sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Iglus plásticos substituem estações de tratamento de esgoto

Quando se procura, acha. As soluções existem, falta vontade para encontrá-las. Fiz um curso na área de meio ambiente no Rio que incluia uma visita à estação de tratamento de esgoto em Niterói. Eu e minha filha que também fazia o curso comigo ficamos encantadas. As bactérias aeróbicas e anaeróbicas estavam fazendo um excelente trabalho, e pudemos constatar que o mercado de peixes das proximidades exalava mais cheiro do que aquela estação completamente inodora. E eu me pergunto: Quando é que os interesses pessoais cederão lugar à eficácia? Soluções há, mas há também quem se alimente dos problemas.  A reportagem abaixo mostra um exemplo de solução simples e eficaz para determinados casos.

Umaia

Iglus plásticos substituem estações de tratamento de esgoto

Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/01/2011
Iglus plásticos para bactérias substituem estações de tratamento de esgoto
Os iglus instalados para a bateria de testes. Para operar eles devem ficar totalmente submersos. [Imagem: Waste Compliance Systems Inc.]
Lagoas de resíduos
Pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, desenvolveram um novo sistema de tratamento de esgotos simples e barato e que tem a mesma eficácia das grandes instalações de tratamento.
Os iglus foram projetados para aliviar a carga de poluentes de lagoas usadas para tratar resíduos.
Pequenas comunidades usam lagoas de águas residuais como método primário de tratamento porque elas são simples para operar e baratas. As águas residuais são mantidas na lagoa por períodos que vão de um mês a um ano, para que os sólidos decantem.
A luz solar, as bactérias, o vento e outros processos naturais fazem o resto, limpando a água. Em comunidades maiores pode-se usar a aeração para otimizar o processo.
Os problemas surgem quando a comunidade cresce e a lagoa não dá mais conta do recado. A migração para uma estação de tratamento completa pode custar muito caro.
Iglus para bactérias
O Dr. Kraig Johnson e seus colegas desenvolveram então os iglus de tratamento de água, que oferecem uma grande superfície para o crescimento de bactérias.
O iglu fornece aos micróbios o ar e o ambiente escuro para que eles consumam os poluentes das águas residuais de forma contínua, com um mínimo de concorrência das algas que vivem nas lagoas.
Cada iglu consiste de um conjunto de quatro cúpulas de plástico, progressivamente menores, umas dentro das outras, cheias de embalagens plásticas para fornecer uma grande superfície para o crescimento bacteriano.
Eles são instalados em linhas, no fundo da lagoa, devendo ficar totalmente submersos.
Anéis de tubos perfurados soltam bolhas de ar através das cavidades entre as cúpulas.
Iglus plásticos para bactérias substituem estações de tratamento de esgoto
Cada iglu consiste de um conjunto de quatro cúpulas de plástico, progressivamente menores, umas dentro das outras. [Imagem: Waste Compliance Systems Inc.]
Conforme o ar se move através das cúpulas, até sair por um furo no topo do iglu, ele não só fornece o oxigênio necessário para as bactérias, como também cria um movimento da água do fundo da lagoa em direção ao topo. Essa circulação garante que a água suja esteja sempre entrando no sistema e sendo tratada.
Estação de tratamento
Cada iglu ocupa cerca de 10 metros quadrados no fundo da lagoa, criando uma área superficial para o crescimento das bactérias de quase 1.000 metros quadrados. O consumo de energia é de 75 watts por iglu, o que abre a possibilidade de sua alimentação por energia solar ou eólica.
Segundo os pesquisadores, a combinação da grande área superficial, com a aeração, a mistura constante e um ambiente escuro que inibe o crescimento das algas, tudo isso torna os iglus capazes de consumir poluentes em taxas comparáveis com as estações de tratamento tradicionais, que exigem instalações caras, grandes bombas e muita energia para funcionar.
"Os resultados deste estudo mostram que é possível economizar centenas de milhares, senão milhões de dólares, das comunidades que usam sistemas de lagoas, adaptando suas instalações de tratamento de águas residuais já existentes [para operar com os iglus]," explica Fred Jaeger, diretor da Wastewater Compliance Systems, uma empresa nascente que licenciou a tecnologia e irá começar a comercializar os iglus.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Brasil dobra número de mestres e doutores em dez anos

Em conversas com pessoas de certos setores da sociedade, percebo que há uma total desinformação quanto ao investimento em educação superior no Brasil. Cheguei até mesmo a ouvir que pelo fato de termos tido um presidente com pouca instrução, o Brasil não estava preocupado com este setor. 

Ao ouvir tal informação, tratei de alertar a pessoa de que seria melhor ela não repetir mais o que estava dizendo, pois contradizia, não aos discursos políticos, mas às estatísticas, que são muito mais objetivas. Talvez pelo mesmo fato, ou seja, de o presidente não ter tido acesso à educação superior foi que foi dada tanta importância a ela em seu governo. Vejamos o artigo:

Brasil dobra número de mestres e doutores em dez anos. 
Por Vinicius Konchinski, da Agência Brasil

O número de mestres e doutores titulados no Brasil dobrou nos últimos dez anos. De 2001 a 2010, a quantidade de pesquisadores formados por ano no país passou de 26 mil para cerca de 53 mil, segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
De acordo com o órgão, só em 2010, 12 mil receberam o título de doutor e 41 mil o de mestre. Esses dados constam do balanço final do Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação divulgado pelo governo federal no fim do ano passado.

O documento compila informações de vários órgãos ligados à pesquisa no país e avalia o resultado de um plano de investimento lançado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em 2007.
Segundo o documento, só em 2009, 161 mil estudantes estavam matriculados em programas de mestrado e doutorado de universidades brasileiras. O número equivale a 90% da soma dos mestres e doutores titulados no país de 2003 até 2009.
“Esses números são extremamente significativos”, afirmou o pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo (USP), Vahan Agopyan. “Para padrões latino-americanos, é um crescimento muito grande. Mas ainda temos que avançar”.

Em entrevista à Agência Brasil, Agopyan disse que o aumento na titulação de pesquisadores deve-se principalmente ao investimento governamental. Segundo ele, governo federal e de alguns estados como São Paulo, Paraná e Bahia entenderam a importância da pesquisa para o desenvolvimento do país e, por isso, passaram dar mais atenção ao setor.
Por conta disso, nos mesmos dez anos, o número de cursos de pós-graduação no país também cresceu. Em 2001, eles eram 1,5 mil. Já em 2009, subiram para 2,7 mil. Só as universidades federais têm quase 1,5 mil programas de mestrado ou doutorado.

Além disso, cresceu o número de bolsas de estudo concedidas a estudantes. Em 2001, a Capes e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) concederam 80 mil bolsas de mestrado e doutorado. Em 2010, foram 160 mil.
Todo esse investimento, entretanto, não atingiu às expectativas do ministério. No lançamento do plano de ação, a previsão era de que o Brasil passasse a investir o equivalente a 1,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisas até 2010. O montante chegou a 1,25%.

“Empresas também precisam investir em pesquisa”, complementou Agopyan, apontando uma das falhas que o país precisa resolver. “O Brasil é grande. Precisamos formar pelo menos 20 mil doutores por ano”.
A China, por exemplo, investiu 1,44% do seu PIB em 2007. Com isso, formou 36 mil doutores. Já o Japão, um dos países mais inovadores do mundo, investiu 3,44% e formou 17 mil doutores em um ano.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Tesouro de Bresa

Muito interessante...
(com base no livro Os Melhores Contos, de Malba Tahan)

Houve o outrora, na Babilônia, um pobre e modesto alfaiate chamado Enedim, homem inteligente e trabalhador, que não perdia a esperança de vir a ser riquíssimo. Como e onde, no entanto, encontrar um tesouro fabuloso e tornar-se, assim, rico e poderoso? Um dia, parou na porta de sua humilde casa, um velho mercador da Fenícia, que vendia uma infinidade de objetos extravagantes. Por curiosidade, Enedim começou a examinar as bugigangas oferecidas, quando descobriu, entre elas, uma espécie de livro de muitas folhas, onde se viam caracteres e estranhos e desconhecidos.
Era uma preciosidade aquele livro, afirmava o mercador, e custava apenas três dinares. Era muito dinheiro para o pobre alfaiate, razão pela qual o mercador concordou em vender-lhe o livro por apenas dois dinares. Logo que ficou sozinho, Enedim tratou de examinar, sem demora, o bem que havia adquirido. Qual não foi sua surpresa quando conseguiu decifrar, na primeira página, a seguinte legenda: "O Segredo do Tesouro de Bresa." Que tesouro seria esse? Enedim recordava vagamente de já ter ouvido qualquer referência a ele, mas não se lembrava onde, nem quando. Mais adiante decifrou: "o tesouro de Bresa, enterrado pelo gênio do mesmo nome entre as montanhas do Harbatol, foi ali esquecido, e ali se acha ainda, até que algum homem esforçado venha encontrá-lo." Muito interessado, o esforçado tecelão dispôs-se a decifrar todas as páginas daquele livro, para apoderar-se de tão fabuloso tesouro.
Mas, as primeiras páginas eram escritas em caracteres de vários povos, o que fez com que Enedim estudasse os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos persas e o idioma dos judeus. Em função disso, ao final de três anos Enedim deixava a profissão de alfaiate e passava a ser o intérprete do rei, pois não havia na região ninguém que soubesse tantos os idiomas estrangeiros. Passou a ganhar muito mais e e a viver em uma confortável casa. Continuando a ler o livro encontrou várias páginas cheias de cálculos, números e figuras. Para entender o que lia, estudou matemática com os calculistas da cidade e, em pouco tempo, tornou-se grande conhecedor das transformações aritméticas. Graças aos novos conhecimentos, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio Eufrates, o que fez com que o rei o nomeasse prefeito. Ainda por força da leitura do livro, Enedim estudou profundamente as leis e princípios religiosos de seu país, sendo nomeado primeiro¬ministro daquele reino, em decorrência de seu vasto conhecimento. Passou a viver em suntuoso palácio e recebia visitas dos príncipes mais ricos e poderosos do mundo. Graças a seu trabalho e ao seu conhecimento, o reino progrediu rapidamente, trazendo riquezas e alegria para todo seu povo. No entanto, ainda não conhecia o segredo de Bresa, apesar de ter lido e relido todas as páginas do livro. Certa vez, teve a oportunidade de questionar um venerando sacerdote a respeito daquele mistério, que sorrindo esclareceu: "O tesouro de Bresa já está em seu poder, pois graças ao livro você adquiriu grande saber, que lhe proporcionou os invejáveis bens que possui. Afinal, Bresa significa SABER e HARBATOL quer dizer trabalho." Com estudo e trabalho pode o o homem conquistar tesouros inimagináveis. O tesouro de Bresa é o saber, que qualquer homem esforçado pode alcançar, por meio dos bons livros, que possibilitam "tesouros encantados" àqueles que se dedicam aos estudos com amor e tenacidade.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Cronica AMIGOS - de Vinícius de Moraes

Ofereço esta crónica a todas as pessoas queridas que fazem deste planeta um lugar maravilhoso de se viver. Felizzzzz 2011 a todos!!!
Um beijo no coraçao,
Umaia
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Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Lama apresenta as similaridades entre os ensinamentos de Cristo e do Buda

Por Sonielson Sousa - Jornal O GIRASSOL
sonielson.ogirassol@uol.com.br

Zopa Norbu, Lama do Budismo dos Himalaias (popularmente conhecido como Budismo Tibetano) e diretor para São Paulo do Kagyu Dag Shang Choling - Jardim do Dharma, lança mais uma obra literária que, no mínimo, irá mudar muitos paradigmas, sobretudo daqueles que veem mais similaridades que discrepâncias entre o Budismo e o Cristianismo, duas das maiores religiões do mundo. Aliás, “O Coração da Bondade” trata de temas que transcendem a mera fundamentação religiosa e leva-nos a reconhecer as relações naturais entre tão antigas e belas filosofias, que há séculos são separadas por más interpretações, num jogo que resultou em ações de desunião, em total descompasso com os ensinamentos originais.

Em 90 páginas, o Lama Zopa Norbu dedica-se em boa parte a esmiuçar um dos mais íntimos de todos os nossos medos, presente tanto nas palavras de Cristo quanto nas do Buda. Trata-se do fato de termos de encarar a nós mesmos, desnudos das facetas cotidianas, para que a partir daí se possa, conscientemente, iniciar um verdadeiro caminho de evolução espiritual.

Questionado sobre o porquê escrever um livro com tal temática, Zopa Norbu diz que vê a mística cristã “profundamente emotiva e muitas vezes os próprios místicos se perdem nas suas experiências”. Já a mística de Buda, diz, “é muito racional”. O autor alerta que Buda nunca criou uma religião, “ele expôs os mecanismos da nossa mente, e em especial da mente do homem que procura a si mesmo e tenta entender a sua própria divindade”. Então, para Zopa Norbu, Budismo e Cristianismo são dois “ismos” que em nada ajudam ao ser humano que procura uma saída transcendental. “Como falou JY Leloup, as igrejas - sejam elas budistas ou cristãs - não são donas nem de Jesus nem de Buda”, ensina.

Um novo olhar

No título do livro, há a referência de que o tema recebe “um novo olhar”. O que o leitor pode esperar de novo nesta obra? O Lama responde: “Algo mais próximo de sua própria realidade. Tanto o Budismo como o Cristianismo trazem mensagens que remetem há 2000 anos. Mas hoje se torna necessária uma forma de olhar através de nossa mente do século XXI, sem com isso perder o conteúdo, pois ele é eterno. A transformação mística do ser humano sempre seguiu e seguirá o mesmo caminho”.

Zopa Norbu diz que a via crúcis de Jesus é a de qualquer ser humano que quer se conhecer. “Hoje as mensagens do Cristianismo e do Budismo estão atreladas a grandes corporações comerciais. Abordo isso no livro. As igrejas pentecostais constroem templos caríssimos, os católicos construíram suas igrejas com o ouro roubado das colônias, os budistas constroem templos milionários e mentem falando que esse dinheiro vem de seus fiéis. Isto se deve ao ego deformado de seus líderes que esquecem a mensagem de humildade e santidade dos seus mentores”, denuncia, para complementar que atualmente os líderes estão mais interessados em serem servidos “pelos seus lacaios de turno do que treinar meditação”.

Questionado se há, de fato, muitas similaridades entre o Budismo e o Cristianismo, o autor diz que, a seu ver, trata-se de duas caras da mesma moeda. “Claro que sempre teremos aqueles que só encontram as diferenças, porém eu quero encontrar aquilo que me ajude a ser cada vez melhor. Deste ponto, Cristo é Budha e Budha é Cristo”, defende.

Há vários relatos de ocidentais – inclusive alguns famosos do Brasil – que ao aderir ao Budismo dizem ter experimentado um verdadeiro choque, tamanha diferença de matriz ideológica. Para o leitor, deve ficar a dúvida: Se há muita similaridade entre as linhas de pensamento (isso do ponto de vista da origem de tais religiões), a que se deve este abismo inicial? “O Budismo fala para procurar ‘Deus’ dentro de ti e não fora; já no Cristianismo – das igrejas e templos – apresenta-se Deus como algo que está fora da pessoa. Esta é uma das causas mais desgraçadas que eles fizeram com seus povos, pois está aí o cerne de uma das causas de toda a maldade que existe hoje no mundo”, explica.

Crítica à erudição

O Lama Zopa Norbu é conhecido pela sua crítica à chamada “erudição religiosa”. Perguntado sobre o que acontece com uma mensagem que, de tempos em tempos, é reinterpretada pelos eruditos, o Lama comenta que, em virtude da ausência de treino místico por parte dos eruditos, as mensagens se tornam mais e mais complicadas. “Como se diz nos pampas, ficam tentando encontrar a quinta pata do gato”, fala, em tom bem-humorado. Zopa Norbu diz que, na verdade, o que critica nos eruditos é a arrogância perniciosa destes que se autointitulam “conhecedores do que um Budha ou um Cristo pensa”. “Se eles olhassem mais profundamente, poderiam observar que estão completamente cegos dentro de sua própria interpretação das escrituras”, alerta, para completar que “o Budha deu exemplos disto”. Para elucidar, Zopa Norbu lembra a parábola dos cegos e do elefante, onde cada um descrevia o elefante desde o ponto de vista da parte do animal que tocava, sendo que uns pensavam que o elefante era como uma montanha, porque estavam tocando uma das patas do animal. Outros pensavam que o mamífero era magro e flexível porque pegavam o rabo, e assim por diante. “Os eruditos falam sobre o que não conhecem, tornam-se arrogantes e obscurantistas. Manipulam as mentes humanas e confundem os espíritos dos seres humanos. Os grandes mestres e iluminados de todos os tempos não foram eruditos, eram pessoas simples e de bom coração que queriam viver como Budha e Jesus”, explicita Zopa Norbu, com destemor.

Sem fundamentalismos

De leitura fácil e agradável, “O Coração da Bondade” estimula as pessoas a saírem da zona de conforto que permeia grande parte de suas vidas – senão, de toda a vida – para observar uma realidade bem mais ampla. Questionado sobre de que forma o livro contribuirá para atenuar o discurso exclusivista dos fundamentalistas, o escritor diz não acreditar que a obra diminuirá o problema. “Possivelmente eles [os fundamentalistas] o ataquem ou chamem de obra do demônio. Aliás, eles enxergam o demônio em tudo. Do ponto de vista do Budismo, quem enxerga o demônio em tudo é o próprio demônio. É de se pensar, não é?”, questiona, para logo dizer que o objetivo do livro é alcançar as pessoas comuns, e que assim “encontrem nele um pouco de consolo”. “Espero que o livro chegue às milhares de pessoas que estão neste momento clamando por uma saída, e que todos aqueles que leem esta matéria me ajudem a divulgar o mesmo”, conclui.

O “O Coração da Bondade” é um instrumento perfeito para ampliar a visão de budistas, cristãos e qualquer interessado em crescer espiritualmente. A obra derruba fronteiras e serve de antídoto para uma época tão marcada pelo fundamentalismo. É um livro verdadeiramente transformador.



Serviço
O que: Lançamento de livro
Título: O Coração da Bondade – A Mística Cristã e Budista sob um Novo Olhar
Autor: Lama Zopa Norbu
90 páginas

Fonte:Instituto Maitri

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Pochmann: Brasil poderia ter superado a pobreza há 20 anos

SEGUNDA-FEIRA, 27 DE DEZEMBRO DE 2010
Márcio Pochmann é entrevistado por Dayanne Sousa do Terra Magazine

Se as políticas de desenvolvimento social tivessem acompanhado o crescimento da economia há décadas, a pobreza estaria extinta há pelo menos 20 anos, pondera o economista Marcio Pochmann. O presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) avalia que a presidente Dilma Rousseff tem condições de cumprir sua principal promessa de campanha: superar a miséria.

Um estudo do Ipea divulgado no início do ano prevê que a pobreza extrema seja erradicada no Brasil até 2016.

- A possibilidade de superarmos a pobreza é algo que faz parte da agenda de superação do próprio subdesenvolvimento. O que nós estamos vendo agora é um avanço mais rápido do padrão social e por isso que o Brasil consegue ter esse indicativo de superação da pobreza nos próximos cinco ou seis anos.

Em entrevista a Terra Magazine, Pochmann destaca o desenvolvimento dos últimos anos e os programas sociais do governo Lula.

- Eu acho que nós só podemos comparar o desempenho brasileiro deste ano com o que nós vivenciamos na primeira metade da década de 70, com o chamado Milagre Econômico. Mas esse crescimento de agora tem distribuição de oportunidades.

Apesar dos elogios, ele acredita que Dilma terá desafios maiores. Entre eles, lidar com novas características da economia como o aumento da população idosa e o crescimento da importância do setor de serviços. Além disso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega - que continuará na pasta -, já anunciou a necessidade de cortes nos gastos públicos nos próximos anos.

Para Pochmann, o corte deve ser nos gastos improdutivos, como os provocados pelos altos juros.

- Nós vínhamos num ritmo bastante acelerado, crescendo acima de 7% ao ano. E possivelmente teremos um crescimento menor para 2011. Ao redor de 5%, o que já é bastante grande olhando o período recente do Brasil. Uma coisa é o custeio, outra coisa é o investimento. Espero que essas decisões considerem o teor do investimento, que é crucial.

Terra Magazine - A ascensão social e o crescimento da classe C nos últimos anos foram destacados no governo Lula. A que isso se deve?
Marcio Pochmann - Se nós olharmos ao longo do século 20, o Brasil foi uma das nações que mais cresceu do ponto de vista econômico, ampliando a base material que permitiu que deixássemos de ser um país agrícola e nos transformássemos num país industrial.

A despeito desse avanço econômico, os avanços sociais foram relativamente pequenos quando a gente olha o conjunto da população.
O Brasil não fez o conjunto das reformas que os outros países fizeram, não fez reforma agrária, não fez reforma social, não fez reforma tributária.
É natural que sem essas reformas não pudessem ser mais bem distribuídos os ganhos que o Brasil obteve. Apesar dessa característica de um processo muito concentrador, nós sempre tivemos uma forte mobilidade social.
É uma característica do capitalismo brasileiro. Mas nas décadas de 80 e 90 essa mobilidade foi reduzida. Era cada vez mais difícil que os filhos de classe média conseguissem reproduzir o padrão de seus pais.
O que nós temos nesta primeira década do século 21 é a forte mobilidade social. O desafio do próximo governo é como abrir as oportunidades não apenas para a base da pirâmide social, mas também acima dos níveis intermediários.

Como assim?
Isso depende não apenas do crescimento da economia, mas do tipo e da natureza do crescimento. Porque crescer é importante, mas depende do tipo.
O desenvolvimento fundado na produção de commodities permite a economia crescer, mas as oportunidades, a qualidade das ocupações é diminuta.
A expansão de setores de maior valor agregado pode permitir a contratação de pessoas com salários maiores.

No final de 2009, o senhor disse em entrevista a Terra Magazine que 2010 seria o melhor ano para o Brasil. Foi, de fato?

Eu acho que nós só podemos comparar o desempenho brasileiro deste ano com o que nós vivenciamos na primeira metade da década de 70, com o chamado Milagre Econômico.
Só que esse desempenho de 2010 é diferente daquele.
Nós crescemos um pouco menos, mas esse crescimento de agora tem distribuição de oportunidades.
Com saída da pobreza de parcela significativa da população e ampliação das oportunidades escolares. Um país que está crescendo sem depender do mercado externo, contrário do que era no Milagre Econômico.
É muito mais saudável o que está acontecendo neste ano de 2010. Especialmente pelo número de empregos formais, que é uma coisa impressionante.

A presidente Dilma fez uma promessa de erradicar a miséria. Isso é possível? Como?
Quando nós falamos em nova classe média no Brasil, causamos a falsa impressão de que se trata de uma classe média com padrão de vida europeu.
Isso não é verdade, estamos num país que carrega as condições de um país subdesenvolvido. A possibilidade de superarmos a pobreza é algo que faz parte da agenda de superação do próprio subdesenvolvimento.
Pobreza
É estranho que o Brasil - já sendo a oitava economia do mundo na década de 70 - tivesse 40% da sua população vivendo na condição de pobreza.
Nós poderíamos ter superado a pobreza há 20 anos.
É bastante peculiar no Brasil o disparate entre a base material e econômica que o país possui e o padrão social.
O que nós estamos vendo agora é um avanço mais rápido do padrão social e por isso que o Brasil consegue ter esse indicativo de superação da pobreza nos próximos cinco ou seis anos. Isso é viável. É evidente que precisa crescer e sofisticar melhor as políticas sociais, mas não é impossível.

E quais os desafios, então?
População aumenta, mas a Taxa decresce
Cada vez mais a gente vem enfrentando a nova pobreza. Ela é caracterizada, em primeiro lugar, pela transição demográfica que nós estamos vivendo. Um processo acelerado de envelhecimento dos brasileiros.
Infelizmente o Brasil ainda não está preparado para lidar com uma parcela significativa da população em condição de pobreza.

Temos 3 milhões de pessoas com mais de 80 anos e em 2030 pode ter cerca de 20 milhões de pessoas com 80 anos ou mais. Isso significa considerar um fundo público de políticas nesse segmento e políticas de saúde nessa direção.
Também estamos vivendo uma transição do ponto de vista da organização da economia, que está cada vez mais centrada nos serviços.
Isso não quer dizer que a indústria e a agricultura não sejam importantes, mas nós vamos gerar emprego é no setor de serviços.
Isso pressupõe uma nova forma de olhar essas ocupações; pressupõe olhar o conhecimento como a principal forma de manejo.
E nós temos problemas sérios na educação.

A necessidade já anunciada pelo ministro Guido Mantega de fazer cortes nos gastos públicos pode prejudicar os investimentos na área social?
Nós vínhamos num ritmo bastante acelerado, crescendo acima de 7% ao ano. E possivelmente teremos um crescimento menor para 2011. Ao redor de 5%, o que já é bastante grande olhando o período recente do Brasil.
Uma coisa é o custeio, outra coisa é o investimento.
Espero que essas decisões considerem o teor do investimento, que é crucial uma vez que o investimento é a melhor política para conter a inflação.
O investimento permite ampliar a capacidade produtiva gerando mais produtos e serviços e evitando uma inflação de demanda.

O senhor acha que seja necessário reduzir os gastos públicos?
Sim. Se olharmos o gasto como um todo, incluída a despesa com juros, eu não tenho dúvida.
Nós temos todas as condições de reduzir a despesa pública, especialmente aquela que é improdutiva para o país: a despesa com os juros.
O Brasil está gastando de 5% a 6% do PIB. Isso é um gasto elevadíssimo, um absurdo.

A economia já cresce o suficiente para que seja possível haver ajuste fiscal sem que isso afete o crescimento da economia?
Crescimento da Economia
Eu acredito que nós já abandonamos essa fase de ajuste fiscal. Essa política sofreu derrotas nas últimas três eleições.
O Brasil, de uns tempos para cá, trocou o ajuste fiscal pelo desenvolvimento.
O que está em jogo neste momento é: quais são as condições macroeconômicas para garantir o desenvolvimento brasileiro.
As finanças públicas são o meio, não o fim.
Nos anos 90, o ajuste fiscal era o fim. O governo estava organizado para o ajuste fiscal. E lamentavelmente o que nós vimos foi um aumento do endividamento público, especialmente comparado ao PIB. E o aumento da carga fiscal.
Hoje o que estamos verificando é que a dívida pública caiu. E não porque teve ajuste fiscal, mas porque a produção cresceu mais rapidamente.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Espírito Natalino e Festas de Final de Ano.

O espírito Natalino é algo muito interessante...
A Igreja criou uma data especial para celebrar o nascimento do menino Jesus justamente na época das festas pagas, constituindo-se dessa forma, em um ato político-religioso.
Com o tempo, as pessoas passaram a comemorar a data se confraternizando, trocando presentes, e fazendo visitas aos seres queridos, e isso fez nascer o espírito natalino.
Em decorrencia disso, o comércio nos países em que se comemora o Natal foi aquecido nesta época, e o espírito capitalista tornou-se um forte aliado do espírito de Natal.
Espírito Natalino, espírito Capitalista, espírito Familiar... Mas o que é mesmo que se comemora?
Vamos aproveitar essa época, para refletir sobre o espírito do Mundo Moderno, sobre os atuais valores, sobre as relaçoes e principalmente sobre nós mesmos e nossas metas como almas eternas...
Se somos de fato almas imortais, e eu acredito que sim, temos que pensar em coisas que estao além das datas, dos calendários e dos presentes... temos que pensar nas liçoes que elas trazem para nós, pois isso sim, é eterno.

O que significa a vida de Jesus para nós? Que liçoes ela nos trouxe? O que pensamos na ceia de Natal? A quem brindamos? Onde "senta" o aniversariante que está entre nós apenas em espírito? Será esta comemoraçao algo que nos torna pessoas melhores?

Que neste ano que se avizinha, nós possamos avaliar nossa atuaçao frente aos desafios que se apresentam em nossa vida. Que nós possamos nos colocar na mesma situaçao que o cordeiro na cruz e perceber a nossa leitura do mundo e nossa reaçao ante os desafios. E mais ainda, que possamos avaliar o que o verdadeiro Espírito do Natal pode acrescentar para a nossa vida eterna...
Feliz Espírito de Natal a todos!