFP)

'Concessões mútuas'

"A decisão não implica abandonar a convicção de que são imprescindíveis negociações entre Israel e Palestina, a fim de que se alcancem concessões mútuas sobre as questões centrais do conflito", segundo o comunicado do Itamaraty.

Mapa da região; o Estado Palestino com as fronteiras de 1967 inclui a Faixa de Gaza (em vermelho), a Cisjordânia (em roxo) e Jerusalém Oriental (Foto: Arte G1)

Mapa da região; o Estado Palestino com as
fronteiras de 1967 inclui a Faixa de Gaza (em
vermelho), a Cisjordânia (em roxo) e Jerusalém
Oriental (Foto: Arte G1)

Assim, o Brasil se soma a uma lista de mais países que reconhecem o Estado Palestino -entre eles, todos os países árabes, a maioria dos africanos, boa parte dos asiáticos e da Europa Oriental.
O Brasil reconhece a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) desde 1975 como "legítima representante do povo palestino". Em 1993, o país abriu a abertura de Delegação Especial Palestina, que desde 1998 tem tratamento equivalente a de Embaixada.
O comunicado do Itamaraty ressalta que o relacionamento entre Brasil e a Palestina tem aumentando nos últimos anos.
Em março, o presidente Lula visitou o país e também Israel. O país tem se oferecido como mediador no conflito.
Retirada
Os palestinos querem proclamar seu Estado soberano na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Para isso, exigem a retirada israelense de todos os territórios ocupados desde junho de 1967, incluindo Jerusalém Oriental.
Israel conquistou naquele ano a parte oriental, árabe, de Jerusalém, e não abre mão dela, já que considera a cidade a capital eterna e indivisível do Estado de Israel.
As negociações de paz entre os dois lado, patrocinadas pelos EUA, começaram em setembro, mas foram interrompidas logo depois.
O principal impasse ocorre porque os palestinos querem que Israel pare de construir assentamentos para seus cidadãos no território que inclui áreas ao redor de Jerusalém Oriental, capturadas por Israel no confronto de 1967.
Os palestinos culpam Israel pelo que chamam de "colapso" das negociações, mas os EUA afirmam ainda acreditar na retomada do processo. (Fonte: G1)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

No Brasil, Futebol é Religiao. - Por ED RENÉ KIVITZ

No dia primeiro de abril de 2010, o elenco do Santos, atual campeão paulista de futebol, foi a uma instituição que abriga 34 pessoas. O objetivo era distribuir ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral.

Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou.

Entre eles, Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa (32a), Durval (29a), Léo(24a), Marquinhos (28a) e André (19a), todos ídolos superaguardados.

O motivo era de cunho religioso: a instituição era o Lar Espírita Mensageiros da Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral.

Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade sem, contudo, obter sucesso.

Dentro da Instituição (Lar Espírita Mensageiros da Luz), os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos, entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley (22a), que conversaram e brincaram com as crianças.

Eis que o escritor, conferencista e Pastor (com P maiúsculo) ED RENÉ KIVITZ, da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre o ocorrido e escreveu o texto: “No Brasil, futebol é religião”, que abaixo tenho o prazer de compartilhar.

NO BRASIL, FUTEBOL É RELIGIAO. - Por ED RENÉ KIVITZ

Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas as tradições de fé.

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se Deus é a favor ou contra a prática do homossexualismo; ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos de Buda, e por aí vai.

E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um deus feito à imagem e semelhança do homem.

Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo que busca a superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero e, inclusive, de religião.

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus.
Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina ou, pelo menos, deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de Páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental. esde pequenininho!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A indústria dos planos de saúde contra Michael Moore.

Recebi por e-mail e achei muito interessante...
Nos faz ver que há quem prefira o lucro à vida!
Umaia

Editoria: Internacional
30/11/2010

Depois da realização do documentário "Sicko", uma denúncia contra o sistema privado de saúde nos Estados Unidos, executivos de empresas de planos de saúde decidiram desencadear um plano contra o trabalho de Michael Moore.

Um estudo recente da Faculdade de Medicina de Harvard indicou que quase 45 mil estadunidenses morrem anualmente (um a cada doze minutos) principalmente porque não têm seguro de saúde.

Mas para o grupo de pressão das empresas, a única tragédia seria a possibilidade de uma verdadeira reforma do sistema de saúde. O artigo é de Amy Goodman.

Amy Goodman – Democracy Now
Data: 27/11/2010

Michael Moore, ganhador do Oscar como melhor documentarista, faz excelentes filmes que, em geral, não são consideradas obras de suspense que gerem a sensação de estar “à beira do abismo”. Tudo isso poderia mudar a partir de uma denúncia feita por um informante do noticiário de Democracy Now, segundo a qual executivos de empresas de planos de saúde pensaram que talvez fosse necessário por em marcha um plano para “atirar Moore pelo precipício”.

O informante era Wendel Potter, ex portavoz da gigante dos planos de saúde Cigna. Potter mencionou uma reunião de estratégia industrial na qual se tratou do tema de como responder ao documentário “Sicko”, de Michael Moore, produzido em 2007, filme que critica a indústria de seguros de saúde dos Estados Unidos. Potter me disse que não estava seguro da gravidade da ameaça, mas acrescentou em tom inquietante: “Ainda que não tenham pensado em fazer isso literalmente, para ser honesto, quando comecei a fazer o que estou fazendo, temi por minha própria saúde e bem estar; talvez tenha sido paranoia, mas essas empresas jogam para ganhar”.

Moore ganhou um Oscar em 2002 com seu filme sobre a violência armada intitulado “Bowling for Columbine”. Logo depois fez “Fahrenheit 9/11”, um filme sobre a presidência de George W. Bush que se transformou no documentário de maior arrecadação na história dos Estados Unidos. Quando Moore disse a um jornalista que seu próximo trabalho seria sobre o sistema de saúde estadunidense, a indústria de planos de saúde tomou nota.

A associação comercial Planos de Seguro de Saúde dos Estados Unidos (AHIP, na sigla em inglês), principal grupo de pressão das empresas do setor, teve um enviado secreto na estreia mundial de “Sicko” no Festival de Cannes, na França. O agente saiu rapidamente da estreia e foi participar de uma teleconferência com executivos da indústria, entre eles Potter.

“Tínhamos muito medo”, disse Potter, “e nos demos conta de que teríamos que desenvolver uma campanha mais sofisticada e cara para conseguir rechaçar a ideia da cobertura de saúde universal. Temíamos que isso realmente despertasse a opinião pública. Nossas pesquisas nos diziam que a maioria das pessoas estava a favor de uma intervenção maior do governo no sistema de saúde”.

A AHIP contratou uma equipe de relações públicas, APCO Worldwide, fundada pelo poderoso escritório de advogados Arnold & Poter, para coordenar a resposta. A APCO formou o falso movimento de base de consumidores “Health Care America” para contrapor a prevista popularidade de “Sicko”, o filme de Moore, e para gerar medo em torno do chamado “sistema de saúde dirigido pelo governo”.

Em seu recente livro “Deadly Spin: An Insurance Company Insider Speaks Out on How Corporate PR is Killing Health Care and Deceiving Americans” (Giro mortal: um informante explica como as relações públicas das empresas de seguros estão acabando com o sistema se saúde e enganando os estadunidenses) Potter escreve que se encontrou “com um filme muito comovedor e eficaz na hora de condenar as práticas das empresas privadas de seguros de saúde. Várias vezes tive que fazer um esforço para conter as lágrimas. Moore conseguiu entender bem qual é o problema”.

A indústria de seguros anunciou que sua campanha contra “Sicko” havia sido um rotundo sucesso. Potter escreveu: “AHIP e APCO Worldwide conseguiram introduzir seus argumentos na maioria dos artigos sobre o documentário quando nenhum jornalista havia investigado o suficiente para descobrir que as empresas tinham fornecido a maior quantidade de dinheiro para a criação da Health Care America. De fato, todos, desde a cadeia de notícias CNN até o jornal USA Today, referiram-se a Health Care America como se fosse um grupo legítimo.

O jornal New York Times publicou um artigo, uma espécie de resenha de “Sicko”, na qual citava o porta voz da Health Care America dizendo que isso representava um passo na direção do socialismo. Nem esse jornalista, nem nenhum outro que tenha visto, tentaram tornar público que, de fato, este movimento estava financiado em grande medida pelas empresas de seguro da saúde.

Moore disse que Potter era o “Daniel Ellsberg dos Estados Unidos corporativo”, uma referência ao famoso informante do Pentágono cujas revelações ajudaram a por fim à guerra do Vietnã. A corajosa postura de Potter gerou um impacto no debate, mas a indústria dos planos de saúde, os hospitais e a Associação Médica Estadunidense continua debilitando os elementos do plano que ameaça os seus lucros.

Um estudo recente da Faculdade de Medicina de Harvard indicou que quase 45 mil estadunidenses morrem anualmente (um a cada doze minutos) principalmente porque não têm seguro de saúde.

Mas para o grupo de pressão das empresas, a única tragédia seria a possibilidade de uma verdadeira reforma do sistema de saúde. Em 2009, as maiores empresas do setor destinaram mais de 86 milhões de dólares à Câmara de Comércio dos Estados Unidos para que esta se opusesse à reforma do sistema de saúde.

Este ano, as cinco maiores seguradoras do país aportaram uma soma de dinheiro três vezes maior tanto para candidatos republicanos como para democratas com a intenção de fazer retroceder ainda mais a reforma da saúde.

O representante democrata por Nova York, defensor do sistema de saúde público, declarou no Congresso que “o Partido Republicano é uma subsidiária que pertence por completo à indústria de seguros”.

“Provavelmente estarão a favor da retórica das empresas privadas quando afirmam que necessitamos ter mais ‘soluções baseadas no mercado’ (como eles dizem) e menos regulações, que, sem dúvida, são o tipo de coisa que os republicanos vão tratar de conseguir porque regulação é o que essas empresas não querem”, disse Potter.

A indústria de seguros da saúde não está desperdiçando seu dinheiro. Moore disse: “Neste informe estratégico compilado pelas empresas acerca do dano que “Sicko” poderia ocasionar, há uma linha que basicamente diz que no pior dos casos o filme poderia desencadear um levante populista contra as companhias. Essas empresas, em 2006 e 2007, já sabiam que os estadunidenses estavam fartos das empresas de seguros com fins lucrativos e que um dia o povo poderia se levantar e dizer ‘isto terminou’. Este é um sistema enfermo: permitimos que as empresas lucrem a nossa custa quando ficamos doentes!”
Isso é estar doente de verdade.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Duas mulheres – duas abolições? - Por Leonardo Boff

Muito bom este artigo de Leonardo Boff. Um abraço e boa leitura a todos!

DUAS MULHERES - DUAS ABOLIÇõES?
Por Leonardo Boff

É fato notável a ascensão de mulheres, em muitos países do mundo, ao status de chefes de Estado e de governo. Isso revela uma mutação do estado de consciência que se está operando no interior da humanidade

Foi mérito principal da reflexão feminista que já possui mais de um século inaugurar esta transformação. As mulheres começaram a se ver com os próprios olhos e não mais com os olhos dos homens. Descobriram sua identidade, sua diferença e a relação de reciprocidade e não de subordinação frente aos homens. Produziram talvez a crítica mais consistente e radical da cultura, marcada pelo patriarcalismo e pelo androcentrismo.

O patriarcado designa uma forma de organização social centrada no poder exercido pelos homens dominantes, subordinando e hierquizando todos os demais.

O androcentrismo se caracteriza por estabelecer como padrão para todos, as formas de pensamento e de ação características dos homens. Eles são o sol e os demais, como as mulheres ou outras culturas, seus satélites e meros coadjuvantes.

O patriarcado e o androcentrismo subjazem à principais instituições das sociedades atuais com as tensões e os conflitos que provocam. A eles se deve o surgimento do Estado, das leis, da burocracia, da divisão de trabalho, do tipo de ciência e tecnologia imperantes, dos exércitos e da guerra. As feministas do Terceiro Mundo viram além da dominação cultural, também a dominação social das mulheres, feitas pobres e oprimidas pelos donos do poder.

O ecofeminismo denunciou a devastação da Terra levada a efeito por um tipo de tecnociência masculina e masculizante, já antes percebida pelo filósofo da ciência Gaston Bachelard, pois a relação não é de diálogo e de respeito, mas de dominação e de exploração até à exaustão.

As mulheres nos ajudaram a ver que realidade humana não é feita apenas de razão, eficiência, competição, materialidade, concentração de poder e de exterioridade. Nela há afeto, gratuidade, cuidado, cooperação, interioriade, poder como serviço e espiritualidade. Tais valores são comuns a todos os humanos, mas as mulheres são as que mais claramente os vivem.

O ser-mulher é uma forma de estar no mundo, de sentir diferentemente o amor, de relacionar corpo e mente, de captar totalidades, de pensar não só com a cabeça mas com todo o ser e de ver as partes como pertencentes a um Todo. Tudo isso permitiu que a experiência humana fosse mais completa e inclusiva e abrisse um rumo de superação da guerra dos sexos.

Hoje, devido à crise que assola a Terra e a biosfera, pondo em risco o futuro do destino humano, estes valores se mostram urgentes, pois neles está a chave principal da superação.

É neste contexto que vejo a presença de mulheres à frente dos governos, no caso, de Dilma Rousseff como presidente. A dimensão da anima levada para dentro das relações de mando, pode trazer humanização e mais sensibilidade para as questões ligadas à vida, especialmente dos mais vulneráveis.

Na nossa história tivemos uma mulher, considerada a Redentora: a princesa Isabel (1846-1921). Substituindo o pai Dom Pedro II em viagem à Europa, num gesto bem feminino, proclamou em 28 de setembro de 1871 a Lei do Ventre Livre. Os filhos e filhas de escravos já não seriam mais escravos

Financiava com seu dinheiro sua alforria, protegia fugitivos e montava esquemas de fuga para eles.
Numa outra ausência do pai, a 13 de maio de 1888, fez aprovar pelo Parlamento a Lei Aurea da abolição da escratura. A um de seus críticos que lhe gritou:”Vossa Alteza liberou uma raça mas perdeu o trono” retrucou:”Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil”.

Queria indenizar os ex-escravos com recursos do Banco Mauá. Preconizava a reforma agrária e sufrágio político das mulheres. Foi a primeira abolição.

Cabe agora à presidente Dilma realizar a segunda abolição, propugnada já há anos pelo senador Cristovam Buarque, num famoso livro com esse mesmo título: a abolição da pobreza e da miséria. Ela colocou como primeira prioridade de seu governo “o fim da miséria”. Esta é concretamente possível. Por enquanto é apenas uma promessa. Se realizar esta façanha, verdadeiramente messiânica, poderá ser a segunda Redentora.

Como cidadãos urge apoiar e cobrar a promessa e impedir que se transforme numa má utopia. Podemos ser condenados pelos poderosos mas não podemos defraudar os pobres e os oprimidos.
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Leonardo Boff escreveu com Rose Marie Muraro,Feminino e Masculino (Record) 2002

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dinamarca quer só casas “verdes” feitas até 2020

Dinamarca quer só casas “verdes” feitas até 2020; projeto inclui incentivos fiscais
Folha.com

A Dinamarca estuda beneficiar financeiramente quem construir casas “verdes”. A ideia é que as pessoas que utilizarem painéis solares e sistema de reaproveitamento de água, por exemplo, paguem menos impostos.

Com isso, o governo pretende que todas as novas casas construídas sejam consideradas “verdes” até 2020.

“Os dinamarqueses não são do tipo que abraça árvores, mas a preocupação ambiental está sendo incentivada pelo governo”, diz Thomas Nordli, consultor da Rockwool (empresa que trabalha com tecnologias limpas para construção civil).

Uma casa “verde” custa cerca de 5% a mais do que uma casa comum naquele país. “Depois de construída, o proprietário só se beneficia e economiza”, explica o especialista da Rockwool.

Num país frio como a Dinamarca, algumas tecnologias de construção podem reduzir significativamente os custos de aquecimento. Por exemplo, as janelas maiores (para entrar mais luminosidade) e com vidros três vezes mais grossos.

Esses vidros, aliados às paredes com cerca de 50 cm, funcionam como “cobertor” para a casa e reduzem os gastos com aquecimento.

“Essa tecnologia pode ser usada também para resfriamento, em países quentes como o Brasil”, diz Nordli.

Desde a crise do petróleo da década de 1970, a Dinamarca tem investido em energias alternativas, como biomassa, energia solar e eólica (que hoje representa cerca de 20% da matriz energética do país). (Fonte: Sabine Righetti/ Folha.com)