O GLÓBULO DE VITALIDADE
Embora inconcebivelmente diminuto, é tão brilhante o glóbulo
de vitalidade, que até os não clarividentes costumam vê-lo. Olhando para
o horizonte longínquo, especialmente no mar, notarão alguns que roça
com o firmamento certo número de pontinhos de luz, que se mexem por
todos os lados com pasmosa rapidez. São os glóbulos de vitalidade,
constituídos, cada um deles, por sete átomos físicos ultérrimos segundo o
mostra a figura 5c.
São as vidas ígneas ou grânulos carregados com a energia a que os hindus chamam prana.
É muito difícil compreender o exato significado desta palavra
sânscrita, porque os métodos didáticos dos, hindus diferem muitíssimo
dos nossos, mas parece-me que, sem risco de erro, podemos tomar a
palavra prana por equivalente de vitalidade.
Quando o glóbulo de vitalidade cintila na atmosfera, é de
brilho quase incolor, e refulge com luz branca ou ligeiramente dourada.
Mas quando entra no vórtice do chakra esplênico, se decompõe e quebra em
raios de diversas cores, conquanto não com a mesma gradação ou gama dos
raios do espectro solar. Os átomos componentes do glóbulo de vitalidade
voltejam impelidos pelo vórtice do chakra e cada raio deste prende um
daquele, de modo que o átomo amarelo fica preso num raio do chakra, o
verde em outro e assim sucessivamente, enquanto que o sétimo átomo
desaparece absorvido pelo centro do vórtice, semelhante ao cubo de uma
roda. Os raios se prolongam então em diferentes direções e cada qual
efetua seu trabalho especial, na vitalização do corpo. A prancha VII
representa diagramaticamente as direções do prana difundido.
Como disse, as cores da vitalidade ou prana não são exatamente
as mesmas das do espectro solar, mas se parecem antes com as
combinações cromáticas que vemos nos corpos causai, mental e astral. A
cor anil se reparte entre o violeta e o azul, de modo que em vez de três
cores achamos só duas; mas, em compensação, o vermelho se diferencia em
duas cores; vermelho-rosado e vermelho-escuro. Portanto, as cores dos
seis raios são: violeta-azulado, verde, amarelo, alaranjado e
vermelho-escuro, enquanto que o sétimo átomo, cor-de-rosa, passa adiante
pelo centro do vórtice
(1).
Assim vemos que a constituição da vitalidade é sétupla; mas flui pelo
corpo em cinco correntes principais, segundo o expuseram
alguns tratados hindus, porque o azul e o violeta se fundem num só raio,
e o alaranjado e o vermelho-escuro em outro raio, quando saem do
chakra esplênico.
OS RAIOS
1. Violeta-azulado. — Dirige-se para a garganta, onde
parece separar-se, de modo que o azul-pálido passa pelo chakra laríngeo e
o aviva, enquanto que o violeta e o azul-escuro prosseguem para o
cérebro, em cujas partes inferior e central fica o azul-escuro, seguindo
o violeta até a parte superior para vigorizar o chakra coronário e
difundir-se pelos novecentos e sessenta raios desse chakra.
2. Raio amarelo. — Dirige-se para o coração e, depois de efetuada ali
a sua obra, uma porção passa para o cérebro e o satura,
difundindo-se pelos doze raios do centro do chakra coronário.
3. Raio verde. — Este raio inunda o abdômen, e conquanto
se centralize principalmente no plexo solar, vivifica o fígado, os rins,
os intestinos e todo o aparelho digestivo em geral.
4. Raio rosa. — Este raio circula por todo o corpo ao longo
dos nervos e é evidentemente a vitalidade do sistema nervoso; um
indivíduo pode infundi-la a outro que a tenha deficiente. Se os nervos
não recebessem esta vitalidade rosada, seriam impressionáveis até à
irritação, e assim é que quando não a recebe suficientemente, o enfermo
não pode permanecer muito tempo na mesma posição e não sente alívio
ainda que tome outra. O mais leve ruído o atormenta e ele se acha num
contínuo sofrimento. Mas se uma pessoa sã banha-lhe os nervos com
vitalidade rosada, logo se alivia e experimenta uma salutar sensação de
sossego e paz.
Um indivíduo de boa saúde absorve e adapta muito mais
vitalidade rosada do que a necessária ao seu corpo; por isso está
continuamente irradiando uma torrente de átomos rosados, de modo que
inconscientemente infunde vigor nas pessoas fracas mais próximas, sem
que isso diminua sua vitalidade. E também por um esforço de sua vontade
pode acumular a energia restante e infundi-la deliberadamente em quem
deseje auxiliar.
O corpo possui certa consciência peculiar, instintiva e cega, a
que costumamos chamar o elemental físico, correspondente no mundo físico
ao elemental do desejo no mundo astral. Essa consciência instintiva
ou elemental física procura sempre resguardar o corpo de todo perigo ou
lhe proporcionar o de que necessita. É completamente distinta da
consciência do homem e funciona igualmente quando o ego se aparta do seu
corpo físico. A este elemental físico ou consciência instintiva deve-se
atribuir todos os nossos movimentos e atitudes instintivos como também o
incessante funcionamento do sistema simpático, sem que de tal nos
apercebamos nem pensemos.
Enquanto nos acharmos no estado de vigília, o elemental físico
está em constante vigilância, em atitude de defesa, e mantém em
tensão músculos e nervos. Durante o sono relaxa-os e dedica-se à
assimilação da vitalidade para restaurar as forças do corpo físico, e
com maior eficácia cumpre esta função durante a primeira metade da
noite, quando há plenitude de vitalidade, porque de madrugada já está
quase toda consumida a vitalidade que o sol emitiu durante o dia. Tal é o
motivo da sensação de moleza que nos acomete de madrugada, e também a
acusa de muitos enfermos morrerem nessas horas. Por isso diz
acertadamente a sabedoria popular que uma hora de sono antes de
meia-noite equivale a duas depois dessa hora.
A ação do elemental físico explica a influência restauradora do sono, que se pode observar ainda após ligeiro cochilo.
A vitalidade é o alimento do duplo etérico, e este a necessita
tão imperiosamente como o corpo denso necessita do sustento material.
Disso resulta que quando, por enfermidade, fadiga ou decrepitude, o
chakra esplênico é incapaz de preparar o alimento para as células do
corpo, o elemental físico procura extrair para seu próprio uso a
vitalidade preparada em corpos alheios. E assim ocorre quando nos
sentimos débeis e como que esgotados depois de havermos estado durante
certo tempo junto de uma pessoa com falta de vitalidade, porque essa
pessoa nos tomou os átomos rosados antes que pudéssemos assimilar sua
energia.
O reino vegetal também absorve esta vitalidade, ainda que em muitos
casos parece que só utiliza uma pequena parte. Algumas árvores extraem
da vitalidade quase exatamente os mesmos constituintes que extrai a
parte superior do duplo etérico do homem, e uma vez absorvidos
os necessários, expelem precisamente os átomos rosados de que necessitam
as células do corpo físico do homem.
Isso ocorre com árvores como pinho e o eucalipto, razão pela qual sua
vizinhança infunde saúde e vigor nos neuróticos necessitados
de vitalidade. São neuróticos porque as células do seu corpo estão
famintas e a nervosidade só pode apaziguar-se alimentando-as, o que sói
conseguir-se mais facilmente proporcionando-lhes do exterior a
vitalidade rosada de que necessitam para se restabelecerem.
5. Raio laranja-avermelhado. — Penetra pelo chakra fundamental, donde
vai para órgãos genitais, com os quais está intimamente relacionada uma
parte de seu funcionamento. Este raio não só contém as cores alaranjada
e vermelha, mas também algo de purpúreo intenso, como se o espectro
solar desse a volta em círculo e as cores começassem de novo em mais
baixa escala.
No indivíduo normal este raio aviva os desejos carnais, e parece que
também penetra no sangue e ajuda a manter o calor do corpo. Mas se
o indivíduo persevera em repelir os incentivos de sua natureza inferior,
este raio pode, mediante longos e deliberados esforços, desviar-se para
o cérebro, onde suas três cores constituintes experimentam notável
modificação, porque o alaranjado se transmuta em amarelo puro e
intensifica as faculdades intelectuais; o vermelho--escuro se converte
em vermelho-vivo ou carmesim, que aumenta poderosamente o amor
não-egoísta, e o purpúreo intenso se transforma num belo violeta-pálido
que aviva a parte espiritual da natureza humana. Quem alcança esta
transmutação, já não se vê atormentado por desejos sensuais, e quando
necessitar levantar as camadas superiores do fogo serpentino, se verá
livre do mais grave perigo deste processo. Quando o indivíduo completou
definitivamente tal transmutação, o raio laranjaavermelhado penetra
diretamente pelo centro do chakra fundamental e flui pelos agulheiros
das vértebras, ou conduto medular, até que sem obstáculos chega ao
cérebro.
Parece que, segundo indica a Tabela 3, há certa correspondência entre
as cores dos raios ou correntes de vitalidade que penetram
pelos diversos chakras, e as cores atribuídas por Blavatsky aos
princípios do homem na Doutrina Secreta.
TABELA 3 — A VITALIDADE E OS PRINCÍPIOS HUMANOS
Cores da vitalidade |
Chakra por onde penetram |
Cores dadas na Doutrina Secreta |
Princípios representados |
Azul-pálido |
Laríngeo |
Azul |
Atma (invólucro áureo) |
Amarelo |
Cardíaco |
Amarelo |
Buddhi |
Azul-escuro |
Frontal |
Anil |
Manas superior |
Verde |
Umbilical |
Verde |
Manas inferior |
Rosado |
Esplênico |
Vermelho |
Astral |
Violeta |
Coronário |
Violeta |
Etérico |
Laranja-avermelhado purpúreo |
Fundamental e depois o coronário |
|
OS CINCO VAYUS PRÂNICOS
Os tratados hindus mencionam freqüentemente os cinco pricipais vayus
prânicos, cuja situação assinala brevemente samhita Gheranda,
como segue:
O prana atua sempre no coração; o apana, na esfera do ânus; o samana,
na região do umbigo; o udana, na garganta; e o viana penetra todo o
corpo.
Numerosos outros livros dão a mesma descrição e nada mais
dizem acerca de suas funções, ainda que alguns acrescentem mais
alguns informes, como seguem:
O ar chamado viana é a parte essencial de todos os nervos.
O alimento, logo após ingerido, é decomposto em dois por esse ar. Ao
entrar perto do ânus, separa as porções sólidas das líquidas. Ao colocar
a água sobre o fogo e o sólido sobre a água, o prana que está debaixo
do fogo, inflama-o lentamente. O fogo, inflamado pelo ar, separa a
substância dos resíduos. O ar viana difunde a essência por todas as
partes, e os resíduos são expulsos do corpo, forçados pelos doze portais
(2).
Os cinco ares assim descritos concordam adequadamente com as cinco
modalidades de vitalidade que temos observado, segundo mostra a tabela
seguinte:
TABELA 4 — OS CINCO VAYUS PRÂNICOS
Vayu prânico e região afetada
|
Raio de vitalidade |
Chakra principalmente afetado
|
Prana-Coração |
Amarelo |
Cardíaco |
Apana-ânus |
Laranja-avermelhado |
Fundamental |
Samana-Umbigo |
Verde |
Umbilical |
Udana-Garganta |
Violeta-azulado |
Laríngeo |
Viana-Todo o corpo |
Rosado |
Esplênico |
Nos tratados hindus a palavra prana costuma
significar também alimento, talvez porque, ao respirar, absorvemos
igualmente glóbulos de vitalidade. O principal objetivo da respiração é
inalar oxigênio do ar, que passa aos pulmões, e expelir o nitrogênio com
o qual está misturado na atmosfera. O glóbulo de vitalidade é o
principal constituinte do átomo de oxigênio (figura 8).
Fig. 8 — Constituição do oxigênio
CONSTITUIÇÃO DO OXIGÊNIO |
Nível gasoso |
Etéreo |
Superetéreo |
Subatômico |
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Na Química Oculta ficou exposto que as
dificuldades com que a doutora Besant e eu deparamos ao observar o
oxigênio, foram muito maiores que as encontradas ao examinarmos o
hidrogênio e o nitrogênio, por causa da extraordinária atividade desse
elemento e do ofuscante brilho de alguns de seus constituintes. Quando o
observamos em estado gasoso, o átomo de oxigênio aparece como um ovóide
em cujo interior gira velozmente um corpo semelhante a uma espiral
enroscada com cinco brilhantes pontos luminosos.
A espiral parece ser um sólido arredondado, mas ao transportar-se o
átomo para o subplano etérico do plano físico, a espiral
longitudinalmente se desdobra em duas tênues serpentes — uma positiva e
outra negativa.
Observa-se então que a aparente solidez provinha de que estas duas
espirais enroscadas giram em torno de um eixo comum em direções opostas,
de modo que oferecem o aspecto de uma superfície contínua, tal como ao
dar voltas a uma brasa atada à extremidade de um fio, descreve-se no ar
um círculo de fogo, ou quando se dão voltas de molinete a um toquinho
aceso na ponta.
Os pontos brilhantes observados no átomo gasoso são encontrados no
estado etérico na crista das ondas da serpente positiva e nos ocos
da negativa. A serpente ou espiral enroscada consta de pequenos
corpúsculos à maneira de grânulos, onze dos quais se interpõem entre os
pontos de maior brilho.
Ao transportar-se o átomo de oxigênio para o sub-plano hiperetérico,
quebram-se as serpentes, e cada ponto brilhante compreende seis grânulos
de um lado e cinco do outro. Estes pontos com os seus grânulos se
enroscam e entrelaçam com a mesma extraordinária atividade, semelhante a
vaga-lumes girando velozmente. Os pontos brilhantes contêm cada um sete
átomos ultérrimos, e os grânulos contêm apenas dois. No subplano
subatômico os fragmentos das serpentes se desagregam, e os corpúsculos d
e d', positivos e negativos, mostram diferente ordenação dos átomos que
contêm.
Ao se desintegrarem estes corpúsculos no subplano atômico, deixam em
liberdade 290 átomos físicos ultérrimos, dos quais 220 procedem de
grânulos e 70, dos dez pontos brilhantes.
O corpúsculo positivo d é o glóbulo de vitalidade, de cuja
virtude provém a extraordinária energia do oxigênio. O oxigênio, ao
chegar aos pulmões na função respiratória, desprende os glóbulos de
vitalidade que se combinam com outras substâncias para formar alguns dos
principais constituintes do sangue. Assim é que, enquanto a vitalidade
se difunde do baço por todo o duplo etérico, a "essência" mencionada no
citado purana Garuda se distribui por todo o corpo denso
(3).
VITALIDADE E SAÜDE
O fluxo vital destas diversas correntes regula a saúde das partes
do corpo por onde passa. Se uma pessoa sofre perturbações digestivas,
quem possua vista etérica o saberá porque a corrente vital de cor verde
será lenta ou escassa.
Se a corrente amarela é intensa e copiosa, produzirá o vigor
e regularidade do funcionamento do coração, ao passo que ao fluir em
torno do chakra cardíaco interpenetrará o sangue impelido pelo coração, e
com ele se difundirá por todo o corpo. Contudo, também vai ao cérebro
parte da corrente amarela, e parece que o vigor dos pensamentos
metafísicos e filosóficos depende em grande parte do volume e
intensidade da corrente amarela, com o correspondente despertar da flor
do decapétala situada no centro do chakra coronário.
Os altos pensamentos e nobres emoções de elevada
espiritualidade parece dependerem em sua maior parte do raio violáceo,
ao passo que o vigor dos pensamentos comuns é estimulado pela ação do
azul mesclado com uma porção do amarelo. Nalgumas modalidades de
idiotice há completa inibição dos fluxos de vitalidade amarela e
azul-violácea, que deveriam banhar o cérebro. A extraordinária atividade
ou grande volume do azulpálido que penetra pelo chakra laríngeo, mantém
a saúde e o vigor dos órgãos desta região do corpo; dá força e
elasticidade às cordas vocais, de modo que nos oradores e cantores essa
corrente parece dotada de muito brilho e atividade.
A debilidade ou doença em qualquer parte do corpo vai acompanhada da escassez ou falta de fluxo de vitalidade naquela parte.
OS ÁTOMOS DESCARREGADOS
À medida que efetuam a sua obra, as correntes de átomos
vão descarregando a vitalidade neles contida, tal como se descarrega a
energia de um acumulador elétrico. Os átomos rosados vão se
empalidecendo gradualmente segundo passam pelos nervos, e no fim saem
pelos poros para formar o que na obra O Homem Visível e Invisível
chamamos "a aura de saúde".
Os átomos, ao saírem do corpo, perdem, em sua maioria, a cor rosada,
de modo que em conjunto oferecem uma cor branco-azulada. A parte do raio
amarelo absorvida pelo sangue também perde sua cor peculiar.
Os átomos assim descarregados de vitalidade passam a fazer parte de
alguma das combinações que se efetuam constantemente no corpo, ou então
saem pelos poros ou pelos condutos ordinários. Os átomos vazios do raio
verde, relacionado principalmente com a digestão, parece que passam
a fazer parte dos resíduos do corpo e com eles são expelidos. O mesmo
sucede com os átomos do raio laranja-avermelhado no caso do homem comum.
Os átomos dos raios azuis, correspondentes ao chakra laríngeo, saem do
corpo no ato da expiração respiratória, e os do raio azul-escuro e do
violeta saem pelo chakra coronário.
Quando o homem sabe refletir a corrente de cor laranja-amarelada de
modo que ascenda pelo conduto medular, os átomos descarregados
dessa corrente e os do violeta-azulado saem pelo chakra coronário em
ígnea cascata que, conforme mostra a figura 2, se representa como uma
chama nas antigas imagens de Buda e outros insignes santos. Tais átomos
voltam a ser utilizados como veículos físicos de alguma das esplendentes
e benéficas energias que os homens sumamente evoluídos irradiam do
chakra coronário.
Depois de terem descarregado a energia vital, os átomos voltam
ao estado de um átomo ordinário, sem outra diferença que a de
haverem melhorado um pouco em virtude do uso a que foram destinados. O
corpo absorve quantos átomos necessita para tomar parte nas
diversas combinações que constantemente se efetuam no organismo físico, e
os não necessários para tal propósito são eliminados pelo conduto
mais conveniente.
O fluxo de vitalidade que penetra pelos chakras e a intensificação do
fluxo não devem ser confundidos com o desenvolvimento do chakra, que se
efetua pelo avivamento do aspecto superior do fogo serpentino
numa ulterior etapa evolutiva do indivíduo, conforme veremos no capítulo
seguinte.
Todos nós absorvemos vitalidade e a especializamos, mas nem todos
a utilizam completamente, porque em muitos aspectos nossas vidas são
tão puras e sensatas quanto o deveriam ser.
Quem embrutece o seu corpo com o uso da carne, álcool e tabaco, não
poderá aproveitar sua vitalidade tão completamente como o homem
de costumes puros. Um indivíduo de hábitos viciosos pode ser, e amiúde o
é fisicamente mais forte e robusto que outro de austera conduta; mas
isto deve-se atribuir ao seu karma passado, porque, em igualdade de
condições, o de conduta pura leva imensa vantagem.
Todas as cores da vitalidade são etéricas, ainda que sua ação
se correlacione de certa forma com o significado dos matizes análogos do
corpo astral. Os pensamentos e emoções harmônicos reagem no corpo
físico e lhe aumentam o poder de assimilação da vitalidade requerida por
seu bemestar.
Conta-se que Buda disse certa ocasião que o primeiro passo no caminho
para o Nirvana, é a perfeita saúde física. E por certo o melhor meio de
consegui-la é o que Buda assinalou no Nobre Óctuplo Caminho -
"Buscai primeiramente o reino de Deus e sua justiça, e o demais vos será
dado por acréscimo." Também nos será conferida a saúde do corpo físico.
VITALIDADE E MAGNETISMO
A vitalidade circulante pelos nervos não deve ser confundida com que
se chama o magnetismo humano, que é o fluido peculiar dos
nervos especializado no conduto medular e constituído pela energia
primária misturada com o kundalini. Este fluido magnético mantém a
constante circulação da matéria etérica pelos nervos, correspondente à
circulação do sangue pelas artérias e veias; e assim como o sangue leva o
oxigênio a todas as partes do corpo, assim também a corrente etérica
conduz a vitalidade pelos nervos.
As partículas do duplo etérico transformam-se incessantemente, tal
como as do corpo denso. Com os alimentos que comemos e o ar
que respiramos ingerimos matéria etérica que é assimilada pelo duplo
etérico.
Pelos poros eliminam-se constantemente matéria etérica e gasosa, de
modo que quando duas pessoas estão em íntimo contato, cada uma delas
absorve grande porção das emanações físicas da outra.
O hipnotizador concentra, por um esforço de vontade,
grande quantidade de tal magnetismo e projetado sobre o paciente, cujo
fluido nervoso repele para substituí-lo pelo que emite.
Sendo o cérebro, como é, o centro da circulação nervosa, parte
do corpo afetado pelo fluido magnético fica sob o domínio do cérebro
do hipnotizador, em vez de estar sob o domínio do cérebro do paciente,
de modo que este experimenta tudo quanto o hipnotizador lhe sugere. Se o
cérebro do paciente fica vazio de seu próprio magnetismo e cheio do
magnetismo do hipnotizador, este poderá dominar aquele de modo que só
pense e faça o que lhe sugerir, pois temporariamente o tem sob seu
completo domínio.
Ainda nos casos de magnetização e hipnotismo terapêuticos,
o magnetizador infunde no paciente muito de suas emanações pessoais
em união com as correntes de vitalidade, e deste modo é evidentemente
possível que, se o magnetizador padece de alguma enfermidade, possa
contagiar o paciente. Mas ainda que a saúde do magnetizador seja
perfeita, também há enfermidades mentais e morais como as fisiológicas; e
como o magnetizador projeta no paciente matéria astral e mental com as
correntes físicas, arriscase a contagiá-lo com essas enfermidades.
Contudo, se o magnetizador é homem de puros pensamentos e cheio do
ardente desejo de beneficiar o próximo, pode contribuir bastante para
aliviar os sofrimentos alheios, se se der ao trabalho de estudar
o problema das correntes que entram no campo pelos chakras e fluem
pelos nervos.
Que infunde o magnetizador no paciente? Fluido nervoso ou também vitalidade, ou ambas as coisas ao mesmo tempo.
Se o paciente está tão sumamente débil e esgotado que é incapaz de
especializar a vitalidade, o magnetizador pode ministrar-lhe a
necessária, infundindo-lhe a sua nos trêmulos nervos, para o enfermo
recuperar rapidamente a saúde.
Este processo é análogo ao da nutrição. Quando o paciente chega a tal
estado de debilidade que o estômago não digere, o corpo não pode
nutrir-se tampouco, e por isso aumenta a debilidade. O remédio em tal
caso é proporcionar ao estômago alimentos já digeridos por meio da
pepsina ou outros preparados análogos de fácil assimilação para
restaurar as forças.
Da mesma maneira, o indivíduo incapaz de especializar por si mesmo a
vitalidade, pode absorvê-la especializada por outro, e esforçar-se em
recobrar o funcionamento normal dos órgãos etéricos. Isto é o
suficiente em muitos casos de debilidade.
Há outros casos em que um ponto qualquer se congestiona e
a vitalidade não circula devidamente, porque seu veículo nervoso
retarda-se pela enfermidade. Convém então substituí-lo por saudável
matéria etérica nervosa, procedente do exterior, e há vários meios de
consegui-lo. Alguns magnetizadores empregam para isso a violência,
infundindo energicamente seu próprio éter na parte doente, com a
esperança de expulsar dali o que é preciso substituir. É possível obter
êxito deste modo, apesar do consumo muito maior de energia do que a
necessária.
Processo mais científico é o que age com maior suavidade;
elimina primeiro a matéria congestionada ou enferma, e a substitui
depois por matéria etérica sã, para estimular pouco a pouco a atividade
da preguiçosa corrente. Por exemplo, se o indivíduo tem dor de cabeça, é
porque seguramente a matéria etérica se terá congestionado nalgum ponto
do cérebro, e a primeira coisa que convém fazer será eliminar essa
matéria.
Como se consegue? Da mesma maneira que a emissão da
energia magnética, isto é, por um esforço de vontade. Não devemos
esquecer que a matéria sutil é facilmente modelada ou afetada pela ação
da vontade humana. Por muitos passes que faça o magnetizador, esses
serão tãosomente o apontar de sua arma para determinada direção,
enquanto que a sua vontade é a pólvora que impele o projétil e produz o
resultado, ou seja, a emissão do fluido.
O magnetizador que saiba bem o que faz, pode obter o mesmo resultado
através de passes ou sem recorrer a eles. Conheci um que se valia apenas
do olhar fixo no paciente. A mão serve unicamente para concentrar
o fluido, e ocasionalmente, para favorecer a imaginação do magnetizador
pois para querer fortemente tem de crer, também firmemente, e sem dúvida
o gesto manual lhe facilita a operação.
Da mesma forma que o hipnotizador ou magnetizador pode
emitir magnetismo por um esforço de sua vontade, também pelo mesmo
esforço pode descarregar o paciente do magnetismo que lhe infundiu, e
neste caso pode valer-se do auxílio dos passes manuais.
Se se trata de uma dor de cabeça, o hipnotizador colocará as
mãos sobre a fronte do paciente e as imaginará como esponjas que
absorvem o deletério magnetismo do cérebro. Notará imediatamente que,
com efeito, está produzindo o resultado que imagina, pois se não toma a
precaução de rejeitar o nocivo magnetismo segundo o vá absorvendo, lhe
sobrevirá a dor de cabeça, ou lhe ficarão doloridos os braços e a mão
com que efetuar a operação, porque a matéria enferma inoculada pode
afetar-lhe a saúde e convém eliminá-la antes que se apodere de seu
corpo.
Portanto, deve seguir para isso determinado processo, e o
mais simples é o de fazer com as mãos o gesto de atirá-los como se
atirasse água para fora Ainda que o hipnotizador não a veja, a matéria
que extraiu é física, e assim podemos tratá-la por meios físicos.
Conseqüentemente, é necessário que o hipnotizador não descuide destas
precauções, nem deixe de lavar escrupulosamente as mãos depois de curar
um enfermo de dor de cabeça ou outra doença da mesma espécie.
Uma vez eliminada a causa da enfermidade, passa a magnetizador a
carregar o enfermo de saudável magnetismo e a resguardá-lo
contra recaída na enfermidade. Este processo tem múltiplas vantagens
na terapêutica mental das afecções nervosas, muitas das quais consistem
no transtorno circulatório dos fluidos que passam pelos nervos, e que,
ou se congestionam, ou são muito tardios ou muito rápidos, ou escassos
em quantidade ou de má qualidade.
Os medicamentos de toda classe só têm eficácia no nervo físico,
e muito pouca nos fluidos circulantes, enquanto que o magnetismo
atua diretamente sobre os fluidos e penetra diretamente na raiz do mal.
Notas do capítulo:
-
A rigor, este átomo rosa é o primeiro, porque nele aparece originariamente a energia.
-
Purana Garuda XV: 40-43. Série dos Livros sagrados hinduístas. Tradução de Wood.
-
Consta que esta essência é denominada rasa no texto original, e bem pode significar sangue.