sábado, 23 de abril de 2011

Estudos relacionam obesidade a flora intestinal “ruim”

Pelo visto, a solução para quem quer emagrecer é muita fibra... 

Umaia

Estudos relacionam obesidade a flora intestinal “ruim” 

Os cientistas estão, nos últimos anos, começando a entender como vivem os trilhões de seres que há no intestino de cada ser humano. Ainda que seja você quem come chocolate todos os dias, uma flora intestinal que não ajuda pode ser a culpada pelos seus pneuzinhos, dizem os pesquisadores.
Em 2006, um estudo na “Nature” mostrou que gordos tinham um tipo diferente de flora intestinal. Não se sabia bem se a obesidade era causa ou consequência.
Três anos depois, um pesquisador americano, Jeffrey Gordon, da Universidade Washington, propôs na “Science Translational Medicine” que engordar era consequência. Ele dizia que as pessoas deveriam saber que tipo de bactérias há em seu intestino para saber se eram vulneráveis à obesidade.
Agora, um outro trabalho na “Nature” mostra que existem três diferentes tipos de flora intestinal. Do mesmo jeito que cada ser humano tem um tipo sanguíneo, todos tem um “tipo intestinal”.
Cada um representa um tipo de bactéria diferente que predomina no intestino. Assim, ao menos por enquanto, esses tipos não tem nomes fáceis como “O positivo” ou “A negativo”, mas “predominância de Bacteroides” ou “predominância de Prevotella”.
Ficou claro para os pesquisadores que o tipo intestinal nada tem a ver com com a etnia do indivíduo, com o seu país de origem ou com a sua maneira de se alimentar.
Como cada bactéria tem uma eficiência diferente na hora de extrair energia dos alimentos, é possível que aquele amigo que come feito quem nunca viu comida e continua magro tenha tido a sorte de nascer com o tipo de flora intestinal certa.
Os cientistas, de várias instituições europeias (com colaboração da Universidade Federal de Minas Gerais), não conseguiram, porém, apontar qual das três floras intestinais é de gordinho e qual é de “magro de ruim”. Estudaram bactérias de europeus, americanos e japoneses.
Era um grupo de poucas dezenas de pessoas. Os cientistas estão planejando repetir o trabalho agora com 400.
Mesmo que eles consigam novos resultados, certamente o tipo intestinal não será a única explicação para a obesidade. Outros fatores, como a alimentação e questões genéticas não relacionados ao intestino, certamente têm um peso grande.
De qualquer forma, não é possível subestimar o papel das bactérias no organismo humano.
Elas são muitas: enquanto o corpo humano tem cerca de 10 trilhões de células, cada pessoa carrega consigo mais de 300 trilhões de bactérias de todos os tipos.
Ou seja: há bem mais células de bactérias em você do que células de você mesmo. (Fonte: Ricardo Mioto/ Folha.com)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Senado italiano vota pela suspensão de programa nuclear

Senado italiano vota pela suspensão de programa nuclear

O Senado italiano aprovou, esta quarta-feira (20), uma proposta para suspender um projeto de retorno da energia nuclear depois do acidente no Japão, e um ministro disse que Roma seguirá a orientação da União Europeia daqui para frente.
A proposta do governo para bloquear os planos de construir usinas nucleares foi aprovada com o “Não” dos partidos de oposição Democrático e Itália dos Valores, e agora seguirá para a Câmara de Deputados para aprovação final.
A oposição italiana é contra a energia nuclear, mas tem criticado o governo pelo que dizem ser uma medida que suspenderá o programa nuclear apenas temporariamente.
O ministro de Desenvolvimento Econômico Paolo Romani disse que a Itália vai reconsiderar a energia nuclear “quando a Europa como um todo tomar decisões partilhadas por todos os países”, referindo-se aos planejados “testes de estresse” nas usinas nucleares europeias.
Romani também disse que como resultado da votação, o referendo sobre o uso de energia nuclear, proposto pela oposição para junho, não seria mais necessário. (Fonte: Yahoo!)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O duelo entre a vida e morte.

Leonardo Boff


O duelo entre a vida e morte.

Num dos mais belos hinos da liturgia cristã da Páscoa, que nos vem do século XIII, se canta que “a vida e a morte travaram um duelo; o Senhor da vida foi morto mas eis que agora reina vivo”. É o sentido cristão da Páscoa: a inversão dos termos do embate. O que parecia derrota era, na verdade, uma estratégia para vencer o vencedor, quer dizer a morte. Por isso, a grama não cresceu sobre a sepultura de Jesus. Ressuscitado, garantiu a supremacia da vida.
A mensagem vem do campo religioso que se inscreve no humano mais profundo, mas seu significado não se restringe a ele. Ganha uma relevância universal, especialmente, nos dias atuais, em que se trava física e realmente um duelo entre a vida e a morte. Esse duelo se realiza em todas as frentes e tem como campo de batalha o planeta inteiro, envolvendo toda a comunidade de vida e toda a humanidade.

Isso ocorre porque, tardiamente, nos estamos dando conta de que o estilo de vida que escolhemos nos últimos séculos, implica uma verdadeira guerra total contra a Terra. No afã de buscar riqueza, aumentar o consumo indiscriminado (63% do PIB norte-americano é constituído pelo consumo que se transformou numa real cultura consumista) estão sendo pilhados todos os recursos e serviços possíveis da Mãe Terra.

Nos últimos tempos, cresceu a consciência coletiva de que se está travando um verdadeiro duelo entre os mecanismo naturais da vida e os mecanismos artificiais de morte deslanchados por nosso sistema de habitar, produzir, consumir e tratar os dejetos.

As primeiras vítimas desta guerra total são os próprios seres humanos. Grande parte vive com insuficiência de meios de vida, favelizada e superexplorada em sua força de trabalho. O que de sofrimento, frustração e humilhação ai se esconde é inenarrável.

Vivemos tempos de nova barbárie, denunciada por vários pensadores mundiais, como recentemente por Tsvetan Todorov em seu livro O medo dos bárbaros (2008). Estas realidades que realmente contam porque nos fazem humanos ou cruéis, não entram nos calculos dos lucros de nenhuma empresa e não são considerados pelo PIB dos países, à exceção do Butão que estabeleceu o Indice de Felicidade Interna de seu povo. As outras vítimas são todos os ecossistemas, a biodiversidade e o planeta Terra como um todo.

Recentemente, o prêmio Nobel em economia, Paul Krugmann, revelava que 400 famílias norte-americanas detinham sozinhas mais renda que 46% da população trabalhadora estadunidense. Esta riqueza não cai do céu. É feita através de estratégias de acumulação que incluem trapaças, superespeculação financeira e roubo puro e simples do fruto do trabalho de milhões.

Para o sistema vigente e devemos dizê-lo com todas as letras, a acumulação ilimitada de ganhos é tida como inteligência, a rapinagem de recursos públicos e naturais como destreza, a fraude como habilidade, a corrupção como sagacidade e a exploração desenfreada como sabedoria gerencial. É o triunfo da morte. Será que nesse duelo ela levará a melhor?

O que podemos dizer com toda a certeza que nessa guerra não temos nenhuma chance de ganhar da Terra. Ela existiu sem nós e pode continuar sem nós. Nós sim precisamos dela. O sistema dentro do qual vivemos é de uma espantosa irracionalidade, própria de seres realmente dementes.
Analistas da pegada ecológica global da Terra, devido à conjunção das muitas crises existentes, nos advertem que poderemos conhecer, para tempos não muito distantes, tragédias ecológico-humanitárias de extrema gravidade.

É neste contexto sombrio que cabe atualizar e escutar a mensagem da Páscoa. Possivelmente não escaparemos de uma dolorosa sexta-feira santa. Mas depois virá a ressurreição. A Terra e a Humanidade ainda viverão.

sábado, 16 de abril de 2011

Óleo de planta ajuda a recuperar movimentos de vítimas de AVC



Jornal do Brasil - quarta-feira, 16 de março de 2011
por Viviane Paixão

Óleo de planta ajuda a recuperar movimentos de vítimas de AVC

O óleo essencial da Alpinia speciosa Schum, planta regional do Nordeste conhecida como 'Bastão do Imperador' e muito utilizada na fabricação de colônias para o candomblé, tem ação relaxante que ajuda na recuperação pacientes com o sistema nervoso lesionado por doença vascular encefálica, lesões de medula, paralisia cerebral, traumatismo crânio-encefálico, esclerose múltipla, entre outras enfermidades que atingem a via nervosa.
A descoberta, feita em Sergipe pela fisioterapeuta Edna Aragão Farias Cândido durante a conclusão do doutorado pela Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), já gerou patentes nacional e internacional.
Edna Aragão, que desenvolveu pesquisas no Centro de Fisioterapia da Universidade Tiradentes, em Aracaju (SE), avaliou quase mil grupos musculares e acompanhou 75 pacientes. Todos recobraram os movimentos. O caso mais significativo é o do lutador de jiu-jitsu sergipano João Alberto Alves, 31 anos.
Segundo a pesquisa, o óleo ajuda a recuperar músculos de pacientes com AVC Foto: Vivianne Paixão/Terra
Em 2007, Alves sofreu um acidente vascular encefálico após cirurgia para retirada da glândula tireoide. "Eu era independente e, de uma hora para outra, me vi precisando de ajuda para fazer tudo. Foi muito difícil", afirma o lutador que sequer levantava da cama, mas hoje usa o andador com facilidade e faz exercícios físicos.
Em uma situação patológica, por falta de controle do sistema nervoso central, os impulsos nervosos vindos da medula para o músculo ficam acentuados, causando espasticidade (espasmos) e, ao mesmo tempo, paralisia muscular. Em sua tese, a pesquisadora mostrou que o óleo atua nos canais de cálcio, responsáveis pela contração muscular. O excesso de cálcio promove a tensão do músculo. Sua normalização permite que o músculo contraia e relaxe normalmente, o que gera energia para novos movimentos.
Patentes
A pesquisa desenvolvida em Sergipe despertou o interesse da Hebron, fabricante de fitoterápicos com sede em Recife (PE) e relações comerciais em países como Estados Unidos, Cuba, África do Sul, Portugal e Áustria. A empresa cultivou a planta, forneceu matéria-prima para o tratamento dos pacientes sergipanos e financiou equipamentos para a avaliação dos resultados.
Foram investidos cerca de R$ 30 mil que renderam patentes nacional e internacional à empresa pernambucana e ao Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), centro de laboratórios instalado em Aracaju, onde Edna Aragão realizou os estudos sobre a ação da Alpinia.
O próximo passo da Hebron e do ITP é conseguir autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para industrializar e comercializar o óleo essencial. A expectativa é que isso aconteça em 2012.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Combata os sintomas da TPM com a ajuda dos alimentos

Combata os sintomas da TPM com a ajuda dos alimentos

17 março 2011  

Dor de cabeça, inchaço, dor nas mamas, ganho de peso e alterações no humor

A médica ortomolecular e nutróloga Liliane Oppermann dá dicas de alimentos que ajudam a combater a TPM.
  • Melancia – Esta fruta tem altas quantidades de magnésio, que em consequência das alterações hormonais do período é o nutriente mais perdido na TPM. Além disto, contém bastante água, diminuindo o inchaço.
  • Nozes e castanhas – Ricas em gorduras boas, as famosas ômegas 3 e 6, estas oleaginosas estão relacionadas à melhora do humor e ajudam na TPM, regularizando o desequilíbrio hormonal característico desta fase.
  • Leite e derivados – Ricos em cálcio, nutriente muito perdido nesta fase e que tem importância ímpar na sua saúde. De preferência, utilize os leite e iogurtes desnatados ou 0% de gordura. Quanto aos queijos, prefira os brancos. Estes são menos calóricos e podem ser comidos em maior quantidade!
  • Grãos – Ervilha, lentilha e feijões também aliviam os sintomas da TPM devido ao alto teor de carboidratos complexos e proteínas. Além disso, ajudam a regular os níveis de açúcar no sangue, estabilizando o humor e a ansiedade. A soja também é excelente, pois é fonte de estrogênio vegetal e alivia os sintomas.
  • Hortaliças verdes e laranjas – Couve, mostarda, brócolis, cenoura, pimentão e abóbora ajudam a reduzir a hipoglicemia e a regular o sangramento menstrual intenso, além da acne pré-menstrual.
  • Alimentos integrais – Arroz, pão e cereais integrais são ricos em vitamina B6, combatem o enjoo e a retenção de líquidos, além de colaborar com o bom funcionamento do intestino.
Opperman indica também que nesse período é bom reduzir a ingestão de cafeína, chocolates e alguns refrigerantes, pois a cafeína presente neles aumenta a ansiedade e a instabilidade emocional. “E o chocolate, além de ser calórico, retém líquido”, afirma Liliane.
É importante controlar a ingestão de sal e de alimentos ricos em sódio, como enlatados, embutidos, refrigerantes, temperos prontos e caldos de carne. Evite também as bebidas alcoólicas, pois geralmente provocam dores de cabeça, depressão e fadiga. Lembrando que a prática de exercícios físicos também colabora com o controle dos sintomas na TPM.
Fontes: Expresso MT – www expressomt com br / O que eu tenho?/Uol

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Núcleo de Conciliação das Varas se Família irá promover programa de reconhecimento de paternidade dentro das escolas

Considero a iniciativa exposta no artigo abaixo uma prova cabal de mudança dos tempos. 

Após o advento da pílula, recaiu sobre a mulher a responsabilidade pela gravidez não planejada. A camisinha, de utilização masculina chegou para ficar, mas o quadro não mudou, e a mulher continuou arcando com o ônus da culpa.

Ao serem obrigados a tomar sobre si a responsabilidade sobre seus atos, sem ter uma sociedade que os proteja através de discriminação da mulher, os homens certamente pensarão mais vezes antes de manterem relacionamento extraconjugal, ou se relacionarem com quem não almejam constituir família, pelo menos sem preservativo. Afinal a era da impunidade acabou para eles, e filhos abandonados não serão mais prova de virilidade, mas de canalhice e irresponsabilidade.

Quem ganha com isso é a sociedade que será composta por crianças mais amadas e amparadas por suas mães e por seus pais também, além da diminuição significativa de doenças sexualmente transmitidas que o uso do preservativo proporciona! 

30% de crianças sem pai nas escolas públicas é um índice indecente e alarmante para o nosso estado!!!

 Parabéns aos autores do projeto.

Umaia

Núcleo de Conciliação das Varas se Família irá promover programa de reconhecimento de paternidade dentro das escolas.

gildo alves de carvalho filhoO Núcleo de Conciliação das Varas de Família do Estado Amazonas iniciará na semana que vem o programa “Meu Pai é Legal”, que visa promover o reconhecimento de paternidade de crianças matriculadas na rede pública de ensino. De acordo com estimativas da Vara de Família do Estado, ao menos 30% das crianças matriculadas na rede pública não possuem registro oficial de paternidade na certidão de nascimento. Para saber mais sobre o programa o blog conversou com o juiz coordenador do núcleo, Dr. Gildo Alves de Carvalho Filho. Confira a entrevista.
Blog - O que é o projeto?
Dr Gildo - O projeto, que deve virar programa, é denominado “Meu pai é legal”, numa alusão ao sentido jurídico do termo. Ele visa proporcionar aos alunos matriculados na rede pública de ensino, de inicio na cidade de Manaus, o reconhecimento oficial da paternidade.
Existe uma estimativa de que 30% desta população estudantil não possui reconhecimento paterno no registro. Então fizemos um convênio com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) para fazer esta abordagem por intermédio da escola, utilizando o calendário de reuniões com os pais.
Vamos até as escolas para oferecer atendimento jurídico e explicar os procedimentos. O atendimento será feito no Pólo Avançado da Vara de Família, que mantemos em parceria com a Ufam.
Blog - E porque vocês resolveram fazer esse trabalho nas escolas?
Dr Gildo - Primeiro porque temos a facilidade de encontrar todas as mães. Não teríamos como enviar intimação para cada uma delas, até porque também entendemos que é uma invasão de privacidade.
Essa é uma iniciativa que deveria ser da mãe, mas às vezes, por vários motivos elas não nos procuram. Então vamos com um discurso nos colégios, uma apresentação, para despertar nelas esta ânsia que deve estar adormecida.
O ambiente da escola é também bem menos tenso que o ambiente da justiça. Vamos conversar num lugar onde elas se sentem seguras, onde a vida delas e dos filhos estão ligadas e com pessoas que elas conhecem, como diretores e professores.
Blog - Quais serão as escolas beneficiadas pelo projeto?

Dr Gildo - O programa será iniciado pelas escolas do centro de Manaus, porque reúne um número grande de alunos, são 25 escolas.
Ainda não temos noção de qual será esta demanda. Temos que analisar isso para avaliar nosso poder de resposta.
Blog - E como será a abordagem, vocês vão falar diretamente com as mães?
Dr Gildo - Essa abordagem inicial será feita pela coordenação do programa nas escolas e depois a recepção destes pais que quiserem participar do programa será feita por acadêmicos de direito, serviço social e psicologia todos da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Estes profissionais serão capacitados para esta abordagem, pois ela terá que ser especial.
Vamos deixar as mães livres, eles poderão fazer o uso do serviço como desejarem. Já identificamos os alunos que não tem o reconhecimento de paternidade na certidão, mas a mãe precisa tomar esta iniciativa. O que faremos é informar e abrir espaço para a discussão.
Identificando o suposto pai ele será convidado a comparecer na coordenadoria e se ele voluntariamente resolver assumir a paternidade o documento será homologado imediatamente lá no Pólo Avançado, que funciona na antiga faculdade de direto na praça dos remedos.
Blog - E se o pão não comparecer, o que acontece?
Dr Gildo - Se ele não comparecer voluntariamente encaminharemos a situação para a defensoria pública, que irá propor uma ação judicial de investigação de paternidade, se assim a mãe desejar. Pois não vamos obrigar ninguém a fazer isso.
Dentro do processo, se não tiverem outras provas emitidas em direito presentes neste procedimento judicial, temos que recorrer a prova pericial, que é a prova de paternidade por DNA e esta prova tem um custo, pois o estado ainda não proporciona este exame gratuitamente. Neste caso temos que conversar e decidir quem paga pelo exame no caso de famílias economicamente carentes, que não terão como pagar, já que o exame custa R$ 450.
Se a mãe não quiser entrar com o processo, o filho terá que esperara até alcançar a maioridade para requerer a ação.
Blog - É comum que jovens adultos busquem este tipo de ação nas Varas de Família?
Dr Gildo - Não é tão comum quanto ações de reconhecimento de crianças, mas existe e recebemos ações deste tipo todos os dias.
Este jovem que procura o reconhecimento depois da maioridade o faz nem tanto pela ajuda financeira, mas para ter conhecimento de sua herança genética.
Blog - Vocês acreditam que esta ação trará benefícios práticos para estas crianças?
Dr Gildo - Há uma repercussão do ponto de vista sociológico, mas também de saúde pública. Se um destes alunos precisar de um transplante de órgão, por exemplo, é mais pessoa que pode ter um órgão compatível.
Os fatores que essa medida vai gerar são incalculáveis, imagine uma criança de 5 ou 6 anos começando a ter contato com o pai. Já é melhor que um adulto. Aumenta a auto-estima desta criança, melhora o rendimento dela na escola, vai melhorar o relacionamento dela com outras crianças. A expectativa não é simplesmente promover o reconhecimento de paternidade, mas levar cidadania e dignidade a estes alunos e suas famílias.
Blog - O trabalho tem data para ser finalizado?
Dr Gildo - Não, pois esta é uma demanda que não se acaba, todos os anos entram novas crianças sem o reconhecimento. O programa tem esta característica de perenidade, ele não vai terminar.
A esperança que temos é que os resultados sejam positivos e que possamos continuar. Até porque, a partir desta primeira etapa ficará mais fácil, pois os colégios já saberão para quem encaminhar as mães que chegaram ao colégio nesta situação.
Matéria: Rosana Villar de Souza
 

terça-feira, 12 de abril de 2011

Suécia tem cidade sem lixo

Suécia tem cidade sem lixo

Agência Fapesp - 12/04/2011
Suécia tem cidade sem lixo
Borás, a cidade sem lixo, mostra que progresso não precisa produzir sujeira. [Imagem: Wikimedia]
Em Borás, na Suécia, a maior parte dos resíduos sólidos gerados pela população de cerca de 64 mil habitantes é reciclada, tratada biologicamente ou transformada em energia (biogás), que abastece a maioria das casas, estabelecimentos comerciais e a frota de 59 ônibus que integram o sistema de transporte público da cidade.
Em função disso, o descarte de lixo no município sueco é quase nulo, e seu sistema de produção de biogás se tornou um dos mais avançados da Europa.
"Produzimos 3 milhões de metros cúbicos de biogás a partir de resíduos sólidos. Para atender à demanda por energia, pesquisamos resíduos que possam ser incinerados e importamos lixo de outros países para alimentar o gaseificador", disse o professor de biotecnologia da Universidade de Borás, Mohammad Taherzadeh.
Taherzadeh falou durante o encontro acadêmico internacional Resíduos sólidos urbanos e seus impactos socioambientais, realizado em São Paulo.
Promovido pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade de Borás, o evento reuniu pesquisadores das duas universidades e especialistas na área para discutir desafios e soluções para a gestão dos resíduos sólidos urbanos, com destaque para a experiência da cidade sueca nesse sentido.
Gestão de resíduos sólidos
De acordo com Taherzadeh, o modelo de gestão de resíduos sólidos adotado pela cidade, que integra comunidade, governo, universidade e instituições de pesquisa, começou a ser implementado a partir de meados de 1995 e ganhou maior impulso em 2002 com o estabelecimento de uma legislação que baniu a existência de aterros sanitários nos países da União Europeia.
Para atender à legislação, a cidade implantou um sistema de coleta seletiva de lixo em que os moradores separam os resíduos em diferentes categorias e os descartam em coletores espalhados em diversos pontos na cidade.
Dos pontos de coleta, os resíduos seguem para uma usina onde são separados por um processo óptico e encaminhados para reciclagem, compostagem ou incineração.
"Começamos o projeto em escala pequena, que talvez possa ser replicada em regiões metropolitanas como a de São Paulo. Outras metrópoles mundiais, como Berlim e Estocolmo, obtiveram sucesso na eliminação de aterros sanitários. O Brasil poderia aprender com a experiência europeia para desenvolver seu próprio modelo de gestão de resíduos", afirmou Taherzadeh.
Plano de Gestão de Resíduos Sólidos brasileiro
Em dezembro de 2010, foi regulamentado o Plano de Gestão de Resíduos Sólidos brasileiro, que estabelece a meta de erradicar os aterros sanitários no país até 2015 e tipifica a gestão inadequada de resíduos sólidos como crime ambiental.
Com a promulgação da lei, os especialistas presentes no evento esperam que o Brasil dê um salto em questões como a compostagem e a coleta seletiva do lixo, ainda muito incipiente no país.
De acordo com a última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 18% dos 5.565 municípios brasileiros têm programas de coleta seletiva de lixo. Mas não se sabe exatamente o percentual da coleta seletiva de lixo em cada um desses municípios.
"Acredito que a coleta seletiva de lixo nesses municípios não atinja 3% porque, em muitos casos, são programas pontuais realizados em escolas ou pontos de entrega voluntária, que não funcionam efetivamente e que são interrompidos quando há mudanças no governo municipal", avaliou Gina Rizpah Besen, que defendeu uma tese de doutorado sobre esse tema na Faculdade de Saúde Publica da USP em fevereiro.
Coleta seletiva e reciclagem
Na região metropolitana de São Paulo, que é responsável por mais de 50% do total de resíduos sólidos gerados no estado e por quase 10% do lixo produzido no país, estima-se que o percentual de coleta seletiva e reciclagem do lixo seja de apenas 1,1%.
"É um absurdo que a cidade mais importante e rica do Brasil tenha um percentual de coleta seletiva de lixo e reciclagem tão ínfimo. Isso se deve a um modelo de gestão baseado na ideia de tratar os resíduos como mercadoria, como um campo de produção de negócios, em que o mais importante é que as empresas que trabalham com lixo ganhem dinheiro. Se tiver reciclagem, terá menos lixo e menor será o lucro das empresas", disse Raquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP.
Nesse sentido, para Raquel, que é relatora da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre direitos humanos de moradia adequada, a questão do tratamento dos resíduos sólidos urbanos no Brasil não é de natureza tecnológica ou financeira, mas uma questão de opção política.
"Nós teríamos, claramente, condições de realizar a reciclagem e reaproveitamento do lixo, mas não estamos fazendo isso por incapacidade técnica ou de gestão e sim por uma opção política que prefere tratar o lixo como uma fonte de negócios", afirmou.
Produtos verdes
A pesquisadora também chamou a atenção para o fato de que, apesar de estar claro que não será possível viver, em escala global, com uma quantidade de produtos tão gigantesca como a que a humanidade está consumindo atualmente, as políticas de gestão de resíduos sólidos no Brasil não tratam da redução do consumo.
"O modelo de redução da pobreza adotado pelo Brasil hoje é por meio da expansão da capacidade de consumo, ou seja: integrar a população ao mercado para que elas possam cada vez mais comprar objetos. E como esses objetos serão tratados depois de descartados não é visto como um problema, mas como um campo de geração de negócios", disse.
Na avaliação de Raquel, os chamados produtos verdes ou reciclados, que surgiram como alternativas à redução da produção de resíduos, agravaram a situação na medida que se tornaram novas categorias de produtos que se somam às outras. "São mais produtos para ir para o lixo", disse.
Gaseificadores
Uma das alternativas tecnológicas para diminuir o volume de resíduos sólidos urbanos apresentada pelos participantes do evento foi a incineração em gaseificadores para transformá-los em energia, como é feito em Borás.
No Brasil, a tecnologia sofre resistência porque as primeiras plantas de incineração instaladas em estados como de São Paulo apresentaram problemas, entre os quais a produção de compostos perigosos como as dioxinas, além de gases de efeito estufa.
Entretanto, de acordo com José Goldemberg, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, grande parte desses problemas técnicos já foi resolvida.
"Até então, não se sabia tratar e manipular o material orgânico dos resíduos sólidos para transformá-lo em combustível fóssil. Mas, hoje, essa tecnologia já está bem desenvolvida e poderia ser utilizada para transformar a matéria orgânica do lixo brasileiro, que é maior do que em outros países, em energia renovável e alternativa ao petróleo", destacou.